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SBOC REVIEW

Uso de lomustina e bevacizumabe no glioblastoma

Wick et al. conduziram um estudo de fase 3 randomizado de comparação de lomustina monodroga (110 mg/m2 a cada seis semanas) com lomustina (inicialmente 90 mg/m2 e subsequentemente 110 mg/m2, se bem tolerada) associada a bevacizumabe (10 mg/kg a cada duas semanas) em pacientes com glioblastoma multiforme na primeira progressão. O estado de metilação de MGMT foi usado como critério de estratificação. O objetivo primário era sobrevida global (SG) e os secundários, sobrevida livre de progressão (SLP) e qualidade de vida (QV), além de uso de glicocorticoides. Exame de imagem (ressonância magnética — RM) era realizado na inclusão, semanalmente da semana 6 à semana 24 e, posteriormente, a cada três meses. Questionário de QV foram realizados a cada três meses.

Com randomização 2:1, 437 pacientes foram incluídos. No grupo em monoterapia, a mediana de ciclos recebidos foi de um, e no grupo da combinação, três ciclos para lomustina e três para bevacizumabe. Efeitos adversos de graus 3 a 5 foram observados em 38% no grupo monodroga (uma morte) e 63,6% na combinação (cinco mortes). A SG mediana do grupo-controle foi de 8,6 meses (intervalo de confiança [IC] de 95%, 7,6 a 10,4 m) e 9,1 meses (IC de 95%, 8,1 a 10,1 m) no grupo intervenção (hazard ratio [HR] de 0,95, IC de 95%, 0,74 a 1,21). A SLP foi de 1,5 mês no grupo em monoterapia e de 4,2 mês na combinação (HR de 0,49; IC de 95%, 0,39 a 0,61). O tempo para iniciar o uso ou aumentar a dose de glicocorticoide, balanceado entre os grupos na randomização, não apresentou diferença entre os braços. Também não houve diferença em QV.

Wick W, Gorlia T, Bendszus M, Taphoorn M, Sahm F, Harting I, et al. Lomustine and Bevacizumab in Progressive Glioblastoma. N Engl J Med. 2017 Nov 16;377(20):1954-63.

Comentários: além de não demonstrar aumento de SG, o uso da combinação de bevacizumabe na segunda linha em glioblastoma multiforme também não demonstrou melhora na QV ou diminuição do uso de glicocorticoide. Nenhum subgrupo demonstrou benefício. Os efeitos adversos importantes da combinação também podem ter contribuído para esse desfecho clinico.

Caroline Chaul Barbosa, MD
Neuro-Oncologista do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), ex-fellow de Neuro-Oncologia do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, Nova York