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SBOC REVIEW

Sobrevida Gloval com Ribociclibe e Letrozol em câncer de mama avançado

Resumo do artigo:

O estudo MONALEESA-2 randomizou 668 pacientes pós-menopausa para receber ribociclibe 600 mg/dia (21 dias consecutivos seguido de 7 dias de pausa, num total de 28 dias por ciclo) associado a letrozol 2,5 mg/dia versus placebo + letrozol. Foram excluídos os pacientes que fizeram uso de inibidor de CDK4/6 anteriormente, quimioterapia ou terapia endócrina no contexto de doença avançada. O desfecho primário foi sobrevida livre de progressão (SLP), já reportada em estudo anterior. Nesta nova publicação foi reportada a sobrevida global (SG), desfecho secundário do estudo.

A duração mediana de tratamento foi de cerca de 2 anos para ribociclibe e 1 ano para placebo. A mediana de seguimento nesta análise foi de 80 meses, a mais longa até agora para a classe de inibidores de CDK4/6.

As curvas de SG começaram a se separar aos 20 meses e continuaram em todo período analisado, atingindo em 72 meses 44,2% (IC 95%, 38,5 a 49,8) para o ribociclibe e 32,0% (IC 95%, 26,8 a 37,3) para o placebo. Este benefício foi observado em todos os subgrupos estratificados a despeito do status menopausal, local e número de metástases e tratamentos anteriores. Ainda assim, mais pacientes no braço placebo receberam terapias subsequentes (90,2% vs 87,8%), especialmente com um inibidor de CDK4/6 (34,4% vs 21,7%). A despeito deste desbalanço, o benefício no braço experimental continuou evidente.

Após 80 meses de seguimento, 54,2% dos pacientes no braço de ribociclibe evoluíram a óbito versus 65,6% no braço do placebo. A sobrevida global mediana foi 63,9 meses (IC 95% 52,4 a 71,0) no braço ribociclibe comparado com 51,4 meses no braço placebo (IC 95%, 47,2 a 59,7), no mesmo seguimento. O grupo experimental teve ainda uma redução de risco de morte de 24% comparado ao braço placebo.

Além do ganho de sobrevida, uma análise exploratória demonstrou que o ribociclibe atrasou a necessidade de quimioterapia por mais de um ano quando comparado ao braço do placebo (50,6 meses vs 38,9 meses, HR=0,74, IC 95%, 0,61 a 0,91).

Os eventos adversos graus 3 e 4 mais comuns que ocorreram no braço do ribociclibe foram neutropenia (63,8% vs 1,2%) e alterações de função hepática (14,4% vs 4,8%). O prolongamento do intervalo QT, como esperado, foi mais comum no braço de ribociclibe (4,5% vs 2,1%), porém sem consequências clínicas. Doença pulmonar intersticial grau 3 foi observada em 0,6% dos pacientes que receberam ribociclibe.

 

 

Hortobagyi G, Stemmer S, Burris H, et al. Overall Survival with Ribociclib plus Letrozole in Advanced Breast Cancer. N Engl J Med 2022;386:942-50. DOI:10.1056/NEJMoa2114663.
Sobrevida Gloval com Ribociclibe e Letrozol em câncer de mama avançado.

 

Comentário do avaliador científico:

O MONALEESA-2 mostrou benefício de sobrevida global ao estudar o ribociclibe + letrozol em primeira linha de pacientes com câncer de mama avançado RH-positivo HER2-negativo, com uma impressionante SG de 63,9 meses no braço de ribociclibe quando comparado aos 51,4 meses no braço placebo. (HR=0,76; p=0,004). Este acréscimo de mais de 12 meses é o maior já reportado até o momento em um estudo fase 3 de câncer de mama e solidifica a combinação de ribociclibe e letrozol como uma excelente opção terapêutica e a com maior ganho de SG até o momento para as pacientes RH-positivo HER2-negativo em primeira linha.

Em conjunto, os estudos MONALEESA mostram benefício de sobrevida global para todos os subgrupos no cenário de doença metastática, a despeito de status menopausal, número e local de metástases, terapia endócrina associada, ou linha de tratamento.

 

Avaliador científico:

Dr. Rafael de Negreiros Botan
Oncologista no Instituto de Câncer de Brasília – ICB
Especialização em Oncologia Clínica na Santa Casa de Belo Horizonte e Titulado em Oncologia Clínica pela SBOC/AMB