Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

Notícias

Notícias

Com previsão de oferta pelo SUS em fevereiro, trastuzumabe será produzido no Brasil

Com previsão de oferta pelo SUS em fevereiro, trastuzumabe será produzido no Brasil

A Roche transferirá o conhecimento técnico para que o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e a empresa Axis Biotec produzam o trastuzumabe no país. O acordo foi assinado na semana passada, poucos dias após a incorporação do medicamento ao Sistema Único de Saúde (SUS) ser oficializada pelo Ministério da Saúde com prazo de 180 dias para entrar em vigor.

Até então, a droga era importada pelo governo brasileiro e oferecida na rede pública, desde 2013, apenas para as pacientes com câncer de mama HER2-positivo em estágio inicial ou localmente avançado. A partir de fevereiro, o trastuzumabe estará disponível no SUS também para as mulheres com doença metastática.

Segundo informações do governo do Paraná, que assinou o acordo de transferência de tecnologia, o Tecpar será o fornecedor exclusivo de trastuzumabe para o governo federal até 2019. Depois disso, atenderá 40% da demanda do SUS. O acordo representa mais de 103 mil doses por ano a serem distribuídas às pacientes.

Conforme explica o Ministério da Saúde, esta é uma das 81 Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) vigentes no país. No total, a pasta projeta economia de R$ 5,3 bilhões ao ano com todas elas. O valor corresponde a um terço do que o governo gasta com assistência farmacêutica hoje. A PDP do trastuzumabe já estava prevista desde 2013. De imediato, a droga será vendida para a União com 30% de desconto e haverá queda contínua de 5% ao ano.

Uma vez concluída a transferência de tecnologia, o medicamento produzido pelo instituto paranaense precisará do registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para posterior precificação pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Segundo o Ministério da Saúde, somente após a conclusão desse processo poderão ser divulgados os valores exatos da economia com a fabricação nacional da droga. A patente do trastuzumabe expira em 2019. O Tecpar está negociando diretamente com a Roche para fornecer 100% do medicamento ao SUS até lá.

Por seu alto custo – média de R$ 42 mil em seis meses de tratamento – a droga está entre as mais judicializadas no Brasil. Também consta da lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) que reúne medicamentos considerados essenciais para os pacientes oncológicos. O registro do trastuzumabe na Anvisa é de 1999 e a cobertura pelos planos de saúde teve início em 2005.

“Recebemos a notícia da incorporação ao SUS para pacientes metastáticas com muita satisfação, mas lamentamos que seja tão tardia”, afirma o Dr. Luiz Alberto Mattos, oncologista no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Em sua opinião, os órgãos governamentais tinham mesmo que buscar o entendimento com a indústria farmacêutica. “O que não podia era continuar como estava”, frisa.

O especialista ressalta o papel da SBOC na conquista. A entidade apresentou um parecer técnico ao Ministério da Saúde englobando revisão sistemática da literatura, avaliação de custo-efetividade e análise de impacto orçamentário. “A atual gestão, com seu dinamismo e visão estratégica, contribuiu de maneira fundamental para essa vitória e deixará esse legado”, finaliza Mattos.