Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Tratamento do glioblastoma com poliovírus recombinante

O estudo fase I do uso de poliovírus recombinante em glioblastoma (GBM) recorrente foi publicado recentemente por Desjardins A et al. O objetivo do estudo era determinar perfil de toxicidade e dose ideal do poliovírus recombinante (PVSRIPO) para condução do estudo de fase II. Esse vírus vivo atenuado da poliomielite tipo 1 teve seu RNA modificado, conferindo incompetência neuronal e ablação da neurovirulência. Os estudos pré-clínicos demonstraram que o tropismo tumoral do PVSRIPO era determinado elo CD155, geralmente hiperexpresso em tumores sólidos. Como critério de inclusão, os pacientes deveriam ter GBM recorrente supratentorial confirmado histologicamente (biópsia feita pré-infusão do PVSRIPO), em um único sítio, com no mínimo 1 cm e no máximo 5,5 cm no maior diâmetro. O PVSRIPO era ministrado intratumoral por meio de um catéter previamente implantado. Inicialmente, foram definidas cinco doses inicias, que foram gradualmente reduzidas na fase de expansão. No estudo, foram apresentados dados descritivos e não incluídos testes estatísticos formais. No entanto, em relação aos objetivos secundários, sobrevida global (SG) e sobrevida livre de progressão (SLP), houve comparação com a coorte histórica de pacientes com a mesma semelhança clínica. Do total de 61 pacientes inclusos, 43 apresentavam tumor positivo para CD155. A infusão de PVSRIPO não foi associada a encefalomielite, poliomielite, meningite ou reações sistêmicas autoimunes. Eventos adversos grau 1 ou 2 ocorreram em 69% dos pacientes, sendo os mais comuns cefaleias, síndrome do trato piramidal (hemiparesia), convulsão, disfasia e distúrbio cognitivo. A sobrevida global mediana dos 61 pacientes foi de 12,5 meses.

Desjardins A e cols. N Engl J Med. 2018 Jul 12;379(2):150-161

Comentários: Com resultados instigantes para um estudo de fase I, o uso intratumoral do PVSRIPO demonstrou ser seguro e factível. O resultado apresentado deixa-nos entusiasmados em relação a essa modalidade de tratamento. O vírus não só confere citotoxicidade tumoral, mas desencadeia uma resposta imune sem aparente reação adversa sistêmica limitante.

Dra. Caroline Chaul Barbosa
Ex-Clinical fellow of Neuro Oncology, Memorial Sloan Kettering Cancer Center, NY, USA
Neuro-Oncologista do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo