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SBOC REVIEW

Tucatinibe, trastuzumabe e capecitabina em câncer de mama metastático HER2 positivo

Edição Especial SABCS 2019

Resumo do artigo:

Apesar dos avanços no tratamento dos tumores HER2 positivo vistos nos últimos anos, a grande maioria dos pacientes com doença avançada vão a óbito por consequência de progressão de doença. O padrão ouro de tratamento no cenário metastático é a associação de trastuzumabe, pertuzumabe e taxano em primeira linha e trastumuzabe emtansina em segunda linha. Após progressão não há tratamento padrão definido para linhas subsequentes.

O tucatinibe é um inibidor de tirosina quinase oral que apresenta alta afinidade pelo domínio HER2 e baixa afinidade pelo domínio EGFR (receptor do fator de crescimento epidérmico) que em estudo preliminar de fase I demonstrou forte atividade antitumoral em associação com capecitabina e trastuzumabe.

Neste estudo - HER2CLIMB, Murthy e colaboradores avaliaram a associação de tucatinibe, trastuzumabe e capecitabina em pacientes com câncer de mama metastático Her2 positivo previamente tratados com trastuzumabe, pertuzumabe e trastuzumabe emtansina.

Foram randomizados 612 pacientes na razão 2:1 a receber tucatinibe 300mg oral duas vezes ao dia, trastuzumabe (6mg/kg endovenoso ou subcutâneo a cada 21 dias com dose de ataque de 8mg/kg) e capecitabina 1000mg/m² oral duas vezes ao dia por 14 dias a cada 21 dias ou placebo, trastuzumabe e capecitabina.

A sobrevida livre de progressão (SLP) em 1 ano (desfecho primário) foi de 33% no braço do tucatinibe versus 12,3% no braço controle com HR 0,54 (0,42-0,71) e duração mediana de SLP de 7,8 meses e 5,6 meses respectivamente.

A sobrevida global em 2 anos (desfecho secundário) foi de 44,9% no braço do tucatinibe versus 26,6% no braço controle com HR 0,66 (0,5-0,88) e mediana de sobrevida global de 21,9 meses e 17,4 meses respectivamente. Pacientes com metástase cerebral previamente tratadas ou não foram incluídas e a sobrevida livre de progressão em 1 ano nesse grupo (desfecho secundário) foi de 24,9% no braço do tucatinibe e 0% no braço placebo com HR 0,48 (0,34-0,69) e mediana de 7,6meses versus 5,4 meses.

Os efeitos colaterais mais comuns foram diarreia, síndrome mão-pé, náuseas, fadiga e elevação transitória de transaminases, a maioria de intensidade leve e mais comumente observados no grupo do tucatinibe.

 

Tucatinib, Trastuzumab and Capecitabine for Her2 positive metastatic breast cancer. R K Murthy et al. Published on December 11,2019, at NEJM.org.
Tucatinibe, trastuzumabe e capecitabina em câncer de mama metastático HER2 positivo

 

Comentários do editor:

- As pacientes incluídas haviam sido previamente politratadas e quase 50% delas apresentavam metástase cerebral, população de pior prognóstico e excluída na grande maioria dos estudos clínicos.

- Houve redução de 46% no risco de progressão de doença em 1 ano e redução de 34% no risco de morte, ambos resultados estatisticamente significativos.

- Os resultados impressionantes do estudo HER2CLIMB parecem estabelecer novo padrão de tratamento para as pacientes HER2 positivo que falharam as principais medicações já consagradas.

 

Editora:
Dra. Andrea Shimada

Oncologista clínica do Hospital Sírio Libanês especialista em foco em câncer de mama e pulmão.

Revisora:
Dra. Adriana Hepner

Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.