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SBOC REVIEW

Agente anti-EGFR/MET mais quimioterapia melhora SLP em CPNPC inserção do exon 20

Resumo do artigo:

As mutações no gene EGFR estão entre as alterações ativadores mais frequentes no câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC), sendo as inserções no exon 20 o terceiro tipo mais comum (12%). Devido à uma conformação alterada no sítio ativo da quinase, a ligação dos inibidores da tirosina quinase (TKI) fica limitada nas inserções no exon 20, e como consequência os TKIs aprovados são insensíveis neste grupo. Estes pacientes têm mau prognóstico e piores desfechos quando comparados à aqueles com mutações clássicas do EGFR. Assim, devido à falta de terapias direcionadas e nenhum benefício demonstrado de imunoterapia, o padrão de tratamento em pacientes com doença avançada e exon20ins acaba sendo quimioterapia baseada em platina. Amivantamabe é um anticorpo biespecífico com alta afinidade para os receptores do EGFR e do MET, e que possui múltiplos mecanismos de ação o que pode contornar a resistência do sítio do ligante.

Amivantamabe já é aprovado para o tratamento subsequente a partir dos dados do estudo de fase I CHRYSALIS.

Neste estudo de fase III, PAPILLON, pacientes com CPNPC avançado com inserções no exon 20 do EGFR e sem tratamento sistêmico prévio direcionado para exon20ins foram randomizados para receber amivantamabe intravenoso mais quimioterapia (QT) ou apenas quimioterapia baseada em platina. Os desfechos secundários eram resposta objetiva, sobrevida global, duração de resposta, tempo para a terapia subsequente, SLP após a primeira terapia subsequente (SLP2), SLP sintomática e segurança. Pacientes no grupo de QT isolada que tiveram progressão da doença foram autorizados a receber monoterapia com amivantamabe subsequente, já que a medicação está aprovada neste cenário.

Foram incluídos 308 pacientes, sendo 153 no braço amivantamabe + QT e 155 QT isolada. A SLP foi significativamente mais longa no grupo amivantamabe + QT do que no grupo QT, com medianas de 11,4 meses e 6,7 meses, respectivamente (HR 0,40; Intervalo de confiança [IC] de 95%, 0,30 a 0,53; p<0,001). A SLP em 18 meses foi de 31% (amivantamabe + QT) versus 3% (QT). Resposta objetiva (completa ou parcial) foi relatada em 73% no grupo de amivantamabe + QT e em 47% no QT (razão de taxa, 1,50; IC 95%, 1,32 a 1,68; p<0,001). O benefício de SLP com a adição do amivantamabe à QT foi consistente em todos os subgrupos de pacientes. A mediana de duração da resposta objetiva foi de 9,7 meses versus 4,4 meses, e o tempo médio até a resposta foi de 6,7 semanas versus 11,4 semanas, com o grupo de amivantamabe + QT e QT, respectivamente. Mediana da SLP2 foi não estimável versus 17,2 meses, respectivamente (HR 0,493; IC 95% 0,32 – 0,76; p=0,001). Na análise interina, a sobrevida global (SG), maturidade de 33%, mostrou uma tendência favorável aos tratados com amivantamabe + QT em comparação aqueles apenas com QT (HR 0,67; IC 95%, 0,42 a 1,09; p=0,11), com 72% e 54% vivos em dois anos, respectivamente.

Os eventos adversos (EA) mais comuns foram reversíveis, e os associados à amivantamabe mais QT foram hematológicos (neutropenia, anemia), hipoalbuminemia, edema periférico, gastrointestinais, paroníquia, erupção cutânea e reações relacionadas à infusão; 7% dos pacientes descontinuaram o amivantamabe devido à EA. A incidência de EA graves e mortes foi semelhante nos dois grupos.

 

Comentário do avaliador científico:

O estudo PAPILLON alcançou uma SLP significativamente maior e redução de 60% no risco de progressão com amivantamabe e QT em 1ª linha, resultado inédito nesta população. As curvas de SLP têm separação clara e precoce, indicando rápido controle da doença, com benefício profundo e respostas mais duradouras. O benefício foi visto em todos os subgrupos. Houve ainda maior taxa de resposta objetiva e tempo mais longo de duração da resposta do que QT isolada. É interessante que apesar da SG imatura, o risco de morte no grupo de QT isolada ainda persistiu sendo maior, apesar de 66% deste grupo ter recebido amivantamabe após progressão.

Apesar do amivantamabe ser um TKI biespecífico EGFR/MET, endovenoso e com perfil distinto de toxicidade, sua combinação com quimioterapia teve taxas de EAs semelhantes à QT isolada e descontinuação aceitável. As reações infusionais foram melhor manejáveis com preparo com corticoide.

Os dados do PAPILLON possibilitam uma nova perspectiva de tratamento em 1ª linha para estes pacientes com melhores desfechos e bom perfil de segurança. A publicação coincide com o anúncio de que o mobocertinibe, não demonstrou eficácia pós 1ª linha com QT no estudo EXCLAIM-2, e será retirado do mercado nos EUA.

 

Citação: Zhou C, Tang K-J, Cho BC, et al. Amivantamab plus Chemotherapy in NSCLC with EGFR Exon 20 Insertions. N Engl J Med. 2023 Oct 21. doi: 10.1056/NEJMoa2306441

 

Avaliador científico:

Dra. Gabriela Monte Tenorio Taveira

Fellowship em oncologia torácica pelo Instituto Oncoclínicas – RJ

Residência de Oncologia Clínica no Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP)

Oncologista Clínico – Santa Casa de Misericórdia de Maceió – AL