SBOC REVIEW
SBOC Review ESMO 2016 – Câncer de Pulmão Não-Pequenas Células
Abstract 1 – Martin Reck, KEYNOTE-024: Pembrolizumab versus Chemotherapy for PD-L1–Positive Non–Small-Cell Lung Cancer. No= LBA8
KEYNOTE-024* investigou a eficácia do pembrolizumabe comparado ao tratamento padrão com quimioterapia baseada em platina em pacientes portadores de CPNPC avançado (mutação EGFR e translocação ALK negativos) e alta expressão de PD-L1 (definida como expressão em, pelo menos, 50% das células tumorais). O estudo incluiu 305 pacientes randomizados 1:1 entre pembrolizumabe ou quimioterapia. Pacientes, no braço da quimioterapia, que progrediram, eram elegíveis para receber pembrolizumabe em segunda linha, fato que ocorreu em 44% dos pacientes.
Pembrolizumabe aumentou significativamente a sobrevida livre de progressão (SLP) em aproximadamente 4 meses comparado a quimioterapia (10,3 meses versus 6,0 meses, HR 0,50). O objetivo secundário de sobrevida global (SG) também aumentou de forma significativa, e 80% dos pacientes no braço do pembrolizumabe estavam vivos aos seis meses comparado a 72% no braço da quimioterapia (HR=0,60).
* A integra do trabalho esta publicada no NEJM – Reck e cols. NEJM 2016 PMID: 27718847.
Comentário: A taxa de resposta de 45% alcançada com Pembrolizumabe em primeira linha representa um marco na oncologia torácica. A SLP e a SG superiores associados a uma melhor tolerabilidade indicam que o pembrolizumabe deve tornar-se o tratamento padrão em primeira linha de doença metastática em um futuro próximo.
Abstract 2 – Mark Socinsky, CheckMate 026: A Phase 3 Trial of Nivolumab vs Investigator’s Choice (IC) of Platinum-Based Doublet Chemotherapy (PT-DC) as First-Line Therapy for Stage IV/Recurrent Programmed Death Ligand 1 (PD-L1) − Positive NSCLC. No = LBA7
O estudo comparou, em primeira linha, nivolumabe versus quimioterapia baseada em platina. Um total de 541 pacientes receberam nivolumabe 3 mg/kg a cada 2 semanas ou “doublet” de platina baseado na escolha do investigador a cada 3 semanas por até 6 ciclos. Apesar da seleção da população baseada na inclusão de tumores PD-L1 positivos (limiar definido como ≥1%; n= 423), SLP no braço do nivolumabe não foi superior ao braço da quimioterapia (4,2 meses versus 5,9 meses; hazard ratio (HR) 1,15, p=0,25). A SG foi de 14,4 meses para o nivolumabe versus 13,2 meses para quimioterapia (HR 1,02, 95% IC 0,80–1,30). Entre todos os pacientes tratados, a presença de efeitos colaterais e efeitos colaterais sérios foi de 71% e 18% com o nivolumabe, e 92% e 51% com quimioterapia, respectivamente.
Comentário: Nivolumabe não aumentou a SLP quando comparado à quimioterapia em primeira linha, chamando a atenção a inclusão de uma população abrangente, com baixa positividade de PDL-1, sugerindo a necessidade de uma melhor seleção dos pacientes que receberão imunoterapia.
Abstract 3 – Georgio Scagliotti, ASCEND-5: Ceritinib vs chemotherapy (CT) in patients (pts) with advanced anaplastic lymphoma kinase (ALK)-rearranged (ALK+) non-small cell lung cancer (NSCLC) previously treated with CT and crizotinib (CRZ): results from the confirmatory phase 3 ASCEND-5 study. No = LBA42
Estudo Fase III, de segunda linha em pacientes EML4-ALK positivos, tratados em primeira linha com crizotinibe e randomizados para docetaxel ou pemetrexede versus ceritinibe com objetivo de demonstrar aumento na SLP. Os resultados mostraram um aumento da SLP favorecendo o braço do ceritinibe comparado a quimioterapia (5,4 vs 1,6 meses, HR 0,49, p<0,001). Houve também aumento da taxa de resposta em relação à quimioterapia (39,1% vs 6,9%). Não houve diferença na SG, provavelmente em função do cruzamento de braços. Toxicidades do ceritinibe foram semelhantes aos estudos de fase I/II e houve melhora dos sintomas, quando comparado à quimioterapia. Comentário: ASCEND-5 confirma a eficácia do ceritinibe em pacientes EML4-ALK positivos que progrediram após a primeira linha com crizotinibe. Este estudo estabeleceu a sequência de crizotinibe seguido por um inibidor de ALK de segunda geração como tratamento padrão nesta população.
Abstract 4 – Fabrice Barlesi: OAK. Primary analysis from OAK, a randomized phase III study comparing atezolizumab with docetaxel in 2L/3L NSCLC. No = LBA44
O estudo OAK alocou 1225 pacientes com CPNPC previamente tratados e, após estratificação de acordo com o status de PD-L1 status, número de quimioterapias anteriores e histologia, os pacientes foram randomizados para atezolizumabe a cada 3 semanas ou docetaxel a cada 3 semanas.
A análise preliminar de 850 pacientes mostrou aumento da SG em 27% no braço que recebeu azetolizumabe comparado ao braço do docetaxel (p=0,0003), independente dos níveis de expressão de PD-L1, incluindo pacientes com expressão inferior a 1%. A estratificação dos pacientes de acordo com a expressão de PD-L1 mostrou aumento de SG em 59% nos pacientes com maior expressão de PD-L1 quando tratados com azetolizumabe, comparados ao mesmo grupo de docetaxel (P < 0,0001). Entretanto, mesmo em pacientes sem expressão de PD-L1, houve um aumento significativo de SG em 25% no braço do atezolizumabe comparado ao braço do docetaxel, independente da histologia. Comentários: Azetizolumabe representa uma nova estratégia em segunda linha para CPNPC, independente do status PD-L1 do tumor.
Abstract 5 – Luis Paz-Ares: LUX LUNG . Afatinib (A) vs gefitinib (G) as first-line treatment for patients (pts) with advanced non-small cell lung cancer (NSCLC) harboring activating EGFR mutations: results of the global, randomized, open-label, Phase IIb trial LUX-Lung 7 (LL7). No = LBA2
O estudo LUX-Lung 7 randomizou 319 pacientes comparou afatinibe versus gefitinibe em pacientes com CPNPC com mutação do EGFR atingiu dois dos três objetivos co-primários de SLP e tempo para progressão. SLP no braço do gefitinibe (depois de 18 meses; 27% versus 15% e depois de 24 meses; 18% versus 8%). A diferença de SG não atingiu significância estatística (27,9 meses versus 24,5 meses). Não houve diferença em função da mutação ser no exon 19 ou 21.
Comentário: O estudo LUX-Lung 7 reforçou os benefícios do afatanibe em pacientes com este tipo de tumor.
Clarissa Mathias, MD, PhD.
Oncologista Clínica NOB/Oncoclínicas, Salvador-BA.