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SBOC REVIEW

Preservação de órgão para câncer retal (GRECCAR 2), um estudo randomizado de fase III aberto e multi-cêntrico

O tratamento padrão para o câncer retal com estádios T>2 ou N+ envolve a quimiorradiação neo-adjuvante seguida da cirurgia com excisão total do mesorreto (ETM). Coortes institucionais prospectivos e análises retrospectivas sugerem que pacientes que respondem ao tratamento neo-adjuvante podem ser candidatos a preservação do reto com o acompanhamento observacional ("watch-and-wait") ou com a ressecção local  (RL) transendoscópica da lesão residual.

Um estudo de fase III aberto com participação de 15 centros franceses especializados incluiu 186 pacientes com T2-3 até 4cm de topografia retal inferior (até 8 cm da margem anal) sem infiltração do esfíncter para receberem a quimiorradiação padrão. Os pacientes com boa resposta clínica definidos por lesão ou cicatriz residual <2cm sem componente infiltrativo profundo ou vegetativo foram randomizados antes da cirurgia para ETM (n=71) vs. RL (n=74). O objetivo primário do estudo foi um desfecho composto por parâmetros oncológicos e de morbidade: morte, recorrência (local ou sistêmica), morbidade cirúrgica maior e complicações medidos após 2 anos da randomização, sendo  o desfecho dimensionado para encontrar uma superioridade favorável ao braço experimental. Eventos compativeis do desfecho primário ocorreram em 74 dos 145 pacientes randomizados, sendo em 41 (53%) dos 73 pacientes do grupo RL e 33 (48%) dos 69 pacientes do grupo ETM inicial (p=0,33). Após seguimento mediano de 36 meses, houve apenas 8 recorrências locais, sendo 2 após ETM primária, 5 após ELT e 1 em paciente que recusou a cirurgia, sem diferença estatística entre os grupos.   

Rullier E e cols. Lancet. 2017 Jun 7. pii: S0140-6736(17)31056-5. PMID: 28601342

Comentários: Considerando o desfecho primário o estudo falhou em demonstrar a superioridade da ELT sobre ETM. No entanto, os dados reforçam a idéia de preservação de órgão em câncer retal pois não houve diferença entre os braços em recorrência local e sobrevida livre de doença após seguimento de três anos.

Markus Gifoni, MD, MSc, PhD.
Oncologista Clínico do Fujiday Oncologia D'Or e do Oncocentro Hospital São Carlos em Fortaleza
Médico graduado pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Residência de Clínica Médica no HC-FMUSP e residência de Oncologia Clínica no AC Camargo Cancer Center. MSc. em Farmacologia pela UFC. PhD em Cancerologia pela Fundação Antônio Prudente.