Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

Notícias

Notícias

Dia Nacional da Mamografia: cobertura e qualidade do exame são os principais desafios

Dia Nacional da Mamografia: cobertura e qualidade do exame são os principais desafios

Neste Dia Nacional da Mamografia, 5 de fevereiro, vale lembrar não apenas a importância do exame para a detecção precoce do câncer de mama, uma das principais causas de morte de mulheres no Brasil, mas também o grande desafio que representa ampliar a sua cobertura e controlar a sua qualidade no país.  “Assim como a distribuição de mamógrafos no Brasil é preocupante, dada a grande concentração no Sul-Sudeste e nas capitais, a qualidade desses equipamentos e o nível de capacitação dos profissionais que realizam e interpretam as mamografias também é desigual entre os serviços”, avalia o oncologista clínico Max Mano, chefe do grupo de câncer de mama do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

“Não existem dados consolidados representativos desta realidade do Brasil como um todo”, afirma a radiologista Linei Urban, coordenadora da Comissão Nacional de Qualidade em Mamografia, formada por Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). “As clínicas que buscam o selo de qualidade do CBR o fazem voluntariamente; muitas vezes já têm segurança de que seus exames estão em conformidade com os padrões exigidos”, explica.

De acordo com o Dr. Max Mano, é frequente a repetição do exame por falta de qualidade de mamografias realizadas em outros serviços. “Recebemos exames bem feitos, mas também é comum precisarmos solicitar um novo laudo ou mesmo novas imagens”, relata o oncologista. A recomendação internacional é de que o índice de necessidade de repetição seja menor que 10%.

Menos de 10% dos mamógrafos do país foram avaliados

O Ministério da Saúde editou a Portaria 2.898, em 2013, tornando obrigatória a participação de todos os estabelecimentos que realizam o exame no Programa Nacional de Qualidade em Mamografia (PNQM). A norma abrange serviços públicos e privados, vinculados ou não ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O PNQM avalia os serviços com base em critérios e parâmetros referentes à qualidade da estrutura, do processo, dos resultados, da imagem clínica e do laudo. Contudo, passados mais de três anos, dos 5,5 mil mamógrafos registrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), menos de 400 foram avaliados.

“A dificuldade está na primeira fase da avaliação, quando cada Vigilância Sanitária local precisa verificar se os serviços de mamografia de sua área estão cumprindo os requisitos mínimos de qualidade relacionados à infraestrutura, equipamentos e treinamento dos profissionais”, explica o físico João Emílio Peixoto, responsável no Instituto Nacional de Câncer (Inca) pela avaliação da qualidade dos exames encaminhados pelos serviços em cumprimento ao PNQM. “Isso não está sendo feito ou os serviços não estão cumprindo os requisitos. Somente concluída esta etapa, podemos proceder a avaliação da qualidade dos exames realizados”, afirma.

Experiências de controle são efetivas para melhorar a qualidade

Estudo publicado na Revista de Saúde Pública em 2012 comprova que as intervenções no Programa de Controle de Qualidade da Mamografia foram efetivas para a melhoria da qualidade do exame e do monitoramento dos serviços que compõem a rede SUS em Goiás.

O percentual de serviços classificados como inaceitáveis em relação aos critérios técnicos avaliados diminuiu de 77,1%, em 2007, para 40%, em 2009. Os médicos, no entanto, continuavam a dispor de mamografias de qualidade inferior e eram mais propensos a diagnósticos incorretos. “É necessário dar continuidade às ações de controle de qualidade, inclusive nos serviços que não atendem ao SUS”, frisam os autores do estudo.

Um piloto do Programa Nacional de Qualidade em Mamografia implantado de março de 2007 a agosto de 2008 em 53 serviços de mamografia do SUS, no estado da Paraíba e nas cidades de Belo Horizonte, Goiânia e Porto Alegre, indicou que aspectos relacionados à infraestrutura, dose de radiação e qualidade da imagem precisam ser aprimorados. Conforme o relato da experiência na página do Inca, “é necessário também implantar ações de capacitação continuada de técnicos e radiologistas com o objetivo de melhorar a qualidade dos exames (posicionamento da paciente e técnica radiográfica) e da interpretação radiológica”.

Um terço dos requisitos de infraestrutura (sala de exame, vestimentas de proteção individual, características e instalação do mamógrafo e da processadora) não foram cumpridos. O índice de não conformidade encontrado nos processos que controlam a qualidade da imagem e a dose de radiação foi de 25%.

O percentual de conformidade para os exames selecionados e apresentados pelos serviços foi de 93% para o posicionamento correto e de 90% para a qualidade da imagem. No entanto, houve discordância em 3 de cada 10 conjuntos de exames comparando-se a interpretação dos radiologistas dos serviços e a dos especialistas do Colégio Brasileiro de Radiologia.

Desafios do combate ao câncer de mama no Brasil

A estimativa do Inca é de que 58 mil mulheres sejam acometidas por câncer de mama ao ano no país e que haja 14 mil mortes. Trata-se de um dos tipos de neoplasia mais frequentes no Brasil, abrangendo 25% dos casos da doença.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que 70% das mulheres com mais de 40 anos realize mamografia todo ano. Levantamento da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia mostra que ainda estamos longe de atingir essa meta. A maior cobertura ocorre em Santa Catarina (31,35) e a menor no Pará (7,5%).

“Embora estejamos evoluindo na qualidade das mamografias como resultado de diversas iniciativas, o Brasil ainda não conseguiu reduzir a mortalidade por câncer de mama, que é o objetivo principal de todo programa de rastreamento”, ressalta a Dra. Linei Urban. “Permanecem como desafios a falta de cobertura adequada, a qualidade insatisfatória de parte dos exames realizados e também o desconhecimento de pacientes que ainda não procuram o exame como ação preventiva rotineira”, finaliza a coordenadora da Comissão Nacional de Qualidade em Mamografia.