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SBOC REVIEW

Prostatectomia radical, radioterapia externa ou radioterapia externa associada a reforço de dose (boost) com braquiterapia no câncer de próstata Gleason 9-10

Historicamente, radioterapia externa é o tratamento mais estudado para pacientes com câncer de próstata (Cap) Gleason 9-10. No entanto, o tratamento ideal nesse cenário ainda precisa ser melhor estudado. Recentemente, Kishan e cols. publicaram os resultados de um estudo retrospectivo e multicêntrico cujos objetivos foram determinar os desfechos de mortalidade próstata específica, sobrevida livre de metástase e sobrevida global em paciente com Cap Gleason 9-10 tratados com prostatectomia radical (PR), radioterapia externa e deprivação androgênica (RT) e radioterapia externa associada a boost com braquiterapia e deprivação androgênica (RT+BT).

Ao todo, o estudo inclui 1.809 homens (mediana de idade 61-67,7 anos): 639 tratados com PR, 734 com RT e 436 com RT+BT. Com um seguimento mediano de 4,2, 5,1 e 6,3 anos, respectivamente para PR, RT e RT+BT, o estudo demonstrou que:

(1) As taxas ajustadas em cinco anos de mortalidade câncer específica foram 12% para PR, 13% para RT e interessantemente 3% para RT+BT. Houve uma diminuição significativa no risco de morte para o grupo RT+BT versus PR (HR 0,38 [95%CI, 0.21-0.68]) ou RT (HR 0,42 [95%CI, 0.24-0.71]);

(2) As taxas ajustadas em cinco anos de incidência de metástase foram 24% para PR, 24% para RT e 8% para RT+BT, novamente com diminuição significativa no grupo RT+BT;

(3) As taxas ajustadas em 7,5 anos de mortalidade global foram 17% para PR, 18% para RT e 10% para RT+BT. Assim, o grupo RT+BT associou-se a menores taxas de mortalidade global em 7,5 anos quando comparado a PR (HR 0,66 [95%CI, 0.46-0.96]) ou RT (HR 0,66 [95%CI, 0.46-0.96]);

(4) Finalmente, não houve diferença significativa em mortalidade câncer específica, desenvolvimento de metástase e mortalidade global quando comparados RP versus RT.

Kishan AU e cols. JAMA. 2018 Mar 6;319(9):896-905.PMID: 29509865

Comentários: Esses resultados provocativos fortalecem o papel da radioterapia e, em especial, escalonamento de dose com deprivação androgênica curta nesse grupo de pacientes (Gleason 9-10) que apresentam alto risco de doença sistêmica. Vale salientar que esse estudo apresenta diversos bias inerentes dos estudos retrospectivos e que, apesar de tratamento estatístico, não podem ser totalmente eliminados.

Fabio Ynoe de Moraes, MD, PhD (Cand.)
Radio-oncologista do Departamento de Radio-oncologia da Universidade de Toronto / Princess Margaret Cancer Centre, Toronto, Canadá, consultor para Cochrane Clinical Answers, Cochrane Collaboration London, UK, coordenador de Radio-oncologia do Programa GlobalRT