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SBOC REVIEW

SBOC Review ESMO 2016 – Câncer de cabeça e pescoço

Abstract 1 – Pierre Blanchard, Meta-analysis of chemotherapy in head and neck cancer (MACH-NC): An update on 100 randomized trials and 19,248 patients, on behalf of MACH-NC group, No = 950O.

Trata-se da atualização da meta-análise de dados individuais MACH-NC, obtidos de estudos clínicos realizados entre 1965 e 2010 em pacientes com carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço (CECCP) não-metastático. Foram apresentadas 2 comparações: tratamento loco-regional (LRT) isolado, versus LRT+ quimioterapia (CT), e quimioterapia de indução (ICT) seguida de RT versus quimiorradiação concomitante (CRT). Foi utilizado modelo de efeito fixo e as comparações entre os tratamentos foram analisadas com teste log-rank, com estratificação por estudo. A comparação de LRT vs. LRT + CT incluiu 94 estudos e 18.394 pacientes, com uma mediana de tempo de seguimento de 6,7 anos. Reforçando achados anteriores, a adição de CT aumentou a sobrevida global com um HR 0,89 (95%CI 0,86-0,92, p < 0.0001, com o benefício restrito ao tratamento concomitante (HR 0,83; 95%CI 0,79-0,87; p < 0,0001). Esse achado se traduziu num ganho absoluto de sobrevida de 6,5% em 5 anos e 3,4% em 10 anos. A análise de 8 estudos (1214 pacientes) comparando ICT seguida ed RT vs. CRT confirmou a superioridade de CRT em termos de sobrevida global (HR 0,84; 95%CI 0,74-0,95; p = 0,007). O benefício da CT em termos de aumento de sobrevida global não foi observado após 70 anos e com ECOG-PS 2. Estes resultados reforçam a importância de combinar CT e RT de modo concomitante no tratamento do CECCP localmente avançado. 

Abstract 2 – L.M. Gay, Comprehensive genomic profiles of metastatic and relapsed salivary gland carcinomas are associated with tumor type and reveal new routes to targeted therapies, No = 954O.

Neste estudo foram caracterizadas alterações genômicas clinicamente relevantes (provavelmente condutoras) e carga mutacional em 300 casos consecutivos de carcinomas de glândulas salivares recidivados/metastáticos através de captura híbrida na plataforma Foundation Medicine. Foi verificado que aqueles carcinomas mais especializados, como o carcinoma de células acinares e o carcinoma adenoide cístico tem baixa frequência de alterações genômicas, assim como baixa carga mutacional. Já os tumores chamados de não-especializados, como o carcinoma mucoepidermoide, o carcinoma ductal, os carcinomas NOS e o carcinoma ex-adenoma pleomórfico apresentam maior frequência de alterações genômicas que podem ser eventualmente alvo de terapias dirigidas, como alterações em HER2, RET, BRAF e mTOR, além de maior carga mutacional.

Abstract 3 – K. Harrington, Patient-Reported Outcomes (PROs) in recurrent or metastatic (R/M) Squamous Cell Carcinoma of the Head and Neck (SCCHN) treated with nivolumab (Nivo) or Investigator’s Choice (IC): CheckMate 141, No = LBA4

PRO data foi coletado como desfecho exploratório no estudo CheckMate 141* (NCT02105636, ver Ferris RL et al. NEJM 2016. DOI: 10.1056/NEJMoa1602252), um estudo de fase III, aleatorizado, que comparou nivolumabe versus quimioterapia de escolha do investigador (metotrexato, docetaxel, ou cetuximabe) em 361 pacientes com carcinoma epidermoide de cabeça e pescoço recidivado/metastático, refratário às platinas. Nesse estudo, foi observado ganho de sobrevida global favorecendo o agente anti-PD1 (HR 0,70; 97.73% CI 0,51-0,96; p=0,01), com estimativa de sobrevida global em 1 ano de 36% vs. 17%, respectivamente. Os dados de qualidade de vida (PROs) confirmaram que os pacientes tratados com nivolumabe tiveram piora de escalas funcionais e de sintomas (dor, fadiga e dispnéia) mais tardiamente que os pacientes tratados com quimioterapia de escolha do investigador. Nesse cenário onde a perspectiva de sobrevida é restrita, tal resultado é bastante relevante na prática clínica.

* A integra do trabalho esta publicada no NEJM – Ferris e cols. NEJM 2016 PMID: 27718784.

Gilberto de Castro Junior, MD, PhD.
Médico Assistente do Serviço de Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Professor Colaborador da Disciplina de Oncologia – Faculdade de Medicina da USP. Médico Titular do Centro de Oncologia do Hospital Sírio Libanês – São Paulo – SP.