SBOC REVIEW
Pneumonite em pacientes tratados com imunoterapia
O advento do uso dos bloqueadores de correceptores imunes (BCI) trouxe à tona consigo um então desconhecido grupo de eventos adversos imuno- relacionados. Estes eventos são incomuns, mas podem ser graves e podem acometer praticamente qualquer órgão, mesmo aqueles considerados imuno-privilegiados, como o olho e o cérebro. Dentre estes, a pneumonite se destaca pela possibilidade de desfecho fatal.
Recentemente, Naido e cols publicaram os dados sobre a ocorrencia de pneumonite em coorte de 915 pacientes tratados com bloqueadores de PD-1/PD-L1 combinado ou não a agentes anti-CTLA-4. A frequência global de pneumonite foi de 5%. Destaca-se o pleiotropismo de manifestações clínicas, radiológicas e patológicas. Pacientes tabagistas e com doença pulmonar pré-existente apresentaram pior desfecho. A maioria apresentou melhora clínica e destes, 28% foram expostos ao tratamento novamente. Vale ressaltar que o diagnóstico preciso é uma desafio diante dos diversos fatores de confusão como infecção e progressão tumoral.
Naido J e cols. J Clin Oncol. 2017 Mar;35(7):709-717. PMID: 27646942
Comentário: Apresentações mais graves de pneumonite foram relatadas em apenas 1% dos casos, porém 42% (5/13) com desfecho letal a despeito do uso de corticoide intravenoso, terapia anti-TNF e de outros imunossupressores. A fisiopatologia e o adequado tratamento destes eventos precisam ser melhor estudados. Vigilância ativa, diagnóstico e tratamento precoce ainda são as melhores armas.
Fernando Costa Santini, MD.
Fellow avançado de Oncologia Clínica , Memorial Sloan Kettering Cancer Center, Nova York, EUA
Médico assistente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e Hospital Sírio-Libanês
Residência de Oncologia Clínica pelo Hospital Sírio-Libanês
Residência de Hematologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro