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SBOC REVIEW

Pazopanib no tratamento do condrossarcoma mixóide extraesqueleto avançado: um estudo de fase 2 multicêntrico de braço único

Resumo do artigo:
Os condrossarcomas são sarcomas predominantemente de origem óssea, constituindo o terceiro tipo de sarcomas ósseos mais comuns depois de Osteossarcoma e Sarcomas de Ewing. O tratamento é basicamente cirúrgico devido à resistência à quimioterapia e radioterapia.

O condrossarcoma mixóide extraesqueleto constitui um subtipo raro de condrossarcoma, podendo se originar em qualquer parte do corpo, porém sendo mais frequente em partes moles. A translocação cromossômica mais comum é aquela em que o gene NR4A3 se funde com o EWSR1 e é também associada com melhor prognóstico em relação à translocação TAF15-NR4A3.

Trata-se de um subtipo de sarcoma resistente à quimioterapia com baixa taxa de resposta em estudos retrospectivos com antraciclina. O racional para o uso de terapia-alvo com anti-angiogênicos nesses condrossarcomas advém de análises retrospectivas demonstrando atividade do sunitinib em pacientes com condrossarcoma mixóide extraesqueleto avançado.

O presente estudo é de fase II, multicênctrico de braço único, analisando a coorte de condrossarcoma extraesqueleto irressecável ou metastático apenas que apresentavam o rearranjo NR4A3. Foram analisados 23 pacientes, sendo 81% virgens de tratamento sistêmico e 96% metastáticos. O objetivo primário era avaliar a resposta objetiva com pazopanib. Após seguimento de 27 meses, com uma média de 15 ciclos de pazopanib 800mg por dia, 22 pacientes foram avaliados para resposta objetiva. 4 pacientes (18%) tiveram resposta parcial e 16 com doença estável (73%). Os 4 pacientes com resposta parcial apresentavam a translocação NR4A3-EWSR1 considerada de melhor prognóstico.

Em análise de sobrevida global por intenção de tratamento, 23 pacientes foram incluídos, sendo a sobrevida média ainda não atingida e de 96% em 12 meses e 90% em 24 meses. A sobrevida livre de progressão média foi de 19 meses e não foi atingida pelo grupo de pacientes com resposta parcial. Não houve toxicidades graves e apenas 4% descontinuaram o pazopanib por toxicidade.


 

Pazopanib for treatment of advanced extraskeletal myxoid chondrosarcoma: a multicentre, single-arm, phase 2 trial. Stacchiotti S et al . Lancet Oncol 2019; 20: 1252–62.
Pazopanib no tratamento do condrossarcoma mixóide extraesqueleto avançado : um estudo fase 2 multicêntrico de braço único.


 

Comentários do editor:
Primeiro estudo fase II com pazopanib em um subtipo muito raro de condrossarcoma, demonstrando resposta objetiva e manutenção de resposta com baixa toxicidade. Estudos como este, analisando poucos subtipos de sarcoma específicos individualmente, apesar de pequenos, são importantes para nos auxiliar a tomar decisões de tratamentos em casos raros e complexos.

 

Editora:
Dra. Veridiana Pires de Camargo

Membro da SBOC; Oncologista Clínica Especialista em Sarcomas Ósseos e de Partes Moles e Tumores Cerebrais; Assistente do Grupo Diversos no ICESP; e Oncologista Clínica Titular da Clínica Oncostar - Hospital São Luiz Itaim e Morumbi.


Revisora:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.