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SBOC REVIEW

Trastuzumabe deruxtecana versus trastuzumabe emtansine para câncer de mama

Resumo do artigo:

Este é o primeiro estudo fase 3, randomizado, que avaliou a medicação trastuzumabe deruxtecana em pacientes portadoras de câncer de mama metastático ou irressecável, HER2 positivo, tratadas previamente com um taxano e trastuzumabe no cenário avançado ou metastático; era permitido a inclusão de pacientes que fizeram uso prévio de pertuzumabe e presença de metástases em sistema nervoso central, caso tratadas e estáveis. O estudo randomizou pacientes 1:1 para receber trastuzumabe emtansine (T-DM1) até então a medicação padrão em segunda linha versus trastuzumabe deruxtecana 5,4 mg/kg a cada 21 dias. O objetivo primário do estudo foi sobrevida livre de progressão (avaliado por um comitê independente e cego) e como objetivos secundários, incluíram sobrevida global, resposta objetiva e segurança.

Dos 524 pacientes randomizados, a sobrevida livre de progressão mediana no braço trastuzumabe deruxtecana ainda não foi alcançada (IC 95%, 18,5 - ainda não pode ser estimada) e foi de 6,8 meses (IC 95%, 5,6 -8,2) no braço T-DM1. Aos 12 meses, o percentual de pacientes vivas e sem progressão de doença foi de 75,8% com trastuzumabe deruxtecana e 34,1% (IC 95%, 27,7 - 40,5) com T-DM1. O hazard ratio para progressão ou morte por qualquer causa foi 0,28; IC 95%, 0,22 - 0,37; P<0,001. A sobrevida global em 12 meses foi 94,1% (IC 95%, 90,3 - 96,4) no braço trastuzumabe deruxtecana e 85,9% (IC 95%, 80,9 - 89,7) no braço Trastuzumabe Emtansine (HR 0,55; IC 95%, 0,36 - 0,86; limite de significância pré-estabelecido não alcançado). A resposta global (resposta completa ou parcial) ocorreu em 79,7% (IC 95%, 74,3 - 84,4) para pacientes que receberam trastuzumabe deruxtecana e 34,2% (IC 95% 28,5 - 40,3) para as que receberam T-DM1.

A incidência de eventos adversos relacionados a medicação de qualquer grau foi 98,1% para trastuzumabe deruxtecana e 86,6% para T-DM1; a incidência de eventos adversos grau 3 ou 4 foi 45,1% e 39,8%, respectivamente. Pneumonite ou doença pulmonar intersticial foi relatada em 10,5% dos pacientes no braço do trastuzumabe deruxtecan e em 1,9% nos do braço trastuzumabe emtansine. Importante destacar que não houve pneumonite grau 4 ou 5 no estudo.

 

 

Cortés, Javier and Kim, Sung-Bae and Chung, Wei-Pang and Im, Seock-Ah and Park, Yeon Hee and Hegg, Roberto and Kim, Min Hwan and Tseng, Ling-Ming and Petry, Vanessa et al. Trastuzumab Deruxtecan versus Trastuzumab Emtansine for Breast Cancer. N Engl J Med. Publised on line March 24, 2022. doi:10.1056/NEJMoa2115022.
Trastuzumabe deruxtecana versus trastuzumabe emtansine para câncer de mama.

 

Comentário da avaliadora científica:

O estudo Destiny Breast 03 é o primeiro estudo fase 3, a demonstrar benefício do tratamento trastuzumabe deruxtecana, anticorpo droga conjugado, quando comparado a outro anticorpo droga conjugado, trastuzumabe emtansine, até então considerado padrão para pacientes com câncer de mama HER2+ metastático, após progressão com um taxano e trastuzumabe.

A sobrevida livre de progressão resultou em um benefício a favor do trastuzumabe deruxtecana de 72% quando comparado ao trastuzumabe emtansine, dados extremamente animadores e robustos, não vistos nas últimas décadas no cenário de câncer de Mama.

Apesar de precoce, os dados da análise interina de sobrevida global sugerem ser extremamente interessantes, aos 12 meses com 94,1% das pacientes no braço trastuzumabe deruxtecan vivas e 85,9% no braço trastuzumabe emtansine.

Com relação a resposta global 79,7% das pacientes obtiveram resposta objetiva, e vale ressaltar que 16,1% das pacientes atingiram resposta completa. Não resta dúvidas que o trastuzumabe deruxtecan muda definitivamente o paradigma do tratamento de câncer de mama HER2+ metastático. Como perspectivas futuras, aguardamos resultados de outros estudos com a medicação, nos cenários de tratamento adjuvante, em primeira linha metastática e para baixa expressão de HER2.

 

Avaliadora científica:

Dra. Vanessa Petry
Residência em Oncologia Clínica pelo Hospital Santa Marcelina
Oncologista Clínica e Oncogeneticista do ICESP e Oncologia D’Or - SP