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SBOC REVIEW

VP4-2021: EMPOWER-Cervical 1/GOG-3016/ENGOT-cx9: Análise interina do estudo de fase 3 de cemiplimabe versus quimioterapia de escolha do investigador em pacientes com câncer de colo de útero recorrente ou metastático

Resumo do artigo:

Neste estudo de fase III aberto, randomizado, multicêntrico, o Cemiplimabe (anticorpo monoclonal anti-PD-1) foi comparado à quimioterapia de escolha do investigador (pemetrexede, vinorelbina, gemcitabina, irinotecano ou topotecano) em pacientes com diagnóstico de câncer de colo de útero metastático/recorrente que tivessem progredido após tratamento de 1ª linha baseado em platina.

Os pacientes, independente do perfil de expressão do PD-L1, foram randomizados na proporção 1:1 para receber cemiplimabe 350 mg IV a cada 3 semanas ou a quimioterapia de escolha do investigador, por até 96 semanas. A única estratificação realizada foi quanto à histologia: carcinoma de células escamosas (CEC) versus adenocarcinoma/adenoescamoso (AC). O desfecho primário foi sobrevida global (SG) analisado hierarquicamente em pacientes com histologia escamosa seguido pela população total (CEC + AC). Desfechos secundários foram: sobrevida livre de progressão (SLP), taxa de resposta objetiva (TRO), qualidade de vida (QoL) e segurança. Análise interina foi planejada com 85% de eventos na população de CEC.

Foram incluídos 608 pacientes, sendo 477 CEC e 131 AC. A mediana de idade foi de 51 anos e todas as pacientes com ECOG 0-1. A exposição prévia ao bevacizumabe foi de 48,4% no grupo do cemiplimabe e 48,7% no grupo da quimioterapia. A mediana de exposição ao cemiplimabe foi de 15 semanas (variando entre 1,4-100,7 semanas).

Na 1ª análise interina do estudo, com um follow-up mediano de 18,2 meses, a SG foi de 12,0 meses versus 8,5 meses favorecendo o cemiplimabe, com razão de risco de 0,685 (IC 95% 0,560-0,838; p = 0,00011). Analisando a SG de acordo com a estratificação de risco por histologias, temos: SG de 11,1 versus 8,8 meses favorecendo o cemiplimabe, com razão de risco de 0,727 (IC 95% 0,579-0,914; p = 0,00306) em CEC e SG de 13,3 versus 7,0 meses favorecendo o cemiplimabe, com razão de risco de 0,556 (IC 95% 0,363-0,853; p < 0,005) em AC. A SLP da população global do estudo foi de 2,8 meses para o cemiplimabe e 2,9 meses para o grupo que recebeu quimioterapia (razão de risco de 0,745; IC 95% 0,625-0,890; p = 0,00048). A taxa de resposta objetiva da população global foi de 16,4% versus 6,3% em favor do cemiplimabe, com uma duração de resposta mediana de 12,4 meses versus 6,9 meses novamente favorável ao cemiplimabe.

A estimativa da QoL foi sempre favorável ao cemiplimabe desde o início do estudo, sendo que as pacientes deste grupo sempre mantiveram ou melhoraram sua QoL ao passo que o grupo da quimioterapia apresentou deterioração da QoL a partir do 2º ciclo de tratamento.

A taxa de eventos adversos ≥ grau 3 foi de 45% no grupo do cemiplimabe e 53,4% no grupo da quimioterapia, sendo os mais frequentes: anemia (12,0% vs 26,9%), náuseas (0,3% vs 2,1%), vômitos (0,7% vs 2,4%) e astenia (2,3% vs 1,0%). A taxa de eventos imuno-mediados ≥ grau 3 foi de 6,0% no braço do cemiplimabe e 0,7% do braço da quimioterapia. 26 pacientes (8,7%) que receberam cemiplimabe e 15 pacientes (5,2%) que receberam quimioterapia descontinuaram o tratamento por eventos adversos, tendo ocorrido 5 óbitos em cada um dos grupos.

Baseados nesses dados, o comitê de avaliação independente decidiu pela interrupção do estudo e permitiu que as pacientes ainda vivas no grupo da quimioterapia recebessem o cemiplimabe.

 

Tewari K.S. et al. VP4-2021: EMPOWER-Cervical 1/GOG-3016/ENGOT-cx9: Interim analysis of phase III trial of cemiplimab vs. investigator’s choice (IC) chemotherapy (chemo) in recurrent/metastatic (R/M) cervical carcinoma. Annals of Oncology. 2021 May;32(7):940-1; doi.org/10.1016/j.annonc.2021.04.009. ESMO Virtual Plenary Abstracts.
VP4-2021: EMPOWER-Cervical 1/GOG-3016/ENGOT-cx9: Análise interina do estudo de fase 3 de cemiplimabe versus quimioterapia de escolha do investigador em pacientes com câncer de colo de útero recorrente ou metastático.

 

Comentários do avaliador científico:

Cemiplimabe é um anticorpo monoclonal recombinante humano (IgG4) que se liga ao receptor-1 de morte programada (PD-1). Atua, como várias outras imunoterapias, na via PD-1/PD-L1. Esta molécula teve sua primeira aprovação para o tratamento de carcinoma espinocelular de pele localmente avançado ou metastático que não puderam receber tratamento cirúrgico ou de radioterapia.

O resultado deste estudo abre um horizonte promissor no tratamento do câncer de colo de útero metastático ou recorrente. A partir de 2014, tivemos uma mudança no cenário do tratamento destas pacientes, com a publicação do estudo que avaliou tratamento combinado de quimioterapia baseado em platina e bevacizumabe em 1ª linha, com ganho de sobrevida global de 4,3 meses favorável ao bevacizumabe. Porém ainda havia a necessidade de tratamentos subsequentes para as pacientes que progredissem após este tratamento de 1ª linha. O cemiplimabe demonstrou ganho de 3,5 meses de sobrevida global em 2ª linha, a mesma magnitude demonstrada pela incorporação do bevacizumabe na 1ª linha.

O cemiplimabe passará a ser o tratamento de 2ª linha para câncer de colo de útero metastático após aprovação das agências reguladoras.

 

Avaliador científico:

Dr. Diocésio Alves Pinto de Andrade
Oncologista clínico pelo Hospital de Câncer de Barretos
Clinical research fellow, Cliniques Universitaires Saint-Luc – Bruxelas/Bélgica
Diretor Técnico do InORP Grupo Oncoclínicas – Ribeirão Preto
Diretor Financeiro do EVA – Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos