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Oncologista recebe Prêmio Maria Felipa 2020 por luta contra o racismo

Oncologista recebe Prêmio Maria Felipa 2020 por luta contra o racismo

Certa vez, conta a oncologista baiana Dra. Ana Amélia Almeida Viana, a filha de uma paciente passou a consulta inteira da mãe olhando fixamente para a médica e, ao final, perguntou: doutora, como foi que você conseguiu. As duas têm em comum a pele preta e algumas histórias de enfrentamento do racismo.

Dra. Ana Amélia se graduou em Medicina em 2002, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), e fez residência em Cancerologia Clínica pelo Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (IAMSPE), entre 2006 e 2008. De lá para cá, construiu sua carreira no cuidado a mulheres com tumores da mama e ginecológicos. Ela conseguiu, mas muito mais do que o êxito profissional. Tornou-se médica, oncologista e, com o passar dos anos de trabalho e luta, uma referência na defesa da igualdade social e de direitos, o que acaba de lhe render o Prêmio Maria Felipa 2020, entregue pela Câmara dos Vereadores de Salvador.

Instituída há mais de dez anos, a honraria é concedida a mulheres pretas cuja atuação contribuiu na luta contra o racismo – a exemplo daquela que dá nome ao prêmio, uma das heroínas da Independência do Brasil na Bahia.

“Tivemos uma boa conversa sobre educação e representatividade ao final daquela consulta”, conta Dra. Ana Amélia sobre a filha preta de sua paciente. E essa tem sido sua luta contra a discriminação, acredita. Filha de um professor da UFBA graduado em Odontologia – o único com curso superior entre seus irmãos -, ela diz que aprendeu com o pai “que poderia estar em qualquer lugar, ser o que quisesse, existir de forma própria e segura”. “Algo tão simples e que deveria estar ao alcance de qualquer ser humano, mas infelizmente ainda precisamos lutar.

Mas, ainda que estivesse consciente dos seus potenciais, os desafios foram muitos. “É comum precisar lidar com pacientes e colegas que não percebem ou entendem que sou a médica responsável pela condução do atendimento, ou mesmo que olham com estranheza para os meus cabelos crespos – assumidos há dez anos, após um colega dizer que minha aparência não era adequada”, conta.

Consciente da representatividade que desempenha como uma médica de pele preta e cabelos crespos, Dra. Ana Amélia Viana agradece pela premiação com esperança em um futuro diferente para a filha de sua paciente e tantas outras meninas. “Sou grata pela oportunidade de representar a comunidade crescente de profissionais de saúde pretos e pretas que vêm tão bravamente buscando espaço nos meios acadêmicos e assistenciais. Sei que falar em nome deles é tarefa de grande responsabilidade, mas também me enche de alegria.”

A entrega do Prêmio Maria Felipa 2020 será transmitida pela Internet amanhã, 25 de julho, às 16h, na página da Câmara dos Vereadores de Salvador no Facebook.