SBOC REVIEW
Uso de bisfosfonatos na terapia adjuvante do câncer de mama: diretrizes da ASCO
A American Society of Clinical Oncology acaba de lançar suas diretrizes para o uso de bisfosfonatos e de outros agentes moduladores ósseos como parte da terapia adjuvante de pacientes câncer de mama (CM), com foco, sobretudo, no benefício ou não desses agentes em termos de recorrência ou sobrevida.
A principal recomendação é que se deve considerar o uso de bisfosfonatos como parte da terapia adjuvante em pacientes com CM na pós-menopausa (neste caso definida como menopausa natural ou induzida por supressão/ablação ovariana; a interrupção do ciclo menstrual induzido pela quimioterapia não entra nessa definição). Os autores frisam que, embora o uso de bisfosfonatos tenha reduzido de maneira estatisticamente significativa a taxa de recorrência à distância e a mortalidade CM-específica, o benefício absoluto dessa intervenção foi pequeno. Assim, para a decisão final sobre o uso ou não desses agentes na adjuvância, deve-se pesar entre as chances de recorrência da doença e os potenciais fatores associados toxicidade (saúde bucal, calcemia, função renal). Os agentes (e regimes) de escolha para a terapia com intuito adjuvante são o ácido zoledrônico (4mg EV em infusão de pelo menos 15min a cada 6 meses) por 3 a 5 anos e o clodronato (1.600mg por dia oral) por 2 a 3 anos. A escolha entre os dois deve ser baseada no perfil de efeitos colaterais e preferência do paciente. Embora promissores, os dados sobre o uso de denosumabe ainda são insuficientes para recomendar seu uso no cenário adjuvante. Deve-se encaminhar os pacientes para avaliação odontológica antes do inicio do bisfosfonatos. Os riscos de osteonecrose da mandíbula deve ser discutido. Deve-se monitorar a função renal dos pacientes em uso de ácido zoledrônico. Recomenda-se o uso concomitante de vitamina D e cálcio, salvo quando contraindicado.
Dhesy–Thind e cols. J Clin Oncol. 2017 March 6. DOI: 10.1200 / JCO.2016.70.7257
Romualdo Barroso, MD, PhD.
Oncologista clínico. Postdoctoral fellowship na divisão de Câncer de Mama do Dana-Farber Cancer Institute/Harvard Medical School, Boston, EUA. Editor do SBOC Review.
