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Câncer de mama metastático triplo-negativo: finalmente um avanço importante no tratamento

Câncer de mama metastático triplo-negativo: finalmente um avanço importante no tratamento

Posicionamento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica


Câncer de mama triplo-negativo é relativamente raro, e constitui o subtipo mais grave dos cânceres de mama. Embora diversos quimioterápicos tradicionais possam ter algum grau de atividade contra a doença metastática, o controle é pouco duradouro, e a expectativa de vida das pacientes é menor que dois anos. Neste contexto bastante sombrio e sem avanços significativos nas últimas décadas, foi apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO Congress 2018) o IMpassion 130, primeiro estudo de fase 3 a documentar benefício significativo de imunoterapia em câncer de mama metastático. Em face da importância do resultado, o estudo foi simultaneamente publicado na mais renomada revista científica médica, o New England Journal of Medicine.

O estudo IMpassion 130 randomizou mulheres com câncer de mama metastático triplo-negativo na primeira linha para receberem tratamento com nab-paclitaxel e placebo ou o mesmo nab-paclitaxel acrescido de atezolizumabe, um imunoterápico moderno. Foram planejadas análises para o grupo total das 451 pacientes de cada braço de tratamento, assim como uma análise exclusivamente para as 185 pacientes de cada braço de tratamento cujos tumores tinham a presença de PD-L1 nos linfócitos que infiltram o tumor. PD-L1 é o alvo da imunoterapia (atezolizumabe), e sua presença tem sido relacionada a maior benefício da imunoterapia em diversos tipos de câncer.

Os resultados do estudo mostraram que, avaliando a população como um todo, havia um controle mais duradouro da doença no grupo tratado com atezolizumabe associado ao nab-paclitaxel, embora a diferença na duração do controle tenha sido modesta. Já na análise das pacientes com PD-L1 positivo, o benefício em termos de controle da doença foi maior, com uma redução do risco de progressão de 38% (o que significou um ganho de 2,5 meses no controle da doença) em favor da utilização do atezolizumabe. O resultado mais impressionante e animador, no entanto, foi o achado (ainda preliminar) de uma redução de 38% no risco de morte (representando um ganho de 10 meses em termos de sobrevida) no grupo que recebeu atezolizumabe. A toxicidade do tratamento foi leve em ambos os grupos de tratamento (com ou sem imunoterapia).

No contexto de uma doença extremamente grave e praticamente órfã de novas opções de tratamento nas últimas décadas, em função da disponibilidade de ambas as medicações em nosso País (embora aprovadas para outros tipos de tumores) e, principalmente, em face do benefício significativo que este tratamento pode proporcionar às pacientes, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) vê fundamentos científicos sólidos para solicitar celeridade na aprovação pelas autoridades regulatórias  da combinação de nab-paclitaxel e atezolizumabe para o tratamento de pacientes com câncer de mama triplo-negativo metastático no Brasil.

Dr. Sergio D. Simon
Presidente da SBOC
CPO-Grupo Oncoclínicas

Dr. José Bines
Clínica São Vicente – Rio de Janeiro

Dr. Gilberto Amorim
Oncologia D’Or RJ

Dr. Max S. Mano
Hospital Sírio-Libanês, São Paulo

Dr. Rafael Kaliks
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo

Dr. Carlos H. Barrios
Hospital São Lucas da PUCRS, Porto Alegre
Latin American Cooperative Oncology Group (LACOG)