SBOC REVIEW
Carga mutacional tumoral em amostra sanguínea como biomarcador para pacientes com câncer de pulmão em uso de atezolizumabe
Trata-se de um estudo com objetivo de testar e validar a carga mutacional tumoral avaliada em amostra plasmática como biomarcador preditor de benefício com uso de atezolizumabe. Foi feita uma análise retrospectiva na população do POPLAR e OAK, dois grandes estudos prospectivos randomizados que avaliaram o uso de atezolizumabe versus docetaxel em pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC) após falha de quimioterapia baseada em platina.
Utilizando a mesma metodologia de captura híbrida do FoundationOne, foram realizados os sequenciamentos e determinadas as cargas mutacionais de amostras teciduais (tTMB) e sanguíneas (bTMB). Os resultados obtidos com bTMB se correlacionaram de forma significativamente positiva com aqueles do tTMB. Um ensaio preliminar determinou três pontos de corte para bTMB: ≥ 10; ≥ 16 e ≥ 20. Estes foram testados na população do POPLAR e, baseada na performance do ≥ 16, este foi escolhido para a validação na população do OAK. A prevalência de bTMB ≥ 16 no OAK foi de 27%. Neste grupo, foi observado benefício em sobrevida livre de progressão (SLP) com HR 0,65 (95%CI: 0,47-0,92 p=0,013) do atezolizumab sobre docetaxel, enquanto naqueles com bTMB < 16 não houve tal benefício. O bTMB não se mostrou relacionado à expressão de PD-L1.
Gandara, DR e cols. Nat Med. 2018 Aug 6. PMID: 30082870
Comentários: É o primeiro estudo a mostrar que a medida do bTMB é factível e, ao usar um ponto de corte de ≥ 16, é possível identificar, de forma reprodutível, pacientes que tenham benefício em SLP com uso de atezolizumbe. O teste também poderá ajudar a reduzir problemas advindos da heterogeneidade tumoral e da escassez de amostra tecidual.
Dr. Iuri A Santana
Oncologista clínico pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo
Membro do grupo de Oncologia Torácica da Clínica AMO – Salvador BA
