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SBOC REVIEW

SBOC Review ESMO 2016 – Câncer de Mama

Abstract 1 – G. Hortobagyi, First-line ribociclib + letrozole for postmenopausal women with hormone receptor-positive (HR+), HER2-negative (HER2-), advanced breast cancer (ABC). LBA1_PR

Os inibidores de CDK4/6 representam uma estratégia no tratamento do câncer de mama avançado que pode ajudar a combater ou retardar a resistência à terapia endócrina. O estudo de fase 3 MONALEESA-2 (NCT01958021) randomizou 668 mulheres em pós-menopausa para receber letrozol (2,5mg/dia) + ribociclibe (600mg/dia por 3 semanas a cada 4 semanas) ou letrozol + placebo (1:1). Os resultados da análise interina mostram que o objetivo primário do estudo foi alcançado, com prolongamento significativo na sobrevida livre de progressão (SLP) (HR 0,556; IC 95%: 0,429 – 0,720). A SLP mediana no braço com ribociclibe ainda não foi alcançada (IC 95%: 19,3 – não estimável) versus 14,7 meses (IC 95%: 13,0 – 16,5) no grupo placebo. Os dados de sobrevida global ainda estão imaturos.
* A integra do trabalho esta publicada no NEJM – Hortobagyi e cols. NEJM 2016 PMID: 27717303.

Comentário: O tratamento com ribociclibe foi associado a maior frequência de eventos adversos – principalmente neutropenia (59% versus 1%) – entretanto, na sua maioria foram eventos manejáveis. Todos os subgrupos de pacientes parecem se beneficiar com o tratamento.

Abstract 2 – M. Ellis, FALCON: A phase III randomised trial of fulvestrant 500 mg vs. anastrozole for hormone receptor-positive advanced breast cancer. LBA14_PR

Neste estudo de fase 3 (NCT01602380), 462 pacientes com câncer de mama metastático ou localmente avançado – sem exposição prévia a tratamento hormonal – foram randomizadas (1:1) para receber fulvestranto (500mg intramuscular em D0, D14, D28 e posteriormente a cada 28 dias) ou anastrozol (1mg/dia). O objetivo primário foi atingido, com aumento na mediana de sobrevida livre de progressão de 13,8 para 16,6 meses com o tratamento experimental (HR 0,797; IC 95%: 0,637 – 0,999; p=0,0486). Os eventos adversos mais frequentes foram artralgias (16,7% versus 10,3%) e fogachos (11,4% versus 10,3%) para fulvestranto e anastrozol, respectivamente.

Comentário: A despeito de alcançar o objetivo primário com aumento na sobrevida livre de progressão, aparentemente, a superioridade do fulvestranto foi restrita apenas ao subgrupo de pacientes sem metástases viscerais.

Abstract 3 – R. Finn, Biomarker analysis from the phase 3 PALOMA-2 trial of palbociclibe (P) with letrozole (L) compared with placebo (PLB) plus L in postmenopausal women with ER+/HER2- advanced breast cancer (ABC). LBA15

Previamente, o estudo PALOMA-2 (NCT01740427) demonstrou aumento significativo na sobrevida livre de progressão com palbociclibe (inibidor de CDK4/6) + letrozol comparado a placebo + letrozol (24,8 versus 14,5 meses; HR 0,58; p<0,001) em pacientes na pós-menopausa com câncer de mama avançado e virgens de tratamento. Baseado em observações pré-clínicas, foi conduzida uma avaliação central cega da expressão imunoistoquímica de receptor estrogênico (RE), Rb, p16, ciclina D1 e Ki-67 em 666 pacientes do estudo PALOMA-2 com o objetivo de identificar possíveis biomarcadores de resposta ao tratamento com palbociclibe. Comentário: Pacientes RE positivo se beneficiaram do tratamento com inibidor de CDK4/6, entretanto, a análise imunoistoquímica dos diferentes genes relacionados ao ciclo celular não identificou marcador adicional de resposta ao tratamento. 

Abstract 4 – M. Royce, BOLERO-4: Phase 2 trial of first-line everolimus (EVE) plus letrozole (LET) in estrogen receptor–positive (ER+), human epidermal growth factor receptor 2–negative (HER2−) advanced breast cancer (BC). 220O

A eficácia de everolimo + exemestano no tratamento do câncer de mama metastático após progressão de terapia endócrina prévia foi definida com o estudo BOLERO-2. Entretanto, a associação de everolimo 10mg + letrozol 2,5mg foi pela primeira vez avaliada neste estudo de fase 2 de braço único (NCT01698918) que incluiu 202 pacientes para tratamento de primeira linha com câncer de mama metastático ou localmente avançado. Após progressão de doença, foi oferecido o tratamento com everolimo + exemestano a todos os pacientes. A mediana de sobrevida livre de progressão (SLP) não foi alcançada nesta análise interina; a taxa de SLP em 6 meses foi de 83,6% e em 12 meses de 71,4%. A taxa de resposta foi de 42,6%. Os efeitos adversos mais frequentes foram estomatite (67,8%), perda de peso (42,6%) e diarreia (36,1%).

Comentário: Everolimo + letrozol parece ser um tratamento efetivo para uso em primeira linha, entretanto, pelo desenho do estudo não é possível fazer comparações com outras modalidades terapêuticas.

Abstract 5 – S. Hurvitz, Interim results from neoMONARCH: A neoadjuvant phase II study of abemaciclib in postenopausal women with HR +/HER2- breast cancer (BC)

Este estudo randomizado de fase 2 (NCT02441946) comparou a atividade biológica de abemaciclibe (inibidor de CDK 4/6) em monoterapia; da combinação abemaciclibe + anastrozol e de anastrozol como agente único no tratamento neoadjuvante do câncer de mama inicial. O objetivo primário do estudo foi a redução de Ki-67 em biópsia após 2 semanas de tratamento. Abemaciclibe foi utilizado na dose de 150mg a cada 12 horas, com administração profilática de loperamida. A redução de Ki-67 foi significativamente maior com a combinação (-93,5%) e com abemaciclibe monoterapia (-93,1%) comparado ao anastrozol (-71,0%). O número de respondedores também foi maior com o uso de abemaciclibe combinado ou isolado, comparativamente ao anastrozol monodroga (69,6%, 68,4% e 22,7%, respectivamente). Apenas 2,9% dos pacientes apresentaram diarréia grau 3.

Comentário: Abemaciclib é capaz de reduzir Ki-67 e sua eficácia deverá ser confirmada em estudos subsequentes. Diarréia foi menos frequente e severa com o uso de loperamida profilática.

Rudinei D. M. Linck, MD
Médico graduado pela Universidade de Passo Fundo. Residência em Clínica Médica pela UNIFESP/Escola Paulista de Medicina e Residência em Oncologia Clínica pelo Hospital Sírio-Libanês/São Paulo. Atualmente é oncologista clínico assistente no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo/ICESP-FMUSP e no Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês/São Paulo.