SBOC REVIEW

Cerca de 40% dos diagnósticos de câncer de pulmão são realizados em pacientes acima de 70 anos. Até o momento, o uso de agentes citotóxicos representa o pilar central do tratamento para muitos destes pacientes sem mutações ativadoras. A despeito de sua importância na prática clínica, esta população está sub representada nos ensaios clínicos randomizados (ECR), levando a uma escassez de informações sobre eficácia e segurança dos principais regimes utilizados no tratamento da população adulta.
Estes fatores nos levaram a realizar uma revisão sistemática da literatura e metanálise com objetivo de avaliar os resultados de eficácia e segurança de diferentes esquemas de tratamento. Foram incluídos ECR que permitissem a comparação entre (a) monoterapia não-platina versus combinação não-platina e (b) tratamento não-platina versus combinação baseada em platina. Nossos resultados sugeriram um benefício em sobrevida global (SG) (HR:0,76, 95%IC 0,69-0,85), sobrevida livre de progressão (SLP) (HR:0,76, 95%IC 0,61-0.93) e taxa de resposta (TR) (RR:1,57, 95%IC 1,32-1.85) associados a combinações baseada em platina quando comparado a esquemas não-platina, apontando ainda para maior beneficio em SG para as combinações contendo carboplatina. O uso destas combinações, no entanto, deve ser contrabalanceado com o maior risco de toxidade graus 3 ou mais. Para comparação monoterapia não-platina versus combinação não-platina, encontramos apenas ganho em TR associado ao grupo da combinação, sem impacto em SLP ou SG.

*Santos e cols. JAMA Oncol 2016; PMID: 27468123

Comentários: Nossa revisão sugere que o benefício das combinações baseadas em platina é semelhante entre jovens e idosos. Entretanto, como a população geriátrica é heterogênea em relação a comorbidades e síndromes geriátricas, o uso de doublets de platina deve ser avaliado a luz de julgamento clínico criterioso.

Fabio Nasser Santos, MD, PhD.
Oncologista clínico Fujiday e Oncocentro / Hospital São Carlos – Fortaleza-CE.