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SBOC REVIEW

Temozolamida dose densa isolada pode ser uma opção no tratamento complementar dos gliomas de baixo grau de alto risco?

Gliomas de baixo grau (GBG) representam um grupo heterogêneo de tumores gliais com diferentes desfechos prognósticos. Tal diferença é baseada no conhecimento molecular atual (IDH/1p19q) e no tratamento oncológico combinado com ressecção máxima segura, radioterapia (RT) e quimioterapia. O estudo do EORTC (22033-26033) publicado recentemente na Lancet Oncology por Baumert e colaboradores* avalia a temozolamida em dose densa no tratamento complementar dos GBG de alto risco em comparação a RT isolada.
Trata-se de estudo fase III, randomizado, multicêntrico, com desfecho primário de aumento de sobrevida livre de progressão. O status alto risco foi estabelecido com pelo menos 1 fator de risco: idade > ou = 40 anos, progressão radiológica, tumor > 5 cm ou ultrapassando a linha média ou sintomas neurológicos. De 2005 a 2010, pacientes foram randomizados (1:1) para receber radioterapia (RT) conformacional (até 50,4 Gy) isoalda (n = 240) ou temozolamida ( TMZ ) dose-densa 75 mg/m2 por 21 dias a cada 28 dias por no máximo 12 meses (n= 237). Com seguimento de 48 meses, SLP foi 39 meses para grupo TMZ vs 46 meses no grupo RT (HR 1,6, IC95%, 0,9-1,5 p=0,22), e SG mediana não alcançada. Pacientes portadores de IDH mutado, sem co-deleção apresentaram uma maior SLP com RT isolada em comparação a TMZ ( HR 1,86 CI 95% 1,21-2,87 p=0,0043). Não houve diferença de SLP nos subgrupos IDH mutado e codeletado e IDH selvagem. Houve maior toxicidade hematológica (14%) e infecção grau 3 e 4 (3%) no grupo TMZ.

* Baumert e cols. Lancet Oncol 2016. PMID: 27686946.

Comentários: A interpretação do estudo é limitado pelo curto tempo de seguimento. No subgrupo molecular IDH mutado, sem co-deleção 1p19q, houve ganho de SLP com RT comparado a TMZ isolada. O tratamento com temozolamida neste cenário se mostrou efetivo após radioterapia conforme os dados do estudo CATNON apresentado na ASCO 2016. Recentemente a atualização do estudo RTOG-9802, mostrou ganho importante de SG com RT seguido de quimioterapia nos gliomas de baixo grau de alto risco, principalmente no subgrupo tumor IDH mutado e histologia oligodendroglial.

Daniel Fernandes Marques, MD.
Oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês – Unidade Brasília