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SBOC REVIEW

Uso de contraceptivos hormonais contemporâneos e risco de câncer de mama

Mundialmente estima-se que 140 milhões de mulheres usam contraceptivos hormonais, o que representa 13% das mulheres entre as idades de 15 e 49 anos. Estudos prévios, a maioria caso-controle, avaliando o risco de desenvolver câncer de mama secundário ao uso de contraceptivos hormonais, demonstraram dados inconsistentes entre nenhuma elevação a um aumento de 20-30% no risco. Para além do aumento do risco existem outras questões em aberto como qual o impacto das diferentes combinações orais de estrógeno com os novos progestágenos (i.e, desogestrel, gestodeno), desses últimos isoladamente ou mesmo dos métodos contraceptivos hormonais não orais.

March e cols. publicaram recentemente dados de um estudo prospectivo de coorte, utilizando o registro nacional dinamarquês, que incluiu aproximadamente 1,8 milhão de mulheres entre 15 e 49 anos, sem história prévia de câncer, tromboembolismo venoso ou tratamento para infertilidade. Foram coletados dados sobre o uso de contraceptivos hormonais, diagnóstico de câncer de mama e possíveis fatores de confusão, como tabagismo e paridade. Os resultados apontaram um aumento de 20% no risco relativo de desenvolver câncer de mama com o uso dos contraceptivos hormonais, com um pequeno aumento no número absoluto (um caso extra para cada 7690 usuárias). Os dados relacionados aos risco de câncer de mama com uso de contraceptivos progestínicos exclusivos se mostraram inconsistentes nesse levantamento, sendo necessária a realização de novos estudos nesse cenário. Limitações do estudo são o não ajuste para alguns fatores importantes como amamentação, idade da menarca, ingesta alcoólica, prática de atividade física e índice de massa corpórea (apenas para primíparas ou multíparas).

March e cols. N Engl J Med. 2017 Dec;377:2228-39. PMID: 29211679

Comentários: Os resultados desse estudo apontam aumento de 20% no risco relativo de câncer de mama com o uso de contraceptivos hormonais, mas com pequeno aumento no risco absoluto. Em que pesem os demais benefícios desses agentes que não a efetiva contracepção, como redução no risco de neoplasias (ovário e endométrio), se faz necessário explicar ao paciente o risco recém-identificado, no contexto de benefícios e alternativas à contracepção hormonal, para uma posterior decisão compartilhada.

Luciana Landeiro, MD, PhD.
Oncologista clínica do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB)
Doutora em Oncologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)