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SBOC REVIEW

Atezolizumabe em combinação com bevacizumabe como tratamento de primeira linha para pacientes com câncer de pulmão não pequenas células metastático não escamoso com TMB-alto

Resumo do artigo:

As opções de tratamento de primeira linha para pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado ou metastático mudaram radicalmente com a incorporação da imunoterapia nos algoritmos de tratamento. Além disso, é sabido que a angiogênese causada por citocinas como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), pode impedir que as células imunes se infiltrem nos tumores de forma eficiente, favorecendo a resistência a medicações imunoterápicas. O uso de drogas antiangiogênicas pode reprogramar o microambiente tumoral, aumentando a eficácia da imunoterapia.

A busca por biomarcadores preditivos para seleção de pacientes, além de PD-L1, é um dos grandes desafios atuais da imuno-oncologia. A tumor mutation burden (TMB), surgiu recentemente como um biomarcador promissor. Sabemos que o PDL-1 e TMB são marcadores independentes quando falamos em CPNPC, e que pacientes com TMB-alto (≥10 mutações/Mb em amostras de tecido ou ≥16 mutações/Mb em amostras de sangue) têm maior probabilidade de apresentar melhor resposta objetiva, duração de resposta e sobrevida livre de progressão, sendo um marcador prognóstico.

O estudo TELMA é um estudo de fase 2 não randomizado de braço único que avaliou a eficácia de atezolizumabe em combinação com bevacizumabe como tratamento de primeira linha para pacientes com CPNPC não escamoso estágios IIIB e IV, com TMB-alto (≥10 mut/Mb ou ≥16 mut/Mb em amostras de tecido ou sangue, respectivamente) e sem alterações de EGFR ou ALK. O desfecho primário foi a taxa de sobrevida livre de progressão (SLP) em 12 meses, que foi de 51,3% (IC 95% 34,2%-66%). A taxa de sobrevida global (SG) em 12 meses foi de 72% (IC 95% 54,1%-83,9%). A SLP mediana foi de 13,0 meses (IC 95% 7,9-18,0 meses), e a SG mediana não foi atingida. Dos 38 pacientes incluídos no estudo, 16 (42,1%) atingiram uma resposta objetiva. O tempo médio para resposta foi de 2,8 meses (IQR, 2,8-3,5 meses), com uma duração média de resposta de 11,7 meses (3,5-22,4 meses). Das 16 respostas, 8 (50,0%) ainda estavam em andamento. A maioria dos eventos adversos foi de grau 1 ou 2. Os eventos adversos mais comuns foram fadiga (6 [15,8%]), prurido (6 [15,8%]), hipertensão (10 [26,3%]) e proteinúria (4 [10,5%]). Os níveis de PD-L1 não foram associados à resposta, sobrevida livre de progressão ou sobrevida global.

 

 

Provencio M, Ortega AL, Coves-Sarto J, et al. Atezolizumab Plus Bevacizumab as First-line Treatment for Patients With Metastatic Nonsquamous Non–Small Cell Lung Cancer With High Tumor Mutation Burden: A Nonrandomized Controlled Trial. JAMA Oncol. Published online December 15, 2022. doi:10.1001/jamaoncol.2022.5959.
Atezolizumabe em combinação com bevacizumabe como tratamento de primeira linha para pacientes com câncer de pulmão não pequenas células metastático não escamoso com TMB-alto.

 

Comentário do avaliador científico:

O atezolizumabe é aprovado em primeira linha em CPNPC, tanto em monoterapia em tumores que apresentam alta expressão de PD-L1 e sem mutações de EGFR ou translocação de ALK (IMpower110), como em associação com bevacizumabe, carboplatina e paclitaxel independente da expressão de PD-L1 (IMpower150). Além disso, sabemos que existe um racional biológico na combinação de atezolizumabe com bevacizumabe (já explicados no resumo do estudo) e também da importância de termos outros marcadores além do PD-L1, justificando a relevância do estudo avaliado.

O estudo TELMA, apesar de não mudar a nossa conduta atual, apresentou dados promissores de sobrevida livre de progressão, duração de resposta e perfil de segurança, gerando uma hipótese que precisa ser confirmada com o desenvolvimento de um ensaio clínico randomizado fase 3 com a combinação destas drogas. Como recentemente tivemos dados animadores de neoadjuvância, além dos dados já conhecidos de tratamento definitivo para o câncer de pulmão localizado, acredito que essa estratégia deverá ser reservada para pacientes em EC IV (lembrando que o estudo incluiu também 3 pacientes com EC IIIB).

 

Avaliador científico:

Dr. Otávio de Carvalho Modaffar Al-Alam
Residência Médica em Oncologia Clínica pela ISCMPA/UFCSPA
Oncologista clínico do Hospital Moinhos de Vento e Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
Preceptor da residência de Oncologia Clínica do Hospital Moinhos de Vento