Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

SBOC Review ASCO 2017 – Tumores Geniturinários (Não-próstata)

Abstract 1 –  Toni K. Choueiri et al. First-line avelumab + axitinib therapy in patients (pts) with advanced renal cell carcinoma (aRCC): Results from a phase Ib trial. JAVELIN Renal 100 . No  = 4504

Desde 2007, sunitinib (anti-VEGFR) representa a 1a linha padrão de tratamento (tto) para câncer renal metastático (CRM). Com os avanços mostrados com uso da imunoterapia (IT) nesta doença, especialmente na 2ª linha, e dados prévios mostrando possível efeito sinérgico entre IT e anti-VEGFR, diversos estudos têm explorado esta combinação. Este estudo de fase 1b avaliou o uso de axitinib e avelumab na 1a linha para CRM. Os desfechos analisados foram segurança e taxa de resposta (TR). De um total de 55 pacientes, 94,5% tiveram algum evento adverso (EA) relacionado ao tto (qualquer grau). EA mais comuns foram diarréia e fadiga para avelumab (31% cada) e diarréia, HAS, disfonia e fadiga (53%, 45%, 43% e 43%, respectivamente) para axitinib. 11 e 29 pcts tiveram EA grau ≥3 com avelumabe e axitinib, respectivamente, tendo 9% e 7% descontinuado cada uma das drogas por EA. RO de 60%.

Comentário: Apesar da alta taxa de efeitos adversos grau ≥3 observada (>40%) com a combinação, os EA foram manejáveis e menos de 10% precisaram descontinuar alguma das drogas. A TR de 60% impressiona e parece promissora neste cenário. Estudo de fase 3 já está em andamento.  

 

Abstract 2 – Robert J. Motzer et al. Randomized phase III trial of adjuvant pazopanib (PAZ) versus placebo (PLA) after nephrectomy in patients with locally advanced renal cell carcinoma (RCC) (PROTECT). No = 4507

Pcts com câncer renal de alto risco apresentam chance de recidiva de cerca de 30-40% em 5 anos. Atualmente, nenhuma terapia adjuvante está aprovada e o padrão após nefrectomia é a observação. Este estudo fase 3 randomizou 1538 pacientes de histologia células claras e pT2 (alto grau), pT3-T4 (qualquer grau) para PAZ ou PLA por 1 ano. Dose inicial de PAZ foi 800mg, mas modificada para 600mg após para permitir melhor tolerabilidade. O desfecho primário do estudo foi tempo livre de doença (TLD) no grupo 600mg. Desfechos secundários foram TLD nos grupos 800mg e pop total. O estudo foi negativo para seu desfecho primário (HR 0.93; p>0.05). O HR para TLD para os grupos 800mg e pop total foram 0.66 (IC95% 0.49-0.89) e 0.84 (IC95% 0.71-0.99).  

Comentário: Estudo negativo para seu endpoint primário, mas positivo para endpoints secundários (com benefício apenas marginal), todos baseados em TLD e não em sobrevida global. Portanto, no momento, não muda a conduta e continuamos sem terapia padrão para adjuvância em câncer de rim.  

 

Abstract 3 – Peter H. O’Donnell et al. Biomarker findings and mature clinical results from KEYNOTE-052: First-line pembrolizumab (pembro) in cisplatin-ineligible advanced urothelial cancer (UC). No: 4502

Comorbidades e função renal reduzida impedem que uma quantidade significativa de pacientes receba quimioterapia com platina para carcinoma urotelial metastático (CaUm). Estudos prévios haviam mostrado atividade e segurança de agentes anti-PD-1 para pcts não candidatos a platina, bem como prolongamento de sobrevia global na 2ª linha após falha de platina nesta população (pembro). Este fase 2 de braço único avaliou o uso de pembro na 1ª linha para pcts com CaUm não candidatos a platina. O desfecho primário foi taxa de resposta (TR). O estudo mostrou TR de 29%, com outros 19% de doença estável como melhor resposta. Duração mediana de resposta não foi atingida e 74% delas estavam ainda em andamento. EA ≥ grau 3 foram vistos em 18% dos casos. Pacientes com score positivo combinado para PD-L1 >10% obtiveram TR de 47%.

Comentários: Neste fase II de braço único, pembro foi bem tolerado, com TR clinicamente significativas. Desta forma, pembro foi aprovada pelo FDA neste cenário. Estudos randomizados com braço comparativo de quimioterapia (carbo + gem) são aguardados.          

 

Abstract 4 – David C. Smith et al. Epacadostat plus pembrolizumab in patients with advanced urothelial carcinoma: Preliminary phase I/II results of ECHO-202/KEYNOTE-037. No: 4503

Pembro (anti PD-1), está atualmente aprovado em 2a linha para CaUm após falha de platina e em 1ª linha para pcts não candidatos a platina nos EUA. Epacadostat representa uma nova classe de imunomoduladores, agindo no microambiente tumoral inibinido a enzima IDO, a qual tem efeito supressor sobre células T. Este estudo fase I/II recrutou 40 pcts, onde 100% haviam usado platina previamente (adjuvante ou paliativo) e 75% haviam usado 1 linha no contexto paliativo. RO e Taxa de Controle de Doença (TCD) foram 35% e 57%, respectivamente, com 92% das RO ainda em andamento. EA mais comuns foram fadiga (28%) e rash (37%). EA graus 3-4 ocorreram em 20% dos pcts e 7% descontinuaram o tto por EA. Dados de PFS ainda estão imaturos.

Comentário: Este trabalho mostra dados promissores de uma nova classe de drogas, Epacadostat, que age no microambiente tumoral (inibidor de IDO). Estudo mostrou melhores respostas em comparação com anti-PD1 (~20%) e sem adicionar novos EA. Aguardamos estudos fase 3 para melhor mostrar a eficácia da droga. 

 

Abstract 5 – Manuel C Maia et al. Association between circulating tumor DNA and tumor burden in metastatic renal cell carcinoma (mRCC). No=4012

 O uso de biópsia líquida para detecção de DNA tumoral circulante (DNAtc) em oncologia tem crescido bastante e muitos são seus potenciais benefícios: melhor avaliação da heterogeneidade tumoral, evita procedimentos invasivos e suas complicações, monitorização seriada de doença etc. Fatores clínicos relacionados à sua detecção não são totalmente conhecidos. Neste estudo uni-institucional, nós avaliamos a relação entre características clínico-patológicas (histologia, nr de linhas, risco de Motzer/Heng, volume tumoral [calculado pela soma dos maiores diâmetros pelo RECIST 1.1]) e detecção de DNAtc em pcts com CRM. Na sua maioria, os pcts tinham células claras (76%) e risco intermediário (55%). 52% dos pcts tinham DNAtc+ (em média, 2 alterações genéticas [AG] por paciente). AG mais comuns: TP53 (7) e VHL (5). A diferença entre as médias do volume tumoral nos grupos DNAtc+ vs DNAtc- foi estatisticamente significativa (p=0.04) e houve significativa correlação entre o número de AG encontradas e volume tumoral (R2=0.34; p=0.01).

Comentário: Este estudo mostra que quanto maior o volume tumoral, maior a chance de encontrarmos DNAtc e maior o número de AG encontradas. Embora com amostra pequena e necessidade de série maior, estes dados preliminares apontam para o possível uso de biópsia líquida para monitorização do volume tumoral como resposta ao tto no futuro. 

 

Manuel Caitano Maia, MD
Médico graduado pela Universidade Federal da Pará. Residência de Clínica Médica no HC-FMUSP e residência de Oncologia Clínica no ICESP/FMUSP. Atualmente é Fellow da Oncologia Clinica no City of Hope Cancer Center, California, EUA.