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SBOC REVIEW

SABCS 2022 – Novidades sobre câncer de mama triplo-negativo, câncer de mama inicial HER2 negativo e estudo GeparOLA

Adição de platina a esquema sequencial de taxano e antraciclina no cenário de quimioterapia neoadjuvante em pacientes com câncer de mama triplo-negativo: um ensaio clínico randomizado e controlado de fase III

Resumo do artigo:

O estudo buscou avaliar se a adição de carboplatina à quimioterapia neoadjuvante com taxano e antraciclina sequencial em pacientes com câncer de mama triplo negativo impactaria na sobrevida livre de doença (desfecho principal), assim como resposta patológica completa e sobrevida global (SG) (desfechos secundários). Foram incluídas 717 pacientes na análise ITT, 69,7% das pacientes tinham com idade ≤ 50 anos, 60,3% com doença localmente avançada (cT4/N2-3), e apenas 18,7% das pacientes tinham história familiar de câncer. Em um seguimento mediano de 67,6 meses, a taxa de sobrevida livre de doença em 5 anos foi de 70,6% no grupo carboplatina, vs 64,5% no braço controle (hazard ratio [HR], 0,79); a sobrevida global em 5 anos também foi maior no grupo carboplatina (74,0% vs 66,7%; HR, 0,75). A resposta patológica completa ocorreu em 55,2% dos pacientes com carboplatina, versus 41,5% dos pacientes controle. Quando avaliadas as coortes com ≤ 50 anos vs >50 anos, separadamente, o benefício da platina parece confinado a pacientes mais jovens ou na pré-menopausa em que há uma melhoria substancial e significativa na SLD e SG. As razões precisas para a interação entre idade/estado menopausal e carboplatina não são claras até o presente momento.

 

GS5-01- Addition of platinum to sequential taxane-anthracycline neoadjuvant chemotherapy in patients with triple-negative breast cancer: A phase III randomized controlled trial.
Adição de platina a esquema sequencial de taxano e antraciclina no cenário de quimioterapia neoadjuvante em pacientes com câncer de mama triplo-negativo: um ensaio clínico randomizado e controlado de fase III.

 


 

Paclitaxel/olaparibe neoadjuvante em comparação com paclitaxel/carboplatina em pacientes com câncer de mama HER2-negativo e deficiência de recombinação homóloga – sobrevida a longo prazo do estudo GeparOLA

Resumo do artigo:

O estudo de fase II GeparOLA buscou comparar a combinação de olaparibe e paclitaxel (OP) vs carboplatina e paclitaxel (CP) no cenário neoadjuvante, em uma população de pacientes HER2 negativo, com diagnóstico prévio de mutação somática ou germinativa em BRCA, ou deficiência na recombinação homóloga (HRD), com pontuação ≥ 42. Na análise por intenção de tratar 106 pacientes foram incluídas. 72,4% das pacientes tinham tumores triplo negativos, mas houve um desbalanço quanto a positividade linfonodal nos dois grupos. No braço da platina, 45,7% dos pacientes tiinham status nodal positivo vs aproximadamente 25% no braço olaparibe.

Em San Antonio 2022 foi apresentada a análise de eficácia a longo prazo. Em acompanhamento médio de 49,8 meses, a taxa de sobrevida livre de doença invasiva (SLDi) com OP (n = 69 foi de 76,0% vs 88,5% entre 37 pacientes que receberam CP. O HR não ajustado foi de 2,86 (IC 95%, 0,83-9,90) e o HR ajustado para status nodal e mutação germinativa foi de 3,6 (IC 95%, 1,02-12,7).1 Além disso, as taxas de recorrência locorregional foram maiores no braço OP (10,3%) em comparação a CP (4,9%). A taxa de sobrevida livre de doença distante (SLDD) foi de 81,2% para o braço OP vs 93,4% no braço CP (HR, 3,03; IC 95%, 0,67-13,67; log-rank P = 0,1290). Já a taxa de SG foi de 89,2% no braço OP versus 96,6% com carboplatina (HR, 3,27; IC 95%, 0,39-27,20; log-rank P = 0,2444).1 Mutações germinativas/somáticas (g/s) de BRCA foram relatadas em 55,9% das pacientes no braço OP (n = 38) e 56,8% das pacientes no braço CP (n = 21). Entre as pacientes com mutações g/s os resultados foram comparáveis entre as pacientes do braço OP vs CP (HR, 1,16; IC 95%, 0,30-4,49; log-rank P = 0,8303).

Vale lembrar que a taxa de resposta patológica completa (pCR), o desfecho primário do estudo, foi apresentado anteriormente. A taxa de pCR foi de 55,1% (IC 90%, 44,5%-65,3%) com olaparibe versus 48,6% (IC 90%, 34,3%-63,2%) com CP. As taxas de pCR foram as mesmas para pacientes com mutações BRCAg/s que receberam olaparibe (n = 35) e carboplatina (n = 20) a 60%.

Aguardamos estudos mais robustos para avaliar melhor o uso de olaparibe em pacientes com mutações em BRCAg/s, e o papel da quimioterapia neoadjuvante contendo platina, para pacientes sem mutações.

 

GS5-02- Neoadjuvant paclitaxel/olaparib in comparison to paclitaxel/carboplatinum in patients with HER2-negative breast cancer and homologous recombination deficiency – long-term survival of the GeparOLA study.
Paclitaxel/olaparibe neoadjuvante em comparação com paclitaxel/carboplatina em pacientes com câncer de mama HER2-negativo e deficiência de recombinação homóloga – sobrevida a longo prazo do estudo GeparOLA.

 


 

Avaliação de cemiplimabe, agente anti-PD-1, mais REGN3767, anti-LAG-3, em combinação com paclitaxel em câncer de mama inicial, HER2 negativo, de alto risco: resultados do estudo I-SPY 2

Resumo do artigo:

O estudo I-SPY 2 (GS5-03) avaliou através de um desenho adaptativo a adição dos inibidores de checkpoint, cemiplimabe, e de LAG-3, REGN3767, ao paclitaxel, no cenário neoadjuvante, seguido pelo esquema AC (doxorrubicina + ciclofosfamida) em pacientes com câncer de mama inicial de alto risco, HER2 negativo. Entre os 73 pacientes com doença HER2 negativa que receberam cemiplimabe + REGN3767, 33 tinham câncer de mama triplo negativo (CMTN) O grupo controle incluiu 357 pacientes com tumores HER2 negativos, dos quais 156 tinham CMTN. A combinação de cemiplimabe, REGN3767 e paclitaxel resultou em uma taxa de resposta patológica completa de 60% para pacientes com CMTN e 37% para pacientes com doença HR positiva.

Quarenta pacientes (53%) no braço REGN3767 + cemiplimabe cursaram com eventos adversos imunomediados, sendo hipotireoidismo e insuficiência adrenal/ hipofisite os mais comuns, com ocorrência em 24 (32%) e 16 (21%), respectivamente.

 

GS5-03 Evaluation of anti-PD-1 Cemiplimab plus anti-LAG-3 REGN3767 in Combination with Paclitaxel in Early-Stage, High-Risk HER2-negative Breast Cancer: Results from the Neoadjuvant I-SPY 2 TRIAL.
Avaliação de cemiplimabe, agente anti-PD-1, mais REGN3767, anti-LAG-3, em combinação com paclitaxel em câncer de mama inicial, HER2 negativo, de alto risco: resultados do estudo I-SPY 2.

 

Avaliadora científica:

Dra. Luciana Landeiro
Residência Médica em Oncologia clínica na Faculdade de Medicina do ABC
Doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)
Membro do Comitê de Tumores Mamários da SBOC
Diretora da Pesquisa Clínica e Oncologista do Grupo Oncoclínicas, Bahia