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SBOC REVIEW

Papel do Mammaprint® na decisão de quimioterapia adjuvante no câncer de mama inicial

A identificação de pacientes com câncer de mama inicial que não apresentam benefício com o uso de quimioterapia (QT) adjuvante é de extrema importância, pois evitaria que tais mulheres fossem expostas aos efeitos adversos relacionadas a essa terapia desnecessariamente.

Cardoso e cols publicaram recentemente os dados do estudo randomizado de fase 3  MINDACT. O estudo incluiu 6693 pacientes com câncer de mama inicial e foi desenhado para avaliar o papel da adição da assinatura gênica Mammaprint na seleção de pacientes candidatos a receber QT adjuvante. O risco de recorrência foi estimado pelas características clínico-patológicas, utilizando-se a ferramenta Adjuvant! Online ou pelas características moleculares, através do perfil de expressão de 70 genes incluídos no exame Mamaprint®. As pacientes com baixo risco clínico e molecular não receberam QT adjuvante, enquanto aquelas classificadas como de alto risco clínico e molecular receberam. Já as pacientes com resultados de risco discordantes (clínico x molecular) foram randomizadas para receber ou não QT adjuvante. O objetivo primário do estudo foi avaliar, especificamente no grupo de pacientes classificadas como de alto risco clínico e baixo risco molecular que não receberam QT adjuvante (n = 748), se o limite inferior do intervalo de confiança de 95% da taxa de sobrevida livre de metástases em 5 anos seria ≥ 92%. O estudo foi positivo: a taxa de sobrevida livre de metástases em 5 anos nesse grupo foi de 94,7% (IC 95% 92,5 – 96,2%). Entre as características clínico-patológicas nesse grupo, destacam-se: 93,8% estadio T1c-T2; 99,6% estadio N0-1; 64,2% grau histológico 2; 90,5% subtipo luminal HER2-negativo. Importantemente, o teste foi capaz de classificar como de baixo risco molecular 46.2% das mulheres classificada inicialmente como de alto risco clínico.

*Cardoso e cols. N Engl J Med. 2016 Aug 25;375(8):717-29. PMID: 27557300.

Comentário: O estudo valida o Mammaprint como uma ferramenta capaz de selecionar um subgrupo de pacientes com características clínico-patológicas classicamente tidas como de mau prognóstico, que podem ser poupadas da quimioterapia. Embora este estudo não tenha poder para avaliar o real benefício da quimioterapia nessa população, o impacto dessa terapia para os pacientes de baixo risco molecular é, na melhor das hipóteses, modesto.

Romualdo Barroso, M.D., Ph.D.

Médico Oncologista Clínico.

Posdoctoral Fellow no Dana-Farber Cancer Institute/Harvard Medical School.

Editor do SBOC Review.