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SBOC REVIEW

Avaliação de risco interdisciplinar e atraso da quimioterapia

Resumo do artigo:

Em 2015, implantamos uma equipe interdisciplinar de câncer de mama com o objetivo de identificar fatores de risco para atraso na quimioterapia. A avaliação de casos individuais e planos de cuidados foram feitos por um grupo formado por um médico oncologista, um farmacologista clínico, um psicólogo, um nutricionista e um enfermeiro oncológico. De julho de 2018 a julho de 2019, foram avaliadas prospectivamente pacientes com câncer de mama em quimioterapia neoadjuvante ou adjuvante. Os critérios de risco clinico eram idade, uso de antracíclicos, presença de sintomas de grau> 3, questionário ASGPPP para risco nutricional, risco psicológico para problemas preexistentes ou induzido pelo tratamento e questionário IRPO para triagem, avaliação de enfermagem para questões de comunicação, organização e compreensão, além de avaliação farmacológica de polifarmácia e o desconhecimento de medicamentos de uso rotineiro.


Das 81 pacientes avaliadas e com tratamento finalizado, 55 (67,9%) receberam quimioterapia adjuvante. A mediana de idade foi de 57,9 anos (variação: 29-90,6 anos). Definimos como fatores de risco para o atraso no tratamento quimioterápico: quimioterapia baseada em antraciclina (9,34 vs 2,58 dias, p: 0,002), risco psicológico (ambos os riscos combinados) (8,1 vs 4,7 dias, p: 0,047), comunicação, organização e compreensão (15,25 vs 5,83 dias, p: 0,004) e desconhecimento de medicamentos de uso rotineiro (11 vs 5,34 dias, p: 0,012). Pacientes que necessitaram de consulta nutricional e psicológica extra tiveram maior atraso na quimioterapia (Nutricionista: 9.636 vs 4,7 dias, p: 0,01; Psicóloga: 9,1 vs 4,2 dias p: 0,008).


Assim, concluímos que o esquema quimioterápico, o risco psicológico, a dificuldade de compreensão e organização e o desconhecimento dos medicamentos utilizados rotineiramente são fatores de alto risco para atraso no tratamento quimioterápico. Devemos ser mais cuidadosos com estes pacientes.

 

Interdisciplinary risk assessment and delay of chemotherapy. Souza J, J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr e14033).  DOI: 10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.e14033
Avaliação de risco interdisciplinar e atraso da quimioterapia.

 

Comentário da autora:
O atraso no tratamento quimioterápico, tanto na adjuvância como na neoadjuvância, pode impactar nos desfechos propostos. Por isso é de grande importância a identificação de fatores que aumentem o risco desse atraso. 
Através de reuniões interdisciplinares e discussão clínica de cada paciente, pudemos identificar alguns fatores que poderiam aumentar o risco de atraso no tratamento. Desde 2018, a cada discussão de caso, classificamos os pacientes frente aos critérios estipulados para melhor identificação de pacientes que devemos ficar mais atentos. Com os dados coletados desde então, percebemos que o esquema quimioterápico, o risco psicológico, a dificuldade de compreensão e organização e o desconhecimento dos medicamentos utilizados rotineiramente foram os que mais estavam relacionados ao atraso no tratamento.

Autora:
Dra. Juliana Ominelli
Especializou-se em Oncologia Clínica no Instituto Nacional do Câncer (INCA). Atualmente é médica oncologista da ONCOCLINICA e da área de Pesquisa Clínica do INCA.