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SBOC REVIEW

Resposta imune a duas e três doses da vacina BNT162b2 mRNA em adultos com tumores sólidos

Resumo do artigo:

O referido estudo contou com duas etapas: a primeira observacional, que consistia em avaliar imunologicamente a resposta à vacina BNT162b2 em 2 populações: uma portadora de neoplasia solida em tratamento oncológico sistêmico (sendo excluídos pacientes em imunoterapia) e a outra população saudável. Foram selecionados 53 participantes portadores de neoplasia sólida em tratamento imunossupressor, todos advindos do University of Arizona Cancer Center. Os outros 50 participantes hígidos foram selecionados do ponto de distribuição das vacinas BNT162b2 no estado do Arizona.

Dentre os pacientes oncológicos avaliados, os mesmos apresentavam câncer esofagogástrico, pancreático, vias biliares, colorretal, mama, sarcoma e câncer de ovário e estavam em uso de quimioterápicos e/ou terapia alvo molecular.

O estudo teve como desfecho primário análise quantitativa de anticorpos contra COVID-19 após a primeira e segunda dose da vacina BNT162b2 e como secundário, a avaliação de outros marcadores imunes, tais como linfócitos T.

A segunda etapa do estudo consistiu em arrolar pacientes oncológicos da primeira fase para receber a terceira dose da vacina BNT162b2 e avaliar os mesmos critérios já supracitados – nesta etapa intervencionista, apenas 20 permaneceram no estudo. Até o momento da publicação do artigo, o estudo encontrava-se em fase I.

Os pacientes oncológicos apresentaram baixos índices de anticorpos e aumento sútil em resposta de células T após a primeira dose da vacina em comparação aos hígidos (p<0,0001), dados que corroboram estudo anterior realizado com população transplantada. Por outro lado, após a segunda dose da vacina, os níveis de linfócitos T no grupo oncológico aproximou-se do grupo controle, a despeito de permanecer um pouco abaixo (p=0,03). Foi visto ainda que a maioria dos pacientes oncológicos obtiveram resposta imune no que tange aos anticorpos após a primeira dose da vacina, que foi ampliada logo em seguida a segunda dose.

Por sua vez, a etapa intervencionista mostrou que a terceira dose do imunizante BNT162b2 produziu um aumento nos títulos de anticorpos (p=0,0005) – mesmo naqueles que não apresentaram resposta imunológica após a segunda dose.

 

Immune responses to two and three doses of the BNT162b2 mRNA vaccine in adults with solid tumors. Shroff et. Al. Nature Medicine 2021 Nov; 2002-2010.doi:10.1038/s41591-021-01542-z.
Resposta imune a duas e três doses da vacina BNT162b2 mRNA em adultos com tumores sólidos.

 

Comentário da avaliadora científica:

As vacinas BNT162b2 mRNA contemplam dois exemplares, a da Moderna e da Pfizer/BioNTech, sendo a última amplamente utilizadas na imunização brasileira contra a COVID-19. A população oncológica, especialmente aqueles em vigência de tratamento imunossupressor, sempre foi alvo de preocupação no contexto da pandemia por Sars-CoV-2, fazendo-se mister estudos mostrando a eficácia da vacinação destes pacientes.

Mais vulnerável ao vírus, com índices de mortalidade 10 a 30 vezes superior a população geral, a vacina BNT162b2 mostrou-se não apenas segura como efetiva em pacientes sob tratamento oncológico imunossupressor, principalmente após a dose de reforço (terceira dose) ratificando ainda mais sua importância no contexto pandêmico.

Fica claro, portanto, através destes resultados encorajadores, que todo paciente oncológico, mesmo aqueles com tratamento citotóxico em curso, deve atualizar seu calendário vacinal e receber as três doses da vacina contra a COVID-19. Vale ressaltar que este estudo não incluiu pacientes tratados com imunoterapia e tumores hematológicos.

 

Avaliadora científica:

Dra. Barbara Medeiros
Oncologista clínica pela Faculdade de Medicina do ABC
Oncologista clínica da Rede Intermédica NotreDame e Prevent Senior