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SBOC REVIEW

SABCS 2022 – Estudos POSITIVE Trial, RIGHT Choice e EMERALD

Desfechos de gravidez e segurança da interrupção da terapia em mulheres com tumores hormonais: Primeiros resultados do POSITIVE trial (IBCSG 48-14 / BIG 8-13)

Resumo do artigo:

Estudo muito aguardado pela comunidade científica, sobre a avaliação dos desfechos de gravidez e sobre a segurança de interromper a terapia endócrina (TE) nas pacientes com doença luminal inicial com desejo gestacional.

POSITIVE foi um estudo de braço único, prospectivo, multicêntrico, que avaliou pacientes com EC I a III, até 42 anos, em tratamento com bloqueio hormonal (tamoxifeno ou IA com ou sem análogo de GnRH) por 18 a 30 meses e com desejo de suspender a TE para tentar engravidar.

O objetivo primário foi avaliar o intervalo livre de câncer de mama (BCFI), após a interrupção da TE por até cerca de 2 anos e/ou até conseguir engravidar. Foram incluídas 518 pacientes, com mediana de idade de 37 anos (27-43 anos), sendo 93,4% com doença EC I e II e 66% sem acometimento linfonodal.

Com um seguimento de 41 meses foram apresentados os primeiros resultados. Foi realizado um controle externo com uma coorte de 1.499 pacientes do SOFT/TEXT trial para fazer uma comparação quanto a segurança e risco de recidiva. Na análise estatística do POSITIVE Foi estabelecido um limite pré-definido de segurança de pode ocorrer no máximo 46 eventos. No total do estudo ocorreram 44 eventos, respeitando o número pré-estabelecido.

A avaliação de 3 anos de BCFI foi 8,9% (IC 95%: 6,3 a 11,6%), similar ao controle externo do SOFT /TEXT trials. A taxa de gravidez foi de 74%, sendo 68% delas com pelo menos um nascimento.

A maioria das pacientes retomou o tratamento com TE após a gestação (76,3%), apenas 15% optaram por não retomar. Do total de pacientes, 8,3% delas apresentaram recidiva/morte antes do prazo de retomar o tratamento.

Estudo importantíssimo, positivo para o seu desfecho primário, demonstrando que é possível interromper temporariamente a TE para tentar engravidar, sem aumentar de forma significativa o risco de recaída precoce da doença. Entretanto, é importante ressaltar que o número de pacientes com EC III foi apenas 9% e que o seguimento de 3 anos ainda é precoce para concluirmos de forma definitiva sobre a segurança desses dados. Vale a reflexão sobre sempre abordarmos o aspecto da fertilidade com todas as pacientes jovens que um dia desejem gestar.

 

GS4-09 Pregnancy Outcome and Safety of Interrupting Therapy for women with endocrine responsIVE breast cancer: Primary Results from the POSITIVE Trial (IBCSG 48-14 / BIG 8-13).
Desfechos de gravidez e segurança da interrupção da terapia em mulheres com tumores hormonais: Primeiros resultados do POSITIVE trial (IBCSG 48-14 / BIG 8-13).

 


 

Primeiros resultados do estudo randomizado Fase II RIGHT Choice de pacientes pré-menopausadas com doença agressiva RH+/HER2-, tratadas com ribociclibe + terapia endócrina vs a escolha do examinador com combinação de quimioterapia

Resumo do artigo:

Resultados primários do estudo randomizado de fase II RIGHT Choice Trial, em pacientes na pré-menopausa com doença agressiva e avançada RH+/HER2- tratadas com ribociclibe e terapia endócrina versus a escolha do médico com combinação de quimioterapia.

Estudo prospectivo fase 2, com 222 pacientes na pré/peri-menopausa, RE+/HER2- (RE > 10%), com doença metastática agressiva (definida como progressão rápida, doença sintomática, incluindo crise visceral), randomizadas 1:1 para receber tratamento de 1ª linha com ribociclibe com letrozol/anastrozol + gosserelina ou combinação de quimioterapia a escolha do investigador (docetaxel + capecitabina, paclitaxel + gencitabina, capecitabina + vinorelbina). Desfecho primário foi sobrevida livre de progressão (SLP). Chama a atenção que 52,3% das pacientes apresentava crise visceral ao diagnóstico.

Com um seguimento de 24,1 meses, 45,5% RIBO + TE e 23,6% das pacientes em QT continuavam no estudo. Houve ganho significativo de SLP para o grupo que recebeu RIBO (SLPm 24 m vs 12,3 m, hazard ratio 0,54). Dados de SG ainda estão imaturos.

Em relação ao tempo de falha ao tratamento, houve um acréscimo de cerca de 10 meses para o grupo do RIBO (18,6 m vs 8,5 m, hazard ratio 0,45). Não houve diferença de taxa de resposta entre os grupos (65,2% vs 60%). Os eventos adversos foram menos graves e houve menor taxa de descontinuação de tratamento no grupo do RIBO.

Esse estudo é importante pois é o primeiro a demonstrar superioridade do tratamento com iCDK4/6 + terapia endócrina frente a poliquimioterapia mesmo em pacientes com doença metastática agressiva, incluindo crise visceral. Esses dados reforçam ribociclibe + TE para o tratamento de 1ª linha nessa população.

 

GS1-10 Primary results from the randomized Phase II RIGHT Choice trial of premenopausal patients with aggressive HR+/HER2− advanced breast cancer treated with ribociclib + endocrine therapy vs physician’s choice combination chemotherapy.
Primeiros resultados do estudo randomizado Fase II RIGHT Choice de pacientes pré-menopausadas com doença agressiva RH+/HER2-, tratadas com ribociclibe + terapia endócrina vs a escolha do examinador com combinação de quimioterapia.

 


 

EMERALD fase 3 de elacestranto versus terapia endócrina padrão em pacientes com doença metastática RH+/HER2- : Atualizações pelo uso prévio de iCDK4/6 no cenário metastático

Resumo do artigo:

Elacestranto é um SERD oral de nova geração, que já havia demonstrado ganho de sobrevida livre de progressão (SLP) versus um agente endócrino único, inclusive em pacientes com mutação de ESR1 e uso prévio de iCDK4/6.

No SABCS 2022 tivemos a atualização desse importante estudo, EMERALD, fase III, randomizado, em pacientes RH+/HER2-, tratadas com 1-2 linhas de TE, sendo obrigatório iCDK4/6 prévio e ≤ 1 linha de quimioterapia. Tratamento prévio com fulvestranto era permitido.

As pacientes foram randomizadas para receber elascentranto (400 mg oral dia) ou TE a escolha do examinador (inibidor de aromatase ou fulvestranto). Elascestranto teve ganho significativo de SLP tanto na coorte geral, quanto com mutação de ESR1. Quanto maior a duração da resposta com o uso de iCDK4/6, maior a SLP com elascestranto. Pacientes com ESR1 mutado e com uso de pelo menos 12 meses de iCDK4/6 tiveram uma SLP 8,61 m vs 1,91 m, com HR 0,41.

EMERALD é mais um estudo que traz a possibilidade de um novo tratamento para as pacientes com doença endócrino resistente politratadas (1-2 linhas de TE ± 1 linha de quimioterapia), inclusive naquelas com mutação conhecida de ESR1. Em breve deverá entrar no sequenciamento do tratamento da doença luminal avançada e ESR1 deverá ser usado como um parâmetro para ajudar na decisão terapêutica.

 

GS3-01 EMERALD phase 3 trial of elacestrant versus standard of care endocrine therapy in patients with ER+/HER2- metastatic breast cancer: Updated results by duration of prior CDK4/6i in metastatic setting.
EMERALD fase 3 de elacestranto versus terapia endócrina padrão em pacientes com doença metastática RH+/HER2- : Atualizações pelo uso prévio de iCDK4/6 no cenário metastático.

 

Avaliadora científica:

Dra. Gisah Guilgen
Residência Médica em Oncologia Clínica pelo HC-UFPR
Oncologista clínica no Instituto do Câncer e Transplante de Curitiba (ICTr)
Preceptora da residência de oncologia clínica do HNSG
Especialista em Cuidados Paliativos pelo Pallium – Buenos Aires