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Saúde sobre rodas: caminhões ajudam na prevenção do câncer

Saúde sobre rodas: caminhões ajudam na prevenção do câncer

Em janeiro, os caminhões do programa Cuide-se + Prevenção do Câncer completarão quatro anos de estrada no Paraná. Até o final de outubro, o número de pessoas atendidas era de 46,5 mil. A iniciativa do Sistema Fiep, por meio do Sesi PR, inclui exames de PSA (15,6 mil), avaliação de pele (29,2 mil), Papanicolaou (15,5 mil) e mamografia (9,3 mil). As ações ocorrem em indústrias, cooperativas rurais e espaços organizados por prefeituras e clubes; 948 instituições já participaram. De 2014 a 2016, 884 casos foram encaminhados como suspeitos para centros de referência,13 deles confirmados, todos em estágio inicial. As histórias são emocionantes. Assista a uma delas clicando aqui.

O Hospital Erasto Gaertner, centro de referência no tratamento de câncer no Estado, localizado na capital Curitiba, recebe a maior parte dos encaminhamentos para exames complementares e eventual confirmação do diagnóstico de câncer de próstata, de pele, de colo do útero ou de mama. Outros parceiros do Cuide-se + são o Hospital UOPECCAN, em Cascavel e Umuarama, regiões oeste e noroeste do Paraná, respectivamente, e o CEONC Hospital do Câncer, também em Cascavel.

O Cuide-se + começou com apenas um caminhão. Hoje, o programa, que só existe no Paraná, tem três caminhões rodando de segunda a sexta-feira. Cada equipe é composta por um motorista, duas enfermeiras e um técnico de radiologia, que têm o suporte dos médicos clínicos nas unidades do Sesi. Os laudos dos exames são feitos em laboratórios credenciados. O programa é custeado por recursos do chamado Sistema S (1,5% sobre a folha de pagamento dos trabalhadores da indústria) e por um valor pago a cada exame pela empresa ou instituição que agenda o serviço. A iniciativa não tem fins lucrativos e passa por quatro auditorias anuais.

A coordenadora do programa, Fabiana Tozo, conta que é frequente participarem mulheres de mais de 50 anos que nunca haviam feito um exame como esses (confira nesse vídeo). Os profissionais do Cuide-se + têm notado que, em boa parte das cidades, falta estrutura e incentivo para que os moradores sejam atendidos em outas localidades. “Muitas vezes, o mamógrafo mais próximo está a 120 km; as mulheres têm receio de faltar no trabalho para fazer exames em outra cidade”, relata Fabiana. “Em outros casos, o marido não deixa ela se consultar se o médico for homem”, exemplifica.

Mais que exames

De acordo com o diretor técnico do Hospital Erasto Gaertner, Dr. João Soares Nunes, esse tipo de ação itinerante para rastreamento oportunístico de câncer tem grande valor. As empresas ou instituições que recebem o caminhão desencadeiam uma campanha prévia, conscientizando aquele público sobre a importância da prevenção e criando um ambiente propício para que as pessoas participem, por meio do apoio mútuo entre colegas, amigos e familiares. “A mobilização em torno das carretas contagia as pessoas. Elas se sentem fortalecidas e menos tímidas. Quebra-se uma barreira cultural e cria-se um movimento muito importante em termos de prevenção”, avalia.

O oncologista clínico explica que, na comunidade científica, há críticos do rastreamento oportunístico em razão de estudos publicados nos quais esse tipo de ação não conseguiu atingir seu objetivo principal: reduzir a mortalidade por câncer. “Mas Barretos, por exemplo, onde já atuei, faz esse trabalho há décadas em seu entorno, num raio que abrange cerca de 600 mil habitantes, e os casos de câncer são estádio I na grande maioria, ao contrário do que acontece em outras cidades próximas, mas não assistidas pelas carretas, onde prevalecem os tumores avançados”, relata. O Dr. João Nunes faz uma comparação com o sistema de transporte: “Não dá para afirmar que o trem é mais importante que o ônibus; ambos têm o seu papel, assim como nas estratégias de rastreamento e prevenção”.

Além da realização dos exames, Fabiana Tozo informa que, no Cuide-se +, são fornecidas orientações de saúde, materiais explicativos e preservativos. “Quanto mais as pessoas falarem sobre câncer e aprenderem a se prevenir, mais casos avançados da doença serão evitados”, acredita. O programa tem despertado interesse. Algumas empresas já chamaram os caminhões pelo terceiro ano seguido. Segundo Fabiana, é uma forma de cuidar dos colaboradores quando não oferecem planos de saúde. Há ainda aquelas que ficam sabendo da ação do concorrente e também querem oferecer o serviço aos seus funcionários. “Outra situação comum é trabalhadores que participaram pela primeira vez cobrarem a empresa no próximo ano”, diz a coordenadora.