SBOC REVIEW

A imunoterapia tem mudado o paradigma do tratamento do câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC). Um melhor entendimento da avaliação de resposta e do perfil de eventos adversos faz parte de um aprendizado necessário neste momento da imunoterapia.

Um grupo japonês decidiu investigar, em quatro instituições nacionais, se a presença de eventos adversos imuno-relacionados (EAIr) detectados na sexta semana de tratamento teria alguma relação com os desfechos de sobrevida livre de progressão e sobrevida global. O estudo analisou retrospectivamente 134 pacientes tratados em segunda linha com nivolumabe no período entre dezembro de 2015 e agosto de 2016. Análises multivariadas de acordo com sexo, idade, número de linhas prévias, status tabágico, status mutacional e acometimento cerebral também foram realizadas.

Dos 134 pacientes avaliados, 51% desenvolveram algum grau de EAIr na sexta semana. Nesses pacientes com EAIr confirmada, os resultados foram estatisticamente superiores: taxas de resposta (52,3% versus 27,9%), sobrevida livre de progressão (9,2 versus 4,8 meses) e sobrevida global (não atingido versus 11,1 meses). Em análises multivariadas, esses achados foram mantidos. Poucos eventos endócrino-relacionados foram reportados na sexta semana, já que esses têm surgimento mais tardio no curso do tratamento, e, portanto, análises específicas nesse subgrupo ficam prejudicadas.

Haratani e cols. JAMA Oncol. 2018;4(3):374-378

Comentários: Esse estudo sugere que o surgimento precoce de EAIr pode ser preditivo de melhores resultados, assim como observado em melanoma. Também sugere que o seu reconhecimento precoce é imperativo para um melhor manejo e, dessa forma, maximizar o efeito da droga a longo prazo. Vale ressaltar que essa é uma avaliação retrospectiva e com follow-up ainda curto para avaliação de sobrevida global.

Carlos Henrique A. Teixeira, MD.
Oncologista clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e CPO do grupo Oncoclínicas