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SBOC REVIEW

Quimioterapia intraperitoneal hipertérmica em câncer de ovário

Câncer de ovário tem a maior taxa de mortalidade de todos os tumores ginecológicos, principalmente porque as pacientes são diagnosticadas, em sua maioria, com comprometimento peritoneal. Estratégias para otimizar o controle da doença no peritônio, como uso de quimioterapia intraperitoneal associada aos ciclos de quimioterapia endovenosa, têm sido estudadas há tempos, com bons resultados, mas com toxicidades de difícil manejo, relacionadas principalmente ao uso de cateteres intraperitoneais, restringindo seu uso.

Uma alternativa à aplicação em ciclos de quimioterapia intraperitoneal (IP) é a aplicação da quimioterapia hipertérmica intraperitoneal (HIPEC) no momento da cirurgia de citorredução. A adição da hipertermia pode aumentar a sensibilidade à quimioterapia e ter efeito citotóxico.

O estudo fase III randomizado recentemente publicado no NEJM mostrou benefícios com essa estratégia. Incluiu 245 pacientes, não candidatos a citorredução primária, após três ciclos de quimioterapia neoadjuvante com carboplatina AUC 5 ou 6 mais paclitaxel 175 mg/m2, com pelo menos doença estável. As pacientes foram para cirurgia de citorredução de intervalo. Aquelas com citorredução completa ou menor de 1 cm eram randomizadas no intraoperatório para receberem ou não cisplatina 100 mg/m2 IP hipertérmica. Mais três ciclos de quimioterapia com carboplatina e paclitaxel eram administrados no pós-operatório. O objetivo primário do estudo era sobrevida livre de recorrência. Sobrevida global e eventos adversos eram os objetivos secundários. A sobrevida livre de recorrência foi de 10,7 meses para o grupo sem HIPEC e 14,2 meses para o grupo que recebeu HIPEC (p 0.003). A sobrevida global foi 33,9 meses no grupo sem HIPEC e 45,7 meses no grupo com HIPEC (p 0.02). Não houve diferença em eventos adversos grau 3 e 4 entre os dois grupos.

Sonke et al. N Engl J Med 2018 Jan;378. PMID:29342393

Comentário: O benefício robusto da HIPEC de 11,8 meses em sobrevida global, em pacientes com doença extensa, não candidatos a citorredução primária, com um padrão de toxicidade aceitável mostram uma nova perspectiva de tratamento que deve ser melhor avaliada em outros estudos fase III, podendo no futuro indicar um novo padrão de tratamento dessas pacientes.

Dra. Daniela de Freitas
Oncologista clínica
Médica titular do Departamento de Oncologia Clínica do Hospital Sírio-Libanês
Médica assistente do Departamento de Oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo