Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Pembrolizumab versus quimioterapia em pacientes com câncer de pulmão do tipo não-pequenas células localmente avançado ou metastático, previamente não tratados, PD-L1-positivos (KEYNOTE-042)

Resumo do artigo:
Publicação do estudo Keynote 042 apresentado na plenária da ASCO de 2018 e que tem como autores dois importantes pesquisadores brasileiros.

KEYNOTE-042, um estudo fase III, randomizado, aberto conduzido em 1274 pacientes com câncer de pulmão do tipo não-pequenas células localmente avançado ou metastático (NSCLC) em primeira linha de tratamento sistêmico e com expressão de PD- L1 (tumor proportion score -TPS ≥ 1%). Pacientes com mutação ativadora no EGFR ou translocação do ALK eram excluídos. Pacientes foram randomizados para receber pembrolizumab 200mg ou doublet de platina conforme escolha do investigador (carboplatina AUC 5–6 mg/mL + paclitaxel 200mg/m² ou pemetrexed 500mg/m²). Os pacientes eram estratificados em região geográfica, performance status, histologia e TPS ≥50% vs 1–49%. Para análise central do PD-L1 foi empregado o PD-L1 IHC 22C3. O end point primário do estudo era sobrevida global na população TPS ≥ 50%, TPS ≥ 20% e TPS ≥ 1%. Sobrevida livre de progressão (PFS) e taxa de resposta (ORR) nos respectivos subgrupos eram desfechos secundários.

O estudo demonstrou benefício em sobrevida global em relação à quimioterapia padrão em todos os subgrupos. Para os tumores TPS ≥ 1% (população global do estudo), OS foi de 16.7 e 12.1 meses para os grupos pembrolizumab e quimioterapia, respectivamente (HR= 0.81, 95%CI= 0.71–0.93; P = .0036). No subgrupo TPS ≥ 20%, OS foi de 17.7 meses no grupo pembrolizumab e de 13.0 meses para o grupo quimioterapia (HR = 0.77, 95% CI = 0.64–0.92; P = .004). Já no subgrupo TPS ≥ 50%, o grupo experimental apresentou OS 20 meses contra 12.2 meses no grupo padrão (HR = 0.69, 95% CI = 0.56–0.85; P = .0006). Não houve diferença em PFS e ORR entre os braços (em avaliação hierárquica). Efeitos adversos de qualquer grau ocorrerem mais frequentemente no grupo que recebeu quimioterapia (90% x 63%). Um paciente no grupo pembrolizumab faleceu de pneumonite. O estudo evidenciou benefício em OS a favor do braço neoadjuvante (13,7 meses Vs 7,5 meses, HR 0,39 95% IC 0,17-0,94; p=0,04). No grupo neoadjuvante, foi identificado aumento de transcrição de genes relacionados à resposta a interferon-gama (P = 0.03) e a via de indução de células-T. Já no grupo adjuvante, assinaturas de proliferação do câncer e estimulo ao ciclo celular (P = 0.01).


Pembrolizumab versus chemotherapy for previously untreated, PD-L1-expressing, locally advanced or metastatic non-small-cell lung cancer (KEYNOTE-042): a randomised, open-label, controlled, phase 3 trial.
The Lancet. Published:April 04 2019DOI:https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32409-7
Pembrolizumab versus quimioterapia em pacientes com câncer de pulmão do tipo não-pequenas células localmente avançado ou metastático, previamente não tratados, PD-L1-positivos (KEYNOTE-042).


Comentários do editor:
- Estudo mostrou benefício em sobrevida global a favor do uso de pembrolizumab monoterapia em pacientes com NSCLC TPS ≥ 1% quando comparado a quimioterapia padrão baseada em platina. Benefício mais expressivo em pacientes com maior tumor proportion score (≥50%). 

- Os resultados deste estudo KEYNOTE-042 levaram a aprovação na última semana, pelo FDA, órgão de regulação norte-americano, de pembrolizumab nos pacientes com NSCLC III/IV sem mutação ativadora no EGFR ou translocação do ALK e TPS ≥ 1% em primeira linha de tratamento sistêmico.

- O CheckMate 026, que avaliou nivolumab, outro anti-PD1, em comparação a doublet de platina em primeira linha de tratamento de pacientes com NSCLC III/IV e expressão de PD-L1 ≥ 5%, não mostrou ganho em OS para o anticorpo monoclonal. Diferenças entre os dois estudo podem ter contribuído para as resultados discrepantes. No CheckMate 026 crossover ocorreu em 60% dos pacientes e no KEYNOTE-042 o crossover não foi permitido. Além disso, diferenças entre os anticorpos utilizados para avaliação de expressão de PDL-1 podem ser salientadas (28-8 Vs 22C3, respectivamente).

- Além disso, os estudos KEYNOTE-189 e KEYNOTE-407, mostraram superioridade em relação a OS e PFS para a combinação de pembrolizumab com um doublet de platina em comparação a apenas quimioterapia em primeira linha de câncer de pulmão metastático não-escamoso e escamoso respectivamente, independente da expressão de PD-L1. 

- Acredito que a primeira linha de tratamento sistêmico dos pacientes com NSCLC deva ser individualizada à luz destes novos estudos e da ausência de comparação direta entre imunoterapia combinada a quimioterapia ou imunoterapia como agente único. Pacientes com baixa expressão de PDL-1 (<50%) provavelmente devem se beneficiar mais da associação de anti-PD1 com quimioterapia. Entretanto, discussões devem ser realizadas envolvendo também as preferências dos pacientes.