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SBOC-AACR Joint Congress discute lições da pandemia para a comunidade oncológica global

SBOC-AACR Joint Congress discute lições da pandemia para a comunidade oncológica global

Após dois dias de intensa programação científica e tecnológica, chega ao fim o SBOC-AACR Joint Congress: A Translational Approach to Clinical Oncology. Em um ano desafiador, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e a American Association for Cancer Research (AACR) precisaram reinventar a forma de reunir oncologistas dos dois hemisférios das Américas, e o fizeram por meio de uma programação totalmente virtual e interativa – que, além dos principais avanços no cuidado com pacientes de diferentes tipos de câncer, da pesquisa básica à aplicação clínica, abordou o momento único pelo qual todo o planeta passa, com o enfrentamento da pandemia de COVID-19.

Em Nova York, no epicentro da pandemia nos Estados Unidos, a Dra. Monika Safford, da Universidade Cornell, viu a maioria das áreas do hospital da instituição serem convertidas em leitos de UTI já nos primeiros meses. “Isso incluiu a área de cirurgias, que precisaram ser interrompidas. Qualquer cama que tivesse uma fiação para suporte ventilatório rapidamente precisou ser convertida em leito de UTI”, contou na sessão especial “O que aprendemos com a pandemia do novo coronavírus”.

Ao longo de sua fala, Dra. Safford revisou as origens e a fisiopatologia da COVID-19, apresentou a literatura emergente sobre pacientes com câncer e os riscos aos quais estão expostos em caso de infecção pelo novo coronavírus e discutiu as principais recomendações e dificuldades no cuidado com aqueles já infectados.

“Faz pouco tempo que tomamos conhecimento dos efeitos citotóxicos diretos que ocorrem com a ligação do vírus à membrana celular, desde a lesão e remodelação do tecido, inflamação, vasoconstrição e permeabilidade vascular, até a via de dano às células endoteliais e tromboinflamação”, explicou. “Está muito claro que esse vírus faz muito mais do que atacar a fisiologia pulmonar, com efeitos de longo alcance em quase todos os órgãos, danos ao sistema hematológico, no coração, cérebro, rins… Tudo isso ampliou ainda mais a complexidade do cuidado com os pacientes.”

Entre os muitos pacientes que chegavam ao hospital estavam aqueles com condições de saúde já agravadas antes da infecção, com comorbidades de difícil tratamento e que representam fatores de risco para agravamentos da COVID-19, como os pacientes oncológicos. “Ainda era um momento de grandes incertezas, e os relatórios de que dispúnhamos eram poucos e, em muito, conflitantes”, conta.

Dra. Monika Safford citou dois dos primeiros estudos sobre as relações entre o câncer e agravamentos da COVID-19, um vindo da China e outro da sua própria cidade, Nova York. “Eles tinham conclusões opostas!”, lembra. Mas a comunidade científica internacional aprendeu com a pandemia nos últimos meses e trouxe dados mais seguros, acredita a pesquisadora. “Um estudo francês publicado no começo de outubro finalmente descreveu, em detalhes, os fatores de risco para complicações em pacientes com câncer – entre eles, idade avançada, consumo de cigarro em algum momento da vida, baixo estado funcional, doenças metastáticas e uso de quimioterapia citotóxica nos três meses anteriores à infecção”, destaca.

Porém, as taxas de mortalidade foram as mesmas para pacientes com COVID-19 e sem câncer. “Sobre os fatores associados ao óbito do paciente oncológico infectado pelo novo coronavírus, sabemos que ser do sexo masculino aumenta as chances, além de baixo estado funcional, histórico de tabagismo, câncer em progressão (contra a doença em remissão) e, em termos de sintomas, dispneia, que tem se apresentado como indicador de prognóstico ruim.”

Foram apresentados ao longo da palestra diversos outros estudos de realidades locais, mas, de acordo com Dra. Safford, “muitas de nossas perguntas relacionadas aos pacientes oncológicos na pandemia serão respondidas pelas grandes cooperações que vêm sendo formadas entre diferentes centros de pesquisa”. Ela citou o COVID-19 and Cancer Consortium (CCC19), formado entre instituições do Reino Unido, Canadá e França; o UK Coronavirus Cancer Monitoring Project (UKCOMP); e a Thoracic Cancers International COVID-19 Collaboration, ou Teravolt, entre Reino Unido, Itália, Bélgica, Espanha, Suíça, França, Países Baixos e China.

A palestra contou ainda uma série de orientações sobre como lidar com o paciente oncológico já infectado e as equipes médicas dedicadas aos cuidados com eles, muitas das quais foram reunidas no especial coronavirus.sboc.org.br, atualizado frequentemente pela SBOC desde o início da pandemia.

Oncologistas conectados de diversas partes do Brasil e do mundo

Para a presidente da SBOC, Dra. Clarissa Mathias, “a realização de um evento do porte deste congresso translacional em meio a uma pandemia sem precedentes foi um enorme desafio, mas também um aprendizado”.

Ela lembra que a programação precisou ser configurada para atender as necessidades atuais de distanciamento social, mas sem prejuízos à interação. “Faz parte dos eventos da SBOC reunir a comunidade oncológica, estabelecer diálogos e promover o aprendizado e o acolhimento por meio da troca de experiências. Com a ajuda da tecnologia e imbuídos desse espírito de partilha que faz parte do DNA dos eventos da SBOC, nós conseguimos”, comemora.

Ao longo dos dois dias de programação foram registrados mais de mil participantes. Saiba mais sobre o SBOC-AACR Joint Congress: A Translational Approach to Clinical Oncology em sbocaacrjointcongress.com.