Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

SBOC Review ASCO 2017 – Câncer de Mama – doença inicial

Abstract 1 - Gunter Von Minckwitz. APHINITY trial (BIG 4-11): A randomized comparison of chemotherapy (C) plus trastuzumab (T) plus placebo (Pla) versus chemotherapy plus trastuzumab (T) plus pertuzumab (P) as adjuvant therapy in patients (pts) with HER2-positive early breast cancer (EBC) Pertuzumab in Her 2 positive EBC. No LBA500.

A adição de pertuzumabe ao esquema terapêutico de pacientes com câncer de mama HER-2 positivo trouxe resultados significativos em sobrevida no cenário metastático e em resposta patológica completa (pCR) na neoadjuvância. O APHINITY trial avaliou a adição de pertuzumabe em concomitância ao trastuzumabe na adjuvância de pacientes com doença HER-2 positiva em ganho em sobrevida livre de doença invasiva (IDFS). Foram randomizadas 4805 pacientes entre quimioterapia, trastuzumabe e pertuzumabe vs quimioterapia, trastuzumabe e placebo. A IDFS em 3 anos foi de 94.1% no grupo pertuzumabe vs 93.2% no grupo placebo (HR 0.81, 95% CI 0.66-1.00, p=0,045; NNT=112) e 89,9% vs 86,7% no subgrupo com linfonodo positivo (HR 0.77, 95% CI 0.62-0.96, p=0.019, NNT=56). A frequência de eventos cardiovasculares foi rara e diarreia foi mais frequente com pertuzumabe.

*Artigo publicado - von Minckwitz G et al. N Engl J Med. 2017 Jun 5. PMID:28581356

Comentário: A diferença observada com a adição de pertuzumabe adjuvante em IDFS foi pequena. O alto custo da droga em um ano de tratamento associado a um alto número necessário para tratar tornam remoto o uso de pertuzumabe nesse contexto na maioria dos serviços de saúde.

Abstract 2 - Rita Nanda. Pembrolizumab plus standard neoadjuvant therapy for high-risk breast cancer (BC): Results from I-SPY 2. No 506

Pembrolizumabe é um anticorpo anti-PD-1 com atividade em monodroga em câncer de mama. I-SPY 2 é um estudo de fase 2 que randomizou 249 pacientes com doença invasiva HER-2 negativa ≥2.5 cm por exame físico ou ≥2 cm em exame de imagem entre paclitaxel semanal x 12 semanas +/- pembrolizumabe, seguidos de doxorrubicina/ciclofosfamida x 4 ciclos em neoadjuvância. A taxa de pCR estimada com a adição de pembrolizumabe foi de 46% vs 16% no grupo controle; na população triplo negativa, esses valores são 60% vs 20%. Eventos grau 3 imuno-relacionados ocorreram em 5 pacientes (1 caso de hipofisite e 4 casos de insuficiência adrenal).

Comentário: A adição de pembrolizumabe à terapia padrão em neoadjuvância de câncer de mama HER-2 negativo é promissora, especialmente na população triplo-negativa. Estudos de fase 3 com posteriores análises de ganho de sobrevida são aguardados.

Abstract 3 - Nadia Harbeck. Prospective WSG phase III PlanB trial: Final analysis of adjuvant 4xEC→4x doc vs. 6x docetaxel/cyclophosphamide in patients with high clinical risk and intermediate-to-high genomic risk HER2-negative, early breast cancer. No 504

A escolha da quimioterapia adjuvante no câncer de mama HER-2 negativo ainda é motivo de debate. O PlanB trial randomizou 2449 pacientes com câncer de mama HER-2 negativo de alto risco clínico [pN0 (T2-4, G2-3, <35 anos, receptor hormonal negativo, alto uPA/PAI-1) ou pN1] ou com recurrence score >11 entre 6 ciclos de docetaxel/ciclofosfamida (TC) vs antraciclina e taxano (4xEC→4xDoc). Nessa população, 41% eram linfonodo positivo e 18% eram receptor hormonal negativo. A sobrevida foi similar nos dois grupos, com DFS de 90% e a sobrevida global (OS) em 5 anos de 94.7% vs 94.6% entre TC e 4xEC→4xDoc, respectivamente. Em relação a toxicidade, 5 óbitos relacionados ao tratamento foram observados no braço TC vs 1 óbito no braço 4xEC→4xDoc, apesar de mais eventos adversos terem sido vistos no braço com antraciclina. Recurrence score, doença triplo-negativa e status linfonodal não foram fatores preditivos de benefício com a adição de antraciclinas.

Comentário: Os resultados desse estudo mostram que o regime sem antraciclina foi não inferior ao regime com antraciclinas na adjuvância em pacientes com doença HER-2 negativa. Os resultados desse estudo vão de encontro aos resultados do ABC trial, que evidenciou o benefício de antraciclinas para população triplo-negativa. Uma análise conjunta de ambos os trials foi sugerida na ASCO 2017 e, se feita, será aguardada para melhor entendermos em qual subpopulação a antraciclina pode ser dispensada com segurança.

Abstract 4 - Pier Franco Conte. 9 weeks vs 1 year adjuvant trastuzumab in combination with chemotherapy: Results of the phase III multicentric Italian study Short-HER. No 501.

Um ano de T adjuvante é o padrão para pacientes com câncer de mama HER-2 positivo. O estudo de fase III Short-HER testou a não-inferioridade de um esquema mais curto de T. Um total de 1253 pacientes foram randomizadas entre o braço padrão de AC ou EC x 4 seguido de 4 ciclos de docetaxel a cada 3 semanas em combinação com T seguido de 14 doses adicionais de T (total de T 1 ano) vs 3 ciclos de docetaxel a cada 3 semanas com T semanal por 9 semanas seguido de FEC x 3 (total de T 9 semanas). Os endpoints primários foram DFS e OS. A maioria das pacientes tinham estágios I (40,6%) ou II (43,8%) e receptor hormonal positivo (68,2%) e 30,7% das pacientes tinham de 1-3 linfonodos positivos. O estudo não comprovou a não inferioridade do regime de 9 semanas em comparação ao regime de 1 ano de T (DFS 85,4 vs 87,5%, HR 1,15 95% CI 0,91-1,46; OS 95 vs 95.1%, HR 1,06 95% CI 0,73-1,55).

Comentário: O tempo de tratamento com trastuzumabe por 1 ano permanece como padrão.

Adriana Matutino, MD.
Médica oncologista. Clinical Research Fellow, Tom Baker Cancer Centre, University of Calgary, Canadá.