SBOC REVIEW
Pertuzumabe e Trastuzumabe Adjuvantes no Câncer de Mama HER2-Positivo em Estágio Inicial no Estudo APHINITY: Terceira Análise Interina de Sobrevida Global com Atualização de Eficácia
Resumo do artigo:
O estudo APHINITY avaliou o uso de pertuzumabe adicionado a trastuzumabe e à quimioterapia adjuvante, o qual melhorou os resultados dos pacientes com câncer de mama positivo para o receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2+). O estudo mostrou que a adição de pertuzumabe melhorou a sobrevida livre de doença invasiva (iDFS) nos primeiros anos de tratamento para pacientes com câncer de mama HER2+ precoce.
O APHINITY é um estudo randomizado, fase III, controlado por placebo, duplo cego, multicêntrico, em que os pacientes foram randomizados para receber um ano de placebo ou pertuzumabe, além de trastuzumabe para todos os pacientes associado com quimioterapia com ou sem antraciclina. Nesta análise interina, pré-planejada, foi avaliada a sobrevida global (OS) em 8,4 anos de seguimento.
O estudo tinha como desfecho primário sobrevida livre de doença invasiva (iDFS) e, dentre os desfechos secundários, a Sobrevida Global (OS). Em resumo, 63% dos pacientes tinham linfonodos axilares histologicamente positivos, 36% eram tumores negativos para receptores hormonais e 78% receberam quimioterapia adjuvante a base de antraciclinas.
Após o acompanhamento médio de 8,4 anos, a OS de 8 anos no grupo com intenção de tratar (ITT), hazard ratio (HR) 0,83 (IC 95%, 0,68 – 1,02) foi de 92,7% no grupo do pertuzumabe, e 92,0% no grupo placebo. Na população com linfonodo positivo o HR foi 0,80 (IC 95%, 0,63 – 1,00) a OS de 8 anos foi de 91,1% versus 89,2%. No coorte de pacientes com linfonodo negativo, não houve diferença.
Em relação ao desfecho primário, sobrevida livre de doença invasiva (iDFS), os dados foram consistentes com os resultados anteriores no acompanhamento mediano de 3 e 6 anos, mantendo o benefício no coorte do grupo com linfonodo positivo, com uma melhora absoluta de 4,9%. Na iDFS ao longo de 8 anos (86,1% com pertuzumabe versus 81,2% com placebo; (HR) de 0,72), esse benefício se manteve na análise exploratória quando foi avaliado o status do receptor hormonal (RH), que foi benéfico tanto para RH positivo quanto RH negativo.
O estudo APHINITY não mostrou ganho significativo de OS após 8,4 anos de seguimento com adição do pertuzumabe, a despeito de corroborar com a melhora sustentada de iDFS nessa análise provisória para pacientes linfonodo positivo, independente do status hormonal. Enquanto para aqueles com linfonodo negativo, o tratamento padrão sem o pertuzumabe pode ser suficiente. Esse acompanhamento continua para análise final da OS.
É importante destacar que não foi observado aumento significativo na toxicidade cardíaca associado ao uso de pertuzumabe ao longo do tempo, o que reforça seu uso seguro no cenário adjuvante.
Pacientes com câncer de mama inicial, HER2 positivo, que receberam quimioterapia e uma terapia anti-HER2, contendo trastuzumabe com ou sem pertuzumabe, tem baixa taxa de mortalidade, confirmando uma excelente sobrevida global, com baixa toxicidade cardíaca tardia, o que garante o esquema de tratamento do APHINITY como sendo uma recomendação clínica razoável e segura.
Por fim, essa terceira análise interina, a adjuvância com pertuzumabe e trastuzumabe, continua sendo o esquema padrão para tratar pacientes com câncer de mama HER2 positivo com linfonodo positivo, independente do status hormonal.
Comentário do avaliador científico:
O estudo APHINITY investigou a eficácia do tratamento adjuvante com pertuzumabe e trastuzumabe em pacientes com câncer de mama inicial HER2 positivo. Com um seguimento médio de 8,4 anos, os resultados corroboram análises anteriores de 3 e 6 anos, destacando que o benefício da adição do pertuzumabe se manifesta principalmente em pacientes com linfonodos afetados. Isso sugere uma resposta mais robusta nos pacientes de maior risco, apesar desta análise interina não mostrar ganho de sobrevida global, apenas ganho de iDFS nesse grupo.
Essa evidência reforça a importância da estratificação do tratamento com base na condição linfonodal, orientando decisões clínicas e personalizando a terapia para maximizar os resultados. Além disso, os dados de longo prazo são cruciais para avaliar a segurança e a eficácia sustentada do tratamento, fornecendo uma base sólida para diretrizes futuras.
A análise dos dados também suporta a ideia de que, embora o tratamento combinado ofereça um benefício significativo, a seleção cuidadosa de pacientes é fundamental para otimizar as intervenções e evitar tratamentos desnecessários em subgrupos que possam não se beneficiar da adição do pertuzumabe.
Citação: Loibl S, Jassem J, Sonnenblick A, Parlier D, Winer E, Bergh J, et.al. Adjuvant Pertuzumab and Trastuzumab in Early Human Epidermal Growth Factor Receptor 2-Positive Breast Cancer in the APHINITY Trial: Third Interim Overall Survival Analysis With Efficacy Update. J Clin Oncol. 2024 Nov;42(31):3643-3651. doi: 10.1200/JCO.23.02505.
Avaliador científico:
Dra. Fabiana Rocha Brito
Oncologista clínica pelo Hospital da Baleia – Belo Horizonte/MG
Oncologista clínica no Serviço de Oncologia da Unimed – Palmas/TO
Instagram: @dra.fabiana.oncologista
Cidade de atuação: Palmas/TO