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SBOC REVIEW

Trastuzumabe Deruxtecan após Terapia Endócrina no Câncer de Mama Metastático

Resumo do artigo:

O câncer de mama receptor hormonal positivo e Her2 negativo é o subtipo mais comum, sendo aproximadamente 70% dos casos. Temos um amplo espectro de expressão de Her2 caracterizadas como Her2 negativos, definido como imunohistoquímica de 0, 1+ ou 2+ com ISH negativo. 1+ ou 2+ é definido como Her2-low. Já o 0, se subdivide em 2 categorias, definidas como uma marcação fraca da membrana em menos de 10% das células tumorais (Her2-ultralow) ou sem marcação.

Destiny-Breast06 é um estudo de fase 3, aberto, randomizado, desenhado para avaliar a eficácia e segurança do trastuzumabe deruxtecan comparado com a escolha do investigador de quimioterapia em pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo, Her2-low ou ultralow que receberam uma ou mais linhas de terapia endócrina, mas não receberam quimioterapia no cenário metastático.

Pacientes eram elegíveis se tivessem progressão de doença após receber pelo menos duas linhas de terapia endócrina para doença metastática. Pacientes que receberam apenas uma linha de terapia endócrina também eram elegíveis se tivessem recidiva dentro dos primeiros 24 meses após o início da hormonioterapia adjuvante ou progressão dentro dos 6 meses do início da terapia endócrina para doença avançada.

As pacientes foram randomizadas para receber trastuzumabe deruxtecan ou quimioterapia de escolha do investigador (capecitabina, nab-paclitaxel ou paclitaxel) até progressão ou toxicidade intolerável. O endpoint primário foi sobrevida livre de progressão na população Her2-low determinado pelo comitê cego de revisão central de acordo com o critério RECIST 1.1. Endpoints secundários foram sobrevida livre de progressão na população Her2-low de acordo com critério do investigador, resposta objetiva, duração de resposta em Her2-low e ITT e segurança.

A sobrevida livre de progressão por um comitê cego de revisão central na população Her2-low foi significativamente maior com trastuzumabe deruxtecan do que com quimioterapia (HR 0,62; IC 95%, 0,51 – 0,71 p<0,001). A sobrevida livre de progressão mediana foi de 13,2 meses no grupo do trastuzumabe deruxtecan e 8,1 meses no grupo da quimioterapia. Na população intention to treat, a sobrevida livre de progressão foi maior com trastuzumabe deruxtecan (13,2 meses) do que com quimioterapia (8,1 meses) – HR 0,63; IC 95%, 0,53-0,75 p<0,001. A eficácia na população Her2-ultralow foi similar à Her2-low e intention to treat. Esse benefício foi visto em todos os subgrupos.

Há uma tendência do aumento de sobrevida global, mas sem significância estatística (HR 0,83; IC 95%, 0,66-1,05). Além de dados imaturos, 20% das pacientes Her2-low do grupo da quimioterapia, após descontinuação do estudo, receberam o trastuzumabe deruxtecan. A resposta objetiva para pacientes Her2-low foi de 56,5% para trastuzumabe deruxtecan e 32,2% para quimioterapia.  Resultados na população Her2-ultralow foram similares a Her2-low e ITT. A incidência de eventos adversos foi similar nos dois grupos (98,8% no grupo deruxtecan e 95,2% no grupo quimioterapia).

Trastuzumabe deruxtecan mostrou benefício clínico significativo de sobrevida livre de progressão em comparação com a quimioterapia nas pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo, Her2-low e também em pacientes Her2-ultralow, sem novos eventos adversos. Pneumonite e disfunção ventricular esquerda que já foram previamente observadas em pacientes em uso de deruxtecan foram reportadas em um pequeno número de pacientes.

 

Comentário do avaliador científico:

No estudo Destiny-Breast06 o trastuzumabe deruxtecan mostrou eficácia em linhas mais precoces no tratamento de câncer de mama metastático Her2-low receptor hormonal positivo. Houve aumento de sobrevida livre de progressão para as pacientes Her2-low. Também houve benefício para Her2-ultralow, o que pode se justificar principalmente pelo efeito ByStander. Ainda não temos dados mostrando aumento da sobrevida global. Isso pode ser explicado pela imaturidade e uso de tratamentos sequenciais.

O estudo tem algumas limitações: não teve poder estatístico para mostrar diferenças nas pacientes Her2-ultralow. Além disso, não foram incluídas pacientes RH negativo, e não é claro que o trastuzumabe deruxtecan pode ser usado nesses casos.

Com esses dados, comprova-se que o trastuzumabe deruxtecan pode ser usado nas pacientes com câncer de mama avançado receptor hormonal positivo Her2-low após uso de terapias endócrinas, virgens de quimioterapia no cenário metastático. As pacientes ultra-low parecem apresentar benefício, porém mais estudos são necessários para haver uma mudança de prática clínica nesse subgrupo.

 

Citação:

Bardia A, Hu X, Dent R, Yonemori K, Barrios CH, O’Shaughnessy JA, et al. Trastuzumab Deruxtecan after Endocrine Therapy in Metastatic Breast Cancer. N Engl J Med. Published online September 15, 2024. DOI: 10.1056/NEJMoa2407086.

 

Avaliador científico:

Dra. Nicole Machado Rossi Monteiro

Oncologista Clínica no Grupo Oncoclínicas – Belo Horizonte/MG

Preceptora da Residência em Oncologia Clínica do Hospital das Clínicas da UFMG e Hospital da Baleia – Belo Horizonte/MG

Oncologista Clínica pela Santa Casa de Misericórdia – Belo Horizonte/MG

Pós Graduada em Preceptoria em Saúde pela EBSERH

Instagram: @dranicolerossionco

Cidade de atuação: Belo Horizonte/MG