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SBOC REVIEW

Serplulimabe ou placebo mais quimioterapia de primeira linha em carcinoma de células escamosas de esôfago PD-L1-positivo: um ensaio clínico de fase 3, randomizado, duplo-cego

Citação: Song, Y., Zhang, B., Xin, D. et al. First-line serplulimab or placebo plus chemotherapy in PD-L1-positive esophageal squamous cell carcinoma: a randomized, double-blind phase 3 trial. Nat Med 29, 473–482 (2023). https://doi.org/10.1038/s41591-022-02179-2.

Resumo do artigo:

Neste estudo ASTRUM 007, multicêntrico, duplo-cego de fase 3, 551 pacientes com carcinoma escamoso de esôfago (CEC) não tratado, localmente avançado ou metastático e PD-L1 ≥1 foram randomizados (2:1) para receber serplulimabe (um anticorpo anti-PD-1, 3 mg/kg) ou placebo (no dia 1), mais cisplatina (50 mg/m2) (no dia 1) e infusão contínua de 5-fluorouracil (1.200 mg/m2) (nos dias 1 e 2), uma vez a cada 2 semanas. Na análise de sobrevida livre de progressão (SLP), serplulimabe mais quimioterapia melhorou significativamente a SLP em comparação com placebo mais quimioterapia (SLP mediana de 5,8 meses e 5,3 meses, respectivamente; HR 0,60; IC 95%, 0,48–0,75; p < 0,0001). Apesar das medianas próximas de SLP, as curvas se abrem com o tempo, sendo observada SLP em 1 ano de 26% versus 9%.

Na análise de sobrevida global (SG), serplulimabe mais quimioterapia também prolongou significativamente a SG em comparação com placebo mais quimioterapia (SG mediana de 15,3 meses e 11,8 meses, respectivamente; HR 0,68; IC 95%, 0,53–0,87; P = 0,002). O benefício na população com CPS PD-L1 ≥ 10 foi mais evidente, com sobrevida global mediana de 18,6 meses versus 13,9 meses (HR 0,59; IC 95%, 0,40–0,88). Os resultados de SG e SLP indicaram benefícios em todos os subgrupos analisados com a adição do serplulimabe a quimioterapia.

De acordo com as avaliações do IRRC (independent radiological review committee), a taxa de resposta foi de 57,6% (IC 95%, 52,4–62,7%; sendo 14% respostas completas) no grupo serplulimabe mais quimioterapia e 42,1% (IC 95%, 34,8–49,6%; sendo 7% respostas completas) no grupo placebo mais quimioterapia (OR, 1,85; IC 95%, 1,29–2,65; P = 0,0007). A mediana da duração de resposta (DOR) foi de 6,9 ​​meses (IC 95%, 5,6–8,3 meses) no grupo serplulimabe mais quimioterapia e 4,6 meses (IC 95%, 4,1–5,6 meses) no grupo placebo mais quimioterapia, com uma taxa de DOR de 6 meses de 53 e 32%, taxa de DOR de 12 meses de 36 e 15% e taxa de DOR de 18 meses de 20 e 12% nos respectivos grupos.

Serplulimabe combinado com cisplatina e 5-FU administrados a cada 2 semanas foi bem tolerado. As incidências de eventos adversos relacionados ao tratamento de grau 3 ou superior, eventos adversos graves e eventos adversos que levaram à morte foram semelhantes entre os dois grupos de tratamento. Uma maior incidência de descontinuação do tratamento por eventos adversos foi observada em pacientes tratados com serplulimabe mais quimioterapia, relacionados a eventos imunomediados decorrente do serplulimabe e a uma duração mais longa do tratamento nesse grupo. Eventos adversos relacionados ao sistema imunológico de grau 3 ou superior ocorreram em 33 (9%) pacientes no grupo serplulimabe mais quimioterapia e em 4 (2%) no grupo placebo mais quimioterapia. Eventos adversos relacionados ao sistema imunológico de grau 5 foram observados em 6 (2%) pacientes no grupo serplulimabe mais quimioterapia; não houve evento adverso relacionado ao sistema imunológico de grau 5 no grupo placebo mais quimioterapia.

Comentário do avaliador científico

O serplulimabe em combinação com quimioterapia a cada 2 semanas mostrou eficácia em toda população nos desfechos analisados com perfil de segurança manejável.

Os resultados corroboram os estudos KEYNOTE 590 e Checkmate 648: a combinação da imunoterapia com a quimioterapia prolonga a sobrevida global; o maior benefício ocorre na população de maior expressão do PDL1, apesar da heterogeneidade dos testes de expressão do PDL1 e das dúvidas sobre o melhor ponto de corte do PDL1, entre os estudos. Na população com PD-L1 1 ≤ CPS < 10, a sobrevida global mediana foi de 14,2 versus 11,4 meses no grupo controle (HR, 0,74; IC 95%, 0,54–1,03). Nesta mesma população, o KEYNOTE 590 mostrou, na análise exploratória, a sobrevida global mediana de 10,5 meses no grupo pembrolizumabe mais quimioterapia versus 10,6 meses no grupo controle (neste estudo, o benefício foi impulsionado pela população com CPS PD-L1 ≥ 10). O ASTRUM 007, aqui comentado, foi realizado em população asiática e mostrou maior taxa de resposta, menor toxicidade hematológica e gastrointestinal, mantendo a mesma intensidade de dose dos estudos anteriores.

Assim, o estudo traz uma nova opção de imunoterápico e reforça o benefício da adição de imunoterapia à quimioterapia de primeira-linha para o carcinoma de células escamoso de esôfago avançado PD- L1 positivo.

Avaliador científico:

Dr. Wendel Ferreira Costa

Residência Médica em Cancerologia Clínica pela Liga Norte Riograndense Contra o Câncer

Preceptor da Residência Médica em Cancerologia Clínica na Liga Norte Riograndense Contra o Câncer

Oncologista Clínico no Oncocentro da DASA em Rio Grande do Norte