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SBOC REVIEW

Tivozanibe versus sorafenibe em pacientes com carcinoma de células renais avançado (TIVO-3): estudo de fase 3. Multicênctrico, randomizado, controlado e open-label

Resumo do artigo:
O tratamento do carcinoma de células claras de rim foi revolucionado com o desenvolvimento dos antiangênicos, dos inibidores de mTOR e mais recentemente com a imunoterapia. Esta última se tornou o tratamento padrão da primeira linha seja com a combinação de dois imunoterápicos (ipilimumabe e nivolumabe) ou com a combinação de imunoterápico mais antiangiogênico (pembrolizumabe ou avelumabe mais axitinibe). Nos pacientes que não receberam imunoterapia na primeira linha, o nivolumabe se consolida como opção com ganho em sobrevida global na segunda linha. Com as recentes mudanças na primeira e segunda linha, o tratamento sequencial dos pacientes após progressão tornou-se um desafio ainda sem uma conduta padrão. Tivozanibe é um novo inibidor de tirosina quinase seletivo contra VEGFR com meia vida longa de 4-5 dias.

TIVO-3 é um estudo de fase 3 desenvolvido para testar a eficácia de tivozanibe versus sorafenibe em pacientes com carcinoma de células claras renais com 2 ou 3 linhas de tratamento prévio. Um total de 350 pacientes foram randomizados 1:1 para tivozanibe na dose de 1.5mg via oral diário por 21 dias a cada 28 dias ou sorafenibe na dose de 400mg via oral duas vezes ao dia contínuo. O desfecho primário do estudo é sobrevida livre de progressão (SLP) mediana. A maioria dos pacientes era de risco intermediário pela classificação do IMDC (aproximadamente 60%) e haviam recebido 2 linhas de tratamento prévio (aproximadamente 60%). Cerca de 45% dos pacientes receberam duas linhas de terapia antiangiogênica previa e cerca de 25% dos pacientes receberam imunoterapia + antiangiogênico. A SLP mediana foi de 5.6 meses para o braço do tivozanibe versus 3.9 meses para os pacientes que receberam sorafenibe (HR 0·73; p=0·016). No subgrupo de pacientes que receberam imunoterapia previamente (26% da população total) a SLP mediana foi de 7.3 meses para tivozanibe versus 5.1 meses para sorafenibe (HR 0.55; p=0.028). A taxa de resposta objetiva foi de 18% para os pacientes do braço do tivozanibe e 8% para o braço do sorafenibe. A duração de resposta não foi atingida para o braço do tivozanibe versus 5.7 meses para o braço do sorafenibe. A sobrevida global foi de 16.4 meses para os pacientes que receberam tivozanibe versus 19.7 meses para os que receberam sorafenibe. Essa diferença não foi estatisticamente significativa (HR: 0.99; p=0.95). Eventos adversos relacionados ao tratamento ocorreram em 84% dos pacientes que receberam tivozanibe e 94% dos que receberam sorafenibe. De um modo geral a hipertensão foi mais comum no braço do tivozanibe (47% versus 28%), diarreia foi mais comum no braço sorafenibe (58% versus 35%) e fadiga foi mais comum no braço do tivozanibe (33% versus 21%). A interrupção de tratamento por evento adverso foi mais comum no braço do sorafenibe (63% versus 48%) e reduções de dose também foram mais comuns no braço do sorafenibe (38% versus 24%). O evento adverso grau 3 mais comum nos dois braços foi hipertensão ocorrendo em 20% no braço do tivozanibe versus 14% no braço do sorafenibe.

 

Tivozanib versus sorafenib in patients with advanced renal cell carcinoma (TIVO-3): a phase 3, multicentre, randomised, controlled, open-label study. Rini et al. Lancet Oncol. 2020 Jan;21(1):95-104.
Tivozanibe versus sorafenibe em pacientes com carcinoma de células renais avançado (TIVO-3): estudo de fase 3. Multicênctrico, randomizado, controlado e open-label.

 

Comentário do Avaliador Científico:
O estudo TIVO-3 foi capaz de demonstrar ganho de SLP e taxa de resposta em uma população politratada e com pacientes que haviam já progredido a imunoterapia e antiangiogênicos. Como esperado, por ser um inibidor mais seletivo, o tivozanibe demonstrou um perfil de toxidade um pouco melhor que o sorafenibe. Diferentemente de nivolumabe e cabozantinibe que demonstraram ganho em sobrevida global após primeira linha, o estudo não foi capaz de demonstrar ganho de sobrevida. No entanto, no cenário atual em que a imunoterapia se consolida na primeira linha, o dado é bem-vindo e torna-se uma nova opção no sequenciamento dos pacientes com carcinoma de células claras de rim metastático, embora seu uso no sequenciamento do tratamento deva ficar para linhas posteriores após uso de medicações que demonstraram ganho em sobrevida global (nivolumabe e cabozantinibe).

 

Avaliador Científico e Editor:
Dr. Daniel da Motta Girardi
Oncologista clínico do Hospital Sírio Libanês Brasilia. Advanced fellow no programa de tumores geniturinários do National Cancer Institute, Bethesda, Estados Unidos da América.