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SBOC REVIEW

Testagem molecular ampla em câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC): estamos prontos para a prática?

Com o avanço da tecnologia de sequenciamento genético e a descoberta de novos alvos terapêuticos em CPNPC, a oncologia de precisão ganhou amplo espaço. Em particular, o uso de técnicas modernas de testagem molecular ampla (do inglês comprehensive genomic sequencing) passaram a ser recomendados em consensos internacionais1 com o objetivo primário de facilitar a inclusão de pacientes em ensaios clínicos direcionados. No entanto, o impacto real da testagem molecular ampla no ambiente não acadêmico permanece pouco claro e foi razão de um estudo recentemente publicado2.

De forma retrospectiva, os autores revisaram os dados de 5688 pacientes, colhidos a partir de um banco de dados norte-americano. Quinze por cento dos casos foram testados primariamente com plataformas amplas (definidas como 30 genes ou mais). Dentre estes casos, 89% apresentavam pelo menos uma alteração, mais comumente nos genes TP53, KRAS, EGFR, CDKN2A e STK11. No entanto, a taxa de pacientes que receberam terapia anti-EGFR ou –ALK foi de apenas 10%; 5% receberam outras terapias alvo-direcionadas; 85% não receberam terapia-alvo. De relevância, houve uma elevada concordância (>98%) na pesquisa de EGFR e ALK entre pacientes testados com plataformas de rotina e testagem molecular ampla. Em um modelo de variáveis instrumentais, não foi observada associação entre a testagem molecular ampla e a mortalidade em 12 meses (p=0,63). Usando pareamento por escore de propensão, também não foi observada diferença significativa na sobrevida entre os grupos que receberam testagem ampla versus rotina (HR 0,92; IC95%, 0,73-1,11; P=0,40).

NCCN Guidelines 2018.

JAMA. 2018 Aug 7;320(5):469-477. doi: 10.1001/jama.2018.9824.

Comentários: O estudo traz um contraponto à recomendação indiscriminada da testagem molecular ampla. Em centros não acadêmicos, esta estratégia não se traduziu em ganho de sobrevida e se mostrou limitada na seleção terapêutica. Esses dados certamente devem impactar a prática na oncologia nacional.

Luiz Henrique de Lima Araujo, MD, PhD
Presidente da SBOC-RJ
Diretor Científico do Américas Oncologia
Pesquisador do Instituto Nacional de Câncer (INCA)