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SBOC REVIEW

Rastreio de câncer colorretal através da pesquisa de DNA livre circulante

Resumo do artigo:

O câncer colorretal é o terceiro câncer mais diagnosticado em adultos nos Estados Unidos, com risco de incidência, ao longo da vida, de aproximadamente 4%. A detecção precoce do câncer colorretal tem impacto em sobrevida global: a sobrevida em 5 anos é de 91% entre os pacientes diagnosticados com doença localizada, em contraste com apenas de 14% naqueles com doença metastática. O diagnóstico precoce poderia prevenir mais de 90% das mortes relacionadas a esse tumor, porém somente 59% das pessoas com idade de 45 anos ou mais são aderentes aos exames de rastreio, apesar dos múltiplos testes disponíveis. Além disso, 76% das mortes relacionadas ao câncer colorretal ocorrem em pessoas que não estão em dia com a triagem. Um exame de sangue de rastreio tem o potencial de melhorar a adesão ao rastreamento, detectar o câncer colorretal mais precocemente e, consequentemente, reduzir sua mortalidade.

Este estudo, prospectivo, observacional, publicado recentemente no New England Journal of Medicine, avaliou o desempenho de um teste de DNA livre circulante no sangue (cfDNA) em uma população de 7.861 pessoas elegíveis para rastreamento de câncer colorretal. Os desfechos coprimários foram sensibilidade para câncer colorretal (limite inferior do intervalo de confiança aceitável acima de 65%) e especificidade para neoplasia avançada, que inclui câncer colorretal ou lesões pré-neoplásicas avançadas (limite inferior do intervalo de confiança aceitável acima de 85%), em relação à colonoscopia de rastreamento na população de risco habitual (idade entre 45 a 84 anos). O desfecho secundário foi a sensibilidade para detectar lesões pré-cancerosas avançadas. Tais lesões foram definidas como adenoma avançado (adenoma tubular ≥10 mm na maior dimensão, adenoma de qualquer tamanho com características vilosas, displasia de alto grau ou carcinoma in situ) ou lesões sésseis serrilhadas com pelo menos 10 mm na maior dimensão.

Um total de 54 de 65 dos participantes (83,1%) com câncer colorretal detectado por colonoscopia apresentaram teste de cfDNA positivo e 16,9% tiveram um teste negativo, o que indica uma sensibilidade para detecção de câncer colorretal de 83,1% (IC 95%, 72,2 – 90,3). A sensibilidade para câncer colorretal nos estágios I, II ou III foi de 87,5% (IC 95%, 75,3 – 94,1). A sensibilidade conforme o estágio teve uma tendência maior nos casos de câncer mais avançado, no entanto, a pequena amostra não permitiu uma comparação formal.

Entre os participantes sem qualquer neoplasia colorretal avançada identificada na colonoscopia (câncer colorretal ou lesões pré-neoplásicas avançadas), 89,6% tiveram teste de sangue cfDNA negativo, enquanto 10,4% apresentaram um teste positivo, demonstrando uma especificidade para qualquer neoplasia avançada de 89,6% (IC 95%, 88,8 – 90,3). A especificidade do teste para colonoscopia negativa (sem câncer colorretal, lesões pré-cancerosas avançadas ou lesões pré-cancerosas não avançadas) foi de 89,9% (IC 95%, 89,0 – 90,7).

A sensibilidade do teste para lesões pré-neoplásicas avançadas foi somente de 13,2% (IC 95% 11,3 – 15,3).

 

Comentário do avaliador científico:

Os testes de rastreio de câncer colorretal podem melhorar o prognóstico da doença, identificando a doença em fase inicial ou detectando e removendo pólipos pré-malignos antes de progredirem para neoplasia invasiva. Porém, mais de um terço da população elegível para triagem não são aderentes aos exames. Assim, há uma necessidade de testes de rastreio para câncer colorretal mais fáceis, que aumentem sua adesão. A incorporação de um exame de sangue de rastreio proporcionaria uma opção relativamente simples, melhorando a aderência da população.

Além da validade clínica e da eficácia, os testes de rastreio devem ser aceitáveis, acessíveis e centrados na pessoa, a fim de alcançar a participação máxima, aspecto crucial para proporcionar benefício populacional. Também é importante destacar que uma estratégia de triagem que utiliza testes não invasivos requer adesão ao teste e à colonoscopia diagnóstica naqueles com exames de rastreio positivos.

Ainda há poucas evidências da eficácia do rastreamento com marcadores plasmáticos ou séricos na redução do risco de morte por câncer colorretal. O teste de DNA livre circulante no sangue (cfDNA) se mostrou útil principalmente na detecção do câncer mais avançado, porém com baixa sensibilidade para lesões pré-malignas.

 

Citação: Chung DC, Gray DM 2nd, Singh H, Issaka RB, Raymond VM, Eagle C, Hu S, Chudova DI, Talasaz A, Greenson JK, Sinicrope FA, Gupta S, Grady WM. A Cell-free DNA Blood-Based Test for Colorectal Cancer Screening. N Engl J Med. 2024 Mar 14;390(11):973-983. doi: 10.1056/NEJMoa2304714

 

Avaliador científico:

Ana Carolina Silva Barbosa

Oncologista clínica pelo Hospital Felício Rocho em Belo Horizonte/MG

Fellowship em Oncologia Clínica – A Beneficência Portuguesa de São Paulo

Atuando como Oncologista Clínica no grupo Oncoclínicas em Brasília/DF.

Cidade de atuação: Brasília/DF.