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SBOC REVIEW

Resultados de 4 anos do estudo CheckMate 238: estudo randomizado de fase 3, multicêntrico, controlado, comparando nivolumabe e ipilimumabe adjuvante em melanoma ressecado estádios IIIB-C e IV

Resumo do artigo:

Resultados preliminares do estudo CheckMate 238 já demonstravam ganho de sobrevida livre de progressão e sobrevida livre de metástase a distância em pacientes com melanoma estádio IIIB–C ou IV ressecados tratados em adjuvância com nivolumabe quando comparados a ipilimumabe. Os autores apresentaram agora atualização de 4 anos deste estudo, que envolveu 906 pacientes, de 130 centros em 25 países. Pacientes em ECOG 0-1 foram randomizados para receber (1:1) nivolumabe 3 mg/Kg a cada 2 semanas por 1 ano, ou ipilimumab 10 mg/Kg a cada 3 semanas por 4 doses, e depois a cada 12 semanas até 1 ano. Todos os pacientes que receberam pelo menos uma dose de tratamento foram incluídos na análise de segurança. Os resultados atuais apresentam o seguimento de 51 meses dos dados recrutados em 2015, com cut-off em 30/01/20.

A sobrevida livre de progressão (SLP), desfecho primário do estudo, foi de 51,7% com nivolumabe e 41,2% com ipilimumabe (HR 0,71; IC 95% 0,60–0,86, p=0,0003), confirmando o benefício já observado previamente. Na análise exploratória houve também ganho de sobrevida livre de metástase a distância a favor do nivolumabe (59% versus 53%, HR 0,79; IC 95% 0,63–0,99). Em relação a sobrevida global, vale ressaltar que foram observados apenas 211 dos 302 óbitos esperados (o que representa 73% dos originais 88% planejados para o poder estatístico necessário), com taxas de sobrevida global comparáveis nos dois grupos, sendo 78% com nivolumabe e 77% com ipilimumabe (HR 0,87; IC 95% 0,66-1,14, p=0,315). Toxicidades graus 3 e 4 foram reportadas em 1% dos pacientes com nivolumabe e 2% com ipilimumabe, com dois óbitos já relatados previamente associados ao ipilimumabe (por aplasia de medula e colite). A ocorrência de interrupção do tratamento por efeitos adversos foi significativamente menor no grupo tratado com nivolumabe (4%) quando comparado a ipilimumabe (30%), bem como menor necessidade de tratamentos subsequentes (33% com nivolumabe e 42% com ipilimumabe).

 

Adjuvant nivolumab versus ipilimumab in resected stage IIIB–C and stage IV melanoma (CheckMate 238): 4-year results from a multicentre, double-blind, randomised, controlled, phase 3 trial. Paolo Ascierto et al. Lancet Oncol September 19, 2020. doi.org/10.1016/S1470-2045(20)30494-0.
Resultados de 4 anos do estudo CheckMate 238: estudo randomizado de fase 3, multicêntrico, controlado, comparando Nivolumabe e Ipilimumabe adjuvante em melanoma ressecado estádios IIIB-C e IV.

 

Comentário da avaliadora científica:

A atualização do estudo CheckMate 238 confirma o benefício, em termos de sobrevida livre de progressão e sobrevida livre de metástase a distância, de nivolumabe em relação a ipilimumabe na adjuvância de pacientes com melanoma de alto risco, mostrando consistência com os dados previamente reportados. Este benefício se manteve tanto na população geral quanto na comparação entre estádios III e IV após ressecção (considerando o AJCC 7a edição), bem como na estratificação pela presença ou não de ulceração, extensão do acometimento linfonodal, status do BRAF e expressão de PDL1. Quanto à toxicidade, não foram observados novos eventos, e os dados são consistentes com a já reconhecida melhor tolerância de nivolumabe em relação a ipilimumabe. Essa foi a primeira vez em que tivemos dados em relação aos pacientes com metástases em trânsito sem envolvimento linfonodal, com SLP neste grupo de 49% versus 41% a favor de nivolumabe (HR 0,73; IC 95% 0,47–1,12), o que também é um dado interessante.

Em relação ao dado de sobrevida global, embora não tenha sido observada diferença entre os grupos, vale ressaltar que os dados mostram uma sobrevida de forma geral bastante favorável para ambos os grupos, com quase 80% dos pacientes vivos em 4 anos, o que é bastante favorável para uma população de alto risco como a do estudo. Outro ponto a ser considerado é o fato de que a maioria dos pacientes que progrediram com ipilimumabe receberam nivolumabe após progressão, enquanto os pacientes que progrediram após nivolumabe receberam a combinação de ipilimumabe e nivolumabe ou ipilimumabe, o que torna a interpretação dos dados de sobrevida ainda mais difícil. Aguardamos os dados de 5 anos de seguimento do CheckMate 238, bem como os dados de outros estudos em andamento de imunoterapia adjuvante e neoadjuvante em pacientes de alto risco.

Considerando o perfil de toxicidade consistentemente favorável e os dados positivos de sobrevida livre de progressão e sobrevida livre de metástase, este estudo consolida a decisão terapêutica a favor do uso de monoterapia com nivolumabe em detrimento a monoterapia com ipilimumabe no cenário adjuvante dos pacientes com melanoma ressecado de alto risco.

 

Avaliadora científica
Dra. Marina Sahade
Oncologista do Núcleo de Oncologia Cutânea e Sarcomas do Hospital Sírio-Libanês
Vice-diretora Clínica do Hospital Sírio-Libanês, São Paulo (SP)
Graduação em Medicina e Residência em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina do ABC, Residência em Oncologia Clínica pelo Hospital Sírio-Libanês