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SBOC REVIEW

ASCO GI 2018

Abstract 1- Basem Azab et al. The impact of the chemoradiation to surgery interval on pathological complete response: Short and long-term overall survival in esophageal cancer patients.). Abstr #2

Pacientes com câncer de esôfago, pós quimiorradioterapia (QRT) neoadjuvante seguida de cirurgia, listados no Registro Nacional de Câncer de 2004 a 2013, foram analisados em relação ao intervalo pós término de QRT e cirurgia (QRT-S). Os 5.181 pacientes foram divididos em cinco grupos (15-37, 38-45, 46-53, 54-64 e 65-90) de acordo com os dias até a cirurgia. Apesar do aumento em taxa de resposta patológica completa (pCR) ao longo dos quintis (18%, 21%, 24%, 25% e 29%, p < 0.001), houve maior mortalidade nos 90 dias pós cirurgia (5.7%, 6.2%, 6.8%, 8.5% e 8.2%, p = 0.02). A análise multivariada mostrou pior SG com aumento das semanas entre QRT-S, especialmente no último quintil (HR 1.2, 95% CI 1.04-1.32, p = 0.009).

Comentário: Este trabalho mostrou que, apesar do aumento em pCR, a taxa de mortalidade pós-operatória foi maior e SG foi pior com maior tempo QRT-S, sugerindo que devemos estar atentos ao plano inicial traçado para cada paciente e aqueles com perspectiva de cirurgia devem idealmente ser operados com menos de 65 dias pós-término da QRT.

Abstract 2 – Ghassan K. Abou-Alfa et al - Cabozantinib (C) versus placebo (P) in patients (pts) with advanced hepatocellular carcinoma (HCC) who have received prior sorafenib: Results from the randomized phase III CELESTIAL trial. Abstr #207

Estudo de fase III que randomizou 707 pacientes com HCC Child-pugh A previamente tratados para receberem cabozatinibe ou placebo (2:1). Deles, 38% tinham HBV e 24% HCV, 27% tinham recebido ao menos duas linhas de tratamento prévio. A mediana de SG no grupo cabozantinibe foi de 10,2 meses e 8,0 meses no grupo placebo (p=0.0049). A sobrevida livre de progressão (SLP) mediana nos dois grupos foi 5,2 meses versus 1,9 mês, respectivamente. A taxa de resposta no grupo cabozantinibe foi de 4%.

Comentário: Recentemente testemunhamos o surgimento de novas opções terapêuticas para os pacientes com HCC avançado tanto na primeira linha quanto nas subsequentes. O cabozantinibe parece ser mais uma droga ativa para esses pacientes, apesar de não ter sido comparada diretamente a regorafenibe ou imunoterapia.

Abstract 3 - Thierry Andre et al. Nivolumab + ipilimumab combination in patients with DNA mismatch repair-deficient/microsatellite instability-high (dMMR/MSI-H) metastatic colorectal cancer (mCRC): First report of the full cohort from CheckMate-142. Abst #553

Na coorte do estudo CheckMate-142 que avaliou 119 pacientes com câncer de cólon metastático dMMR/MSI-H tratados com nivolumabe (N) + ipilimumabe (IPI), a taxa de resposta foi de 55% com 80% de controle de doença. Após seguimento mediano de 13,4 meses, SG mediana ainda não foi atingida. Nesse grupo, 76% já haviam recebido ao menos duas linhas de tratamento prévio. As toxicidades G3-4 ocorreram em 32% dos pacientes.

Comentário: A imunoterapia está bem estabelecida para pacientes com dMMR/MSI-H. A taxa de resposta da combinação N+IPI foi superior a N monoterapia (34%) e pembrolizumabe (39,6%), no entanto precisamos avaliar se este aumento associado a maior toxicidade confere melhor beneficio clínico. Estudos fase III estão em andamento comparando imunoterapia com quimioterapia nesta população.

Abstract 4 – Kohei Shitara et al. REVERCE: Randomized phase II study of regorafenib followed by cetuximab versus the reverse sequence for metastatic colorectal cancer patients previously treated with fluoropyrimidine, oxaliplatin, and irinotecan. Abstr #557

Pacientes com câncer de cólon metastático KRAS exon 2 wt previamente tratados com 5FU, oxaliplatina e irinotecano e > 90% também com bevacizumabe foram randomizados nesse estudo de fase II para receber regofafenibe seguido de irinotecano com cetuximabe (R-C) ou a sequência reversa (C-R). Dos 101 pacientes, 86% receberam o tratamento conforme planejado. A SG mediana nos grupos R-C e C-R foi 17,4 e 11,6 meses, respectivamente. O HR para a SLP1 (R no R-C vs C no C-R) foi 0,97 (95% CI, 0.61–1.54) enquanto a SLP2 (C no C-R vs R no R-C) foi 0,29 (95% CI, 0.17–0.50). Após análise, os dados de All RAS/RAF na população wt, não houve diferença em relação à população total incluída.

Comentário: Esse trabalho sugere que esses dois esquemas de tratamento, que possuem toxicidades distintas e consideráveis, podem oferecer melhores resultados a depender da ordem em que são oferecidos. Esses resultados precisam ser confirmados em outros estudos, mas requerem atenção.

Abstract 5 – Wen-Sy Tsai et al. Prospective clinical study of circulating tumor cells for colorectal cancer screening. Abstr #556

Estudo clínico prospectivo em 620 pacientes (438 com adenoma, pólipos ou câncer colorretal (CRC) estadio I-IV CRC e 182 controles saudáveis). Para todos, foi coletada uma amostra de sangue para pesquisa de células tumorais circulantes (CTCS) com o teste CellMax. O status da doença foi avaliado pelo teste padrão atual – colonoscopia e biópsia. A acurácia do teste foi de 88% para todos os estágios de CRC incluindo lesões pré-malignas. Para os pacientes com câncer, a sensibilidade e especificidade foram 86,9 e 97,3, respectivamente.

Comentário: Esse é um trabalho pioneiro na área de rastreamento de câncer realizado com uma amostra de sangue. Apesar da colonoscopia ainda ser necessária para ressecção de lesões pré-malignas, a avaliação com amostra de sangue poderia auxiliar de forma essencial o planejamento da saúde pública, além de selecionar os pacientes que de fato devem ser submetidos a colonoscopia.

Dra. Maria Ignez Braghiroli
Médica oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e da Oncologia Rede D’Or
Membro do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais