Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

Notícias

Notícias

O que o Hospital de Amor, antigo Barretos, vem fazendo na região norte

O que o Hospital de Amor, antigo Barretos, vem fazendo na região norte

Diminuir as distâncias entre regiões no tratamento oncológico brasileiro pode parecer uma tarefa possível apenas com forte investimento do poder público, mas o Hospital de Amor, novo nome do Hospital de Câncer de Barretos, vem mostrando que não é. Pelo contrário. O presidente Henrique Prata se orgulha das realizações com independência financeira e administrativa do governo. E não são poucas. A última delas foi a inauguração, há alguns meses, do Hospital de Amor da Amazônia, em Porto Velho (RO). O custo de R$ 50 milhões da obra e de R$ 10 milhões dos equipamentos foi arcado pelos cidadãos rondonienses. A maioria da arrecadação ocorreu em leilões. O feito aumenta a fama de Prata que, há 25 anos, cobre o déficit de recursos do Sistema Único de Saúde com doações de cantores, apresentadores de TV, agropecuaristas e anônimos. E não para de expandir o raio de atuação da instituição com 100% de atendimentos gratuitos.

A presença do Hospital de Amor em Porto Velho começou há seis anos, quando constatou-se que quase todos os pacientes com câncer de Rondônia, ou 12 mil pessoas/ano, percorriam 3 mil quilômetros para tratar-se em Barretos, no interior de São Paulo. Surgiu a ideia de construir, então, um hospital na capital e, segundo Prata, os empresários e a população abraçaram a ideia. O atendimento foi iniciado de forma provisória no Hospital de Base (HB) e logo atingiu 500 pessoas ao dia e depois 800. A obra de construção da nova unidade começou em 2015. O oncologista clínico Marcelo Souza Drude foi para lá já em 2012. “Eu tinha acabado de concluir a residência e fiquei sabendo da vaga. Procurei o Henrique e, em 20 minutos de conversa, combinamos um período de um ano em Porto Velho”, conta o médico. “Eu e um outro colega fomos na coragem; abraçamos a ideia do Henrique e partimos.”

Chegando lá, a precariedade da saúde no Estado chocava. “Atendíamos pacientes com biópsias feitas havia 90 dias e sem nenhum tratamento iniciado; a maioria com câncer de mama estágios III e IV”, narra. “Tínhamos um espaço de 1.200 m2 para todas as etapas do atendimento; matávamos um leão por dia”, reforça. O desafio de modificar aquela realidade, participar da construção de uma estrutura inédita e também o retorno dos pacientes, porém, o estimularam tanto que ele ficou durante cinco anos. Acabou de voltar, por motivos familiares – sua cidade natal é Pitangueiras, a 80 quilômetros de Barretos – e para ter mais acesso a eventos de atualização e desenvolvimento da carreira acadêmica.

Hospital de Amor Amazônia Quimio site

Experiência única

“Como experiência de vida, foi incrível. Recomendo muito. Um crescimento humano impagável”, enfatiza. De acordo com o médico, os pacientes atendidos lá vêm de todo o Estado de Rondônia, além de Amapá, Roraima, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Acre e até bolivianos. “O povo da região norte é extretamente grato; tem uma relação de respeito muito especial com os profissionais de saúde”, destaca Drude. Em vários momentos da entrevista, ele cita como é singular atender os indígenas, por exemplo, entender quais são as tribos, aprender os dialetos, os costumes e poder orientá-los. “É outro Brasil.”

O especialista conta que, atualmente, a estrutura do Hospital de Amor em Porto Velho é bem maior e melhor. Há serviço móvel de prevenção, os recursos diagnósticos são mais ágeis, foram abertas duas vagas de residência médica em Oncologia Clínica, duas em Cirurgia Oncológica e uma em Patologia, existe banco de tumores e haverá um centro de pesquisa. “No começo, havia dificuldade de encontrar médicos que aceitassem ir pra lá. Hoje já há vários e estão gostando muito”, comemora. “Fomos ajeitando tudo, segurando as pontas para o hospital crescer e agora vemos o resultado.” A inauguração da ala de internação do Hospital de Amor da Amazônia está prevista para julho. A área total é dez vezes maior que a do atendimento no HB. Quando estiver com 100% de sua capacidade, a estimativa é de que a unidade atenda 9 mil pacientes por mês.

Além de Barretos e Porto Velho, a unidade de Jales (SP) é outra a oferecer tratamento de pacientes com câncer. Os institutos da prevenção, mantidos pelo mesmo grupo, a Fundação Pio XII, ficam em Barretos (SP), Fernandópolis (SP), Porto Velho (RO), Ji-Paraná (RO), Campo Grande (MS), Nova Andradina (MS), Juazeiro (BA), Lagarto (SE) e Campinas (SP). Novos centros de prevenção devem ser abertos em Macapá (AP), Rio Branco (AC) e em Mato Grosso. Será construído também um novo hospital em Palmas (TO).