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SBOC REVIEW

SBOC Review ASCO 2017 – Tumores Ginecológicos

Abstract 1 –  Stephanie M. De Boer et al. Abstract #: 5502. Final results of the international randomized PORTEC-3 trial of adjuvant chemotherapy and radiation therapy (RT) versus RT alone for women with high-risk endometrial cancer.

Estudo randomizado de Fase 3 que comparou radioterapia pélvica exclusiva com 48.6Gy (RT, n=330) à quimioirradiação (CTRT, n=330) com cisplatina 50 mg/m² nas semanas 1 e 4 de radioterapia, seguidos carboplatina AUC5 e paclitaxel 175 mg/m² a cada 3 semanas x 4 ciclos, como tratamento adjuvante dos cânceres de endométrio de alto risco (FIGO I Grau 3 com invasão miometrial profunda e/ou invasão linfovascular, FIGO II/III, ou tipo histológico seroso/células claras). O estudo foi negativo para seus desfechos primários: tratamento multimodal não promoveu benefício em SG [81.8% (CTRT) vs. 76.7% (RT); p=0.183) ou sobrevida livre de falência ao tratamento (75.5% vs. 68.9%; p=0.078), ambos em 5 anos. Contudo, a análise de subgrupos mostrou benefício em FFS em 5 anos em pacientes de estágio III (69.3% vs. 58.0%; p=0.032). 

Comentário: CTRT pélvica adjuvante não promoveu aumento de sobrevida livre de falência ao tratamento ou SG em pacientes com câncer de endométrio de alto risco, quando comparada à RT exclusiva. Entretanto, em pacientes de estágio III, o tratamento multimodal promoveu maior sobrevida livre de falência ao tratamento.    

Abstract 2 – Daniela Matei et al. Abstract #:5505. A randomized phase III trial of cisplatin and tumor volume directed irradiation followed by carboplatin and paclitaxel vs. carboplatin and paclitaxel for optimally debulked, advanced endometrial carcinoma GOG 258. 

Estudo randomizado de Fase 3 que comparou Carboplatina AUC6 e Paclitaxel 175mg/m2 a cada 3 semanas x 6 ciclos (QT, n=366) versus quimioirradiação (CTRT, n=370) com cisplatina 50mg/m2  em D1 e D29 de radioterapia (45Gy +/- braquiterapia) seguido de carboplatina AUC5 e paclitaxel 175mg/m2 a cada 3 semanas x 4 ciclos com G-CSF, como tratamento adjuvante de pacientes com câncer de endométrio avançado [FIGO 2009 III-IVA (<2cm de doença residual); FIGO 2009 I/II seroso/células claras e citologia peritoneal positiva]. O estudo foi negativo para seu desfecho primário sobrevida livre de recorrência (HR 0.9; 95% CI 0.74-1.10). O grupo de tratamento multimodal apresentou menos recorrências em cúpula vaginal [3% (CTRT) vs. 7% (RT), HR = 0.36, CI 0.16-0.82), pélvicas e para-aórticas (10% (CTRT) vs. 19% (RT), HR=0.43, CI 0.28-0.66). No grupo CTRT, 75% das pacientes completaram o tratamento, versus 85% no grupo QT. As principais causas para tal incluíram toxicidade e recusa do paciente. Entretanto, o grupo CTRT apresentou maior frequência de recorrências a distância [28% vs. 21%, HR 1.36, CI 1-1.86], possivelmente devido ao tratamento sistêmico subótimo. Os dados de sobrevida não estão maduros para análise. 

Comentário: Em pacientes com câncer de endométrio avançado, o tratamento adjuvante com CTRT e quimioterapia adjuvante não promoveu benefício em sobrevida livre de recorrência quando comparado à QT exclusiva. 

Abstract 3 – Philipp Harter et al. Abstract #: 5500. LION: Lymphadenectomy in ovarian neoplasms—A prospective randomized AGO study group led gynecologic cancer intergroup trial.

Estudo de fase 3 que incluiu 647 pacientes com câncer de ovário FIGO IIB-IV com linfonodos clinicamente negativo, submetidas a citorredução macroscópica completa, as quais foram randomizadas no intra-operatório para linfadenectomia (LNE, n=323) versus não-linfadenectomia (no-LNE, n=324). O número mediano de linfonodos ressecados foi 57 (pélvicos, 35; para-aórticos, 22). Metástases linfonodais microscópicas estavam presentes em 56% das pacientes no grupo LNE. Oitenta por cento das pacientes no grupo LNE e 85% no grupo no-LNE receberam quimioterapia adjuvante com platinas. O estudo foi negativo quanto ao desfecho primário de SG [69 meses (no-LNE) vs. 66m (LNE), p=0.65] ou sobrevida livre de progressão [26m, ambos; p=0.30]. Além disso, houve maior incidência de complicações pós-operatórias graves no grupo LNE, inclusive mortalidade em 60 dias (3.1% vs. 0.9%; p=0.049). 

Comentário: Os resultados deste estudo desfavorecem a realização de linfadenectomia pélvica e para-aórtica de forma sistemática em pacientes com câncer de ovário avançado submetidas a citorredução macroscópica completa e sem linfonodos clinicamente positivos, muito embora até 56% destas pacientes apresentem metástases linfonodais microscópicas. 

Abstract 4 – Andreas Du Bois et al. Abstract #:5501. Randomized controlled phase III study evaluating the impact of secondary cytoreductive surgery in recurrent ovarian cancer: AGO DESKTOP III/ENGOT ov20.

Estudo de Fase 3 que randomizou pacientes com câncer de ovário recidivado após ao menos 6 meses de intervalo livre de platinas e escore AGO positivo (PS ECOG 0, ascite ≤500 ml e citorredução primária com ressecção macroscópica completa) para tratamento exclusivo com quimioterapia de segunda linha (n=203) ou citorredução secundária seguida de quimioterapia (n=204). Os regimes quimioterápicos foram escolhidos de acordo com os protocolos institucionais. Citorredução completa ocorreu em 67% dos casos. O estudo demonstrou maior sobrevida livre de progressão (19.6 meses vs. 14m; HR: 0.66, p<0.001), assim como tempo para o início de terapia subsequente (21 vs. 13.9m; HR 0.61, p<0.001) no grupo que realizou cirurgia. Não houve diferença entre os grupos quanto aos efeitos adversos de grau ³3. 

Comentário: Neste estudo, pacientes com câncer de ovário recidivado, intervalo livre de platinas superior a 6 meses, selecionadas por um escore AGO positivo, derivaram benefício em sobrevida livre de progressão e tempo para terapia subsequente com citorredução secundária e, na maioria dos casos completa, com efeitos adversos aceitáveis. Os dados de SG não estão maduros.

Abstract 5 – Hiroyuki Nomura et al. Abstract #: 5503. A randomized phase III trial of docetaxel plus cisplatin or paclitaxel plus carboplatin compared with doxorubicin plus cisplatin as adjuvant chemotherapy for endometrial cancer at high risk of recurrence: Japanese Gynecologic Oncology Group study (JGOG2043).

Estudo japonês de Fase 3 que randomizou 788 pacientes com câncer de endométrio de alto risco (FIGO I/II, G2 ou G3 e invasão miometrial >50%; FIGO III; FIGO IV sem metástases além da cavidade abdominal) ou doença residual <2cm para tratamento adjuvante com 6 ciclos de AP - doxorrubicina (60 mg/m2) e cisplatina (50 mg/m2), DP - docetaxel (70 mg/m2) e cisplatina (60 mg/m2), ou TC - paclitaxel (180 mg/m2) e carboplatina (AUC 6), todos administrados em D1 a cada 3 semanas. O desfecho primário era sobrevida livre de progressão (PFS). A proporção de pacientes a receber o tratamento não diferiu entre os grupos. Não se demonstrou diferença estatisticamente significativa em PFS [74.9% (AP), 80.9% (DP), 74.7% (TC); P=0.12], ou sobrevida global entre os grupos [84.3% (AP), 89.3% (DP), 88.4% (TC); P=0.67]. 

Comentário: O estudo confirma que os doublets de platinas e taxanos são uma alternativa aos doublets de platinas e antracíclicos para o tratamento adjuvante dos cânceres de endométrio de alto risco.   

Karime Kalil Machado, MD, MBA 
Médica Oncologista. Atualmente é Postdoctoral Fellow do Kelly Gynecologic Oncology Service, Johns Hopkins University School of Medicine, Baltimore – MD, EUA.