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Disparidades do câncer em discussão no SBOC 2023

Disparidades do câncer em discussão no SBOC 2023

Dando continuidade aos debates sobre acesso e equidade, a programação desta quinta-feira do XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, 17 de novembro, teve diversas mesas que debateram as disparidades do câncer no Brasil e no mundo. 

Na sessão plenária da IV Semana Brasileira de Oncologia, que une os Congressos das Sociedades Brasileiras de Oncologia Clínica, de Cirurgia Oncológica e de Radioterapia, a principal aula foi da convidada internacional Dra. Elisabete Weiderpass, brasileira radicada na Suécia e primeira mulher a ocupar o cargo de diretora-geral da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) – órgão vinculado à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ela abordou a epidemiologia do câncer a partir da perspectiva dos países de média e baixa renda e apresentou dados do IARC sobre os casos e a mortalidade pela doença ao redor do mundo. Segundo a instituição global, até o fim do século o câncer será a principal causa de morte em todos os países do globo. Por isso, reforçar medidas preventivas tem se tornado fundamental no combate à doença.

Caso recomendações básicas fossem seguidas pela sociedade – como não fumar, se alimentar bem, manter uma rotina de exercícios etc. – 5,3 milhões de casos de mortes prematuras por câncer poderiam ter sido prevenidas apenas em 2020, ou seja, 53% da totalidade dos casos naquele ano. 

Ela também comentou como álcool e obesidade estão no centro do aumento de casos ao redor do mundo. O consumo, ainda que moderado, de bebidas alcóolicas foi responsável por 740 mil casos de câncer em 2020. Já a obesidade fez com que 479 mil pessoas desenvolvessem tumores. 

Nesse cenário, Dra. Elisabete defende que uma mudança de paradigma é necessária. “É um imperativo ético que o diagnóstico precoce e o tratamento equânime estejam disponíveis em todos os países, inclusive os de baixa e média renda, o que hoje não é o caso, sobretudo na África subsaariana”, resumiu. 

A sessão também contou com aulas dos estadunidenses Dr. Jonathan Trent (Universidade de Miami, EUA), Dr. Shalom Kalnicki (Albert Einstein College of Medicine, EUA) e Dra. Kelly Hunt (The University of Texas MD Anderson Cancer Center, EUA). Os especialistas falaram, respectivamente, do que esperar para a próxima na oncologia clínica, na radioterapia e na cirurgia oncológica. 

Durante o dia, a joint session organizada em parceria pela SBOC e pela American Association for Cancer Research (AACR) também girou em torno deste tema. O encontro foi coordenado pelo presidente da Sociedade, Dr. Carlos Gil Ferreira, e a diretora Dra. Clarissa Baldotto. 

Na sessão, Dr. Romualdo Barroso de Sousa, membro do Comitê de Pesquisa Clínica da SBOC, deu aula sobre a epidemiologia do câncer no Brasil, mostrando dados e pesquisas que evidenciam como os determinantes sociais (classe, raça, gênero etc.) influenciam no diagnóstico e no tratamento do câncer. 

Já a ex-presidente da SBOC Dra. Clarissa Mathias focou em conscientização e em prevenção de diferentes tumores. Como exemplo de iniciativa bem-sucedida, a oncologista clínica trouxe à tona o projeto Propulmão, uma caravana de rastreamento em pacientes de risco de câncer de pulmão na Bahia. “É um veículo que percorre vários locais, com um tomógrafo dentro, recrutando pacientes com o suporte de prefeituras. É importante termos ações que desdobrem na prática ações como o Novembro Azul e o Outubro Rosa”, reforçou.

Outras atividades

Além da cerimônia de entrega dos Prêmios SBOC, receberam atenção diversas mesas ao longo do dia. A sessão de “Big data em oncologia e jornada digital”, organizada pelo representante regional da SBOC no Sudeste Dr. Pedro Henrique de Araújo de Souza chamou atenção ao organizar um itinerário que passou por ecossistemas de inovação em saúde, inteligência artificial e a sua aplicação durante e depois da jornada do paciente e as tomadas de decisão para investir em tecnologia na saúde e incorporá-las à oncologia. 

Mais cedo, no estande da SBOC, também aconteceu o lançamento do guia “Recomendações de Atividade Física Durante e Após Tratamento Oncológico”, produzido por especialistas das Sociedades Brasileiras de Oncologia Clínica e de Atividade Física e Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O documento reúne recomendações de atividade física durante e após o tratamento oncológico, assim como evidências científicas dos efeitos da prática nas principais condições de saúde associadas ao câncer. 

Ao longo do dia, as mesas abordaram, ainda, temas como tumores ginecológicos, neuroendócrinos, geniturinários, pulmonares, gastrointestinais, sarcomas, entre outros. O XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica acaba no sábado, 18 de novembro.