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SBOC REVIEW

Pembrolizumabe versus quimioterapia em câncer esofágico avançado- estudo fase 3 randomizado (KEYNOTE-181)

Resumo do artigo:

Pacientes com câncer de esôfago metastático, após progressão a primeira linha com quimioterapia baseada em platina, têm opções com eficácia limitada e toxicidades elevadas.

Nesse estudo de fase III, aberto, multicêntrico, foram incluídos 628 pacientes com câncer de esôfago metastático (incluindo adenocarcinoma e carcinoma espinocelular) após progressão a primeira linha baseada em platina, ECOG 0 ou 1, durante 2015 a 2017. Das características dos pacientes vale ressaltar que a população era predominantemente de pacientes com carcinoma espinocelular (64%), com participação considerável de idosos (44%), 38% pacientes asiáticos, além da expressão de PD-L1 positiva em 35 % das amostras - que é avaliada através do anticorpo 22C3 pharmDx, através do escore combinado CPS (combined positive score) ≥ 10.

Pacientes foram randomizados (1:1) para receber pembrolizumabe 200 mg a cada 21 dias por até 2 anos ou quimioterapia de escolha do investigador (paclitaxel, docetaxel ou irinotecano). O estudo tinha 3 objetivos primários – sobrevida global mediana na população PD-L1 com CPS ≥ 10, na população com carcinoma espinocelular e na população geral.

Na análise final publicada no JCO em dezembro de 2020, foi visto que na população com PD-L1 positivo (CPS ≥ 10) houve aumento de sobrevida global mediana com uso de pembrolizumabe versus quimioterapia (9,3 vs 6,7 meses- HR 0,69) e sobrevida em 12m (respectivamente 43% vs 20,4%), com aumento de taxa de resposta objetiva de 21,5% vs 6,1%.

Na análise exploratória, no subgrupo CPS>10, a histologia de carcinoma espinocelular apresentou uma tendência de maior beneficio, porém, o estudo não tem poder suficiente para avaliar se há significância estatística entre as histologias.

Já na população com carcinoma espinocelular, na análise final, apesar de uma tendência de aumento de sobrevida global mediana com uso de pembrolizumabe (8,2 vs 7,1 meses, HR 0,78) não atingiu significância estatística. Assim como, na população geral, não houve beneficio em sobrevida global mediana.

Além disso, o uso de pembrolizumabe foi melhor tolerado com menor toxicidade G3-G5 em relação a quimioterapia (18,2% vs 40,9%), esta última com maior proporção de fadiga, diarreia e toxicidades hematológicas.

 

Randomized Phase III KEYNOTE-181 Study of Pembrolizumab Versus Chemotherapy in Advanced Esophageal Cancer. Kojima T, Shah MA, Muro K, et al. J Clin Oncol. 2020;38(35):4138-4148. doi:10.1200/JCO.20.01888.
Pembrolizumabe versus quimioterapia em câncer esofágico avançado- estudo fase 3 randomizado (KEYNOTE-181).

 

Comentário da avaliadora científica:

Este estudo comprova a eficácia com ganho de sobrevida e melhor perfil de toxicidade com uso de pembrolizumabe em 2a linha de carcinoma espinocelular e adenocarcinoma de esôfago metastático em população selecionada (CPS ≥ 10). Essa indicação já foi aprovada pelo ANVISA e incorporado na prática clínica.

Vale destacar que há também a aprovação pela ANVISA de nivolumabe em 2ª linha para carcinoma espinocelular de esôfago metastático (estudo ATTRACTION 3). Esse estudo avaliou o uso de nivolumabe versus taxanos em população exclusivamente com carcinoma espinocelular após progressão a 1a linha, demonstrando benefício na população geral, independente de PD-L1+ com ganho de sobrevida global semelhantes ao ganho apresentado nesse estudo. Importante ressaltar que PD-L1 era avaliado de forma diferente do estudo KEYONOTE 181: somente no tumor (e não o componente imune) e com anticorpos diferentes. A análise exploratória de subgrupos sugere maior beneficio para a população com PD-L1 positivo, que era 48% da população do estudo.

E, como perspectiva, com os estudos tentando incorporar imunoterapia de forma mais precoce, tanto após tratamento trimodal (CHECKMATE 577) ou em primeira linha associada a quimioterapia (KEYNOTE 590), possivelmente a indicação em segunda linha perderá espaço, mas atualmente já esta incorporada na prática clínica.

 

Avaliadora científica
Dra. Carolina Ribeiro Victor
Oncologista Clínica pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)
Oncologista clínica do ICESP e Oncologia D’Or (São Luiz Anália Franco - São Paulo)