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SBOC REVIEW

Usando quimioterapia contra neoplasia neuroendócrina pancreática metastática: o quão agressivamente tratamos? Dados de mundo real de um Cancer Center brasileiro

Resumo do artigo:

Neste estudo retrospectivo institucional, pacientes com pNEN metastático foram avaliados quanto às características epidemiológicas da população e desfechos da quimioterapia sistêmica entre primeira e terceira linha.

A população do estudo incluiu 35 pacientes com idade mediana de 54,4 anos; 51,4% tinham diabetes mellitus e 62,9% tinham história de tabagismo. A maioria dos tumores primários estava localizada no corpo ou cauda do pâncreas e 34.3% foi descrito como bem ou moderadamente diferenciados, 40% eram de alto grau. No geral, a quimioterapia de primeira a terceira linha foi prescrita 50 vezes, 62% consistiram em combinações baseadas em platina, esquema escolhido em 50% das vezes quando Ki-67<20%, 55,5% para Ki-67 entre 20% e 55% e 66,7% para Ki-67>55%. As medianas de SLP e TR foram de 7,8 meses e 40,7%; 13 meses e 33,3% e 3 meses e 0% de primeira, segunda e terceira linhas, respectivamente. A SG estimada foi de 53,4 meses. O gênero feminino (HR 2,8, p=0,034), DM (HR 4,5, p=0,004), tabagismo (HR 3,5, p=0,017), tumores de alto grau (HR 3,8, p=0,025) e tumores localizados na cabeça/colo do pâncreas (HR 7,1, p<0,001) foram fatores prognósticos negativos para SG na análise univariada. Esses dados de mundo real mostram que regimes baseados em platina são os esquemas preferenciais e ativos para o tratamento de pNEN, especialmente em primeira e segunda linha, com maior benefício para tumores indiferenciados.

 

 

Donadio MDS, Jesus VHF, Barros MJ. Using chemotherapy against metastatic pancreatic neuroendocrine neoplasm: how aggressively do we treat it? Real world data from a Brazilian Cancer Center. Braz J Oncol. 2022;18:e-20220285.
Usando quimioterapia contra neoplasia neuroendócrina pancreática metastática: o quão agressivamente tratamos? Dados de mundo real de um Cancer Center brasileiro.

 

Comentário do avaliador científico:

O tratamento do pNEN varia de acordo com sua classificação segundo a OMS e a quimioterapia tem eficácia estudada em tumores de alto grau, tanto nos tumores bem diferenciados quanto nos pouco diferenciados.

O presente estudo mostra a preferência por esquemas quimioterápicos à base de doublet de platina, sendo esse o esquema escolhido mais de 70% das vezes na primeira linha e em quase 54% na segunda linha. A chance de prescrever tal esquema aumenta à medida que o índice aumenta, com 66,7% dos esquemas baseados em platina dupla quando Ki-67>55%.

Com uma população consistindo exclusivamente de pacientes com tumores pancreáticos, o estudo mostra uma TR e SLP elevadas em comparação com a literatura considerando os sítios gastrointestinais, especialmente quando Ki-67>55%, seja em primeira ou em segunda linha. No entanto, o uso de doublet de platina na terceira linha merece sinceras considerações quanto à toxicidade e tolerância do esquema uma vez que parece não oferecer benefícios objetivos.

Dessa forma, os pacientes com pNEN parecem obter benefícios de quimioterapia baseada em platina especialmente na primeira e na segunda linha. Numericamente, o benefício parece ser maior para tumores indiferenciados. Apesar disso, o prognóstico permanece ruim e alguns fatores podem contribuir para piores desfechos, como sexo feminino, tumores silenciosos que não manifestam DM, mal diferenciados, tabagismo e localização na cabeça e pescoço do pâncreas.

 

Avaliador científico:

Dr. Mauro Donadio
Residência em Oncologia Clínica pelo AC Camargo Cancer Center
Oncologista Clínico dedicado a tumores gastrointestinais e tumores neuroendócrinos e vice-coordenador da Residência Médica em Cancerologia Clínica no AC Camargo Cancer Center