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SBOC REVIEW

Papel da Temozolamida adjuvante em gliomas anaplásicos com ausência da codeleção 1p19q – Análise interina do estudo CATNON

Até recentemente o tratamento dos gliomas anaplásicos era baseado em uma ressecção máxima e segura seguido de radioterapia isolada. Em 2012, a atualização de dois grandes estudos avaliando a quimioterapia no tratamento adjuvante (EORTC 26951, RTOG 9402) mostrou que acréscimo de procarbazina, lomustina e vincristina (PCV) antes ou depois da radioterapia aumentou a sobrevida global e sobrevida livre de progressão, com maior benefício nos tumores com codeleção 1p19q. A ausência da coledeção 1p19q nos gliomas grau II e III confere um fator de pior prognóstico e pior resposta a quimioterapia.

O estudo CATNON* avalia o papel da temozolamida (TMZ) concomitante a radioterapia (RT) e adjuvante em pacientes portadores de glioma anaplásico com prognóstico desfavorável, ou seja, na ausência da codeleção 1p19q. Trata-se de um estudo fase III com desenho fatorial 2x2, onde 745 adultos recém-diagnosticado com glioma anaplásico sem codeleção 1p19q foram randomizados para RT isolada (59,4Gy) com ou sem TMZ adjuvante no esquema 200 mg/m2 D1-5 a cada quatro semanas por 12 ciclos ou quimiorradioterapia baseada em TMZ com ou sem TMZ adjuvante. Análise interina planejada com follow-up 27 meses mostrou uma sobrevida mediana de 41,1 meses no grupo com RT isolada e ainda não foi atingido nos pacientes que receberam TMZ adjuvante após radioterapia, com HR de 0,65 (95%IC, 0,45-0,93). No grupo que recebeu TMZ adjuvante após RT, a sobrevida livre de progressão foi 42,8 meses vs 19 meses para RDT isolada. Os resultados do braço submetido a quimiorradioterapia ainda não foram divulgados.

*van den Bent MJ e cols. Lancet. 2017. PMID: 28801186

Comentários: Baseado no estudo CATNON e dado a evolução desfavorável dos tumores sem codeleção 1p19q, o uso de TMZ adjuvante por 12 ciclos após radioterapia torna-se a melhor estratégia para este grupo. Aguardamos a análise do braço radioterapia concomitante a TMZ e os desfechos dos subgrupos de acordo com status molecular do IDH.

Daniel Marques, MD
Oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês – Unidade Brasília.